E a Universal tenta mais uma vez trazer seus monstros clássicos de volta. Foram um sucesso gigantesco nas décadas de 1930-40 e tiveram uma revitalização pelos estúdios Hammer nos anos 1960-70. A tentativa de fazer filmes mais sérios e supostamente mais fieis a suas origens literárias na década de 1990, com DRÁCULA DE BRAM STOKER, de Francis Ford Coppola, e FRANKENSTEIN DE MARY SHELLEY, de Kenneth Branagh, foram da rival Columbia e o segundo filme acabou não agradando muito. Por isso, este novo A MÚMIA (2017), estranhamente estrelado por Tom Cruise, tem mais em comum mesmo com outra produção da Universal: justamente a aventura bem-humorada A MÚMIA (1999), de Stephen Sommers.
Daí vem a justificativa de ter um ator de filmes de ação como Tom Cruise encabeçando o elenco desta superprodução com sabor de filme B. Ou seja, encarando o filme como mera diversão escapista e nada mais, é possível gostar um pouco de A MÚMIA, de Alex Kurtzman, que brinca, inclusive, com a inclusão de outro monstro clássico na trama, ainda que isso conte mais pontos negativos do que positivos à produção.
O curioso é essa necessidade de encher o filme de efeitos especiais e de gente correndo o tempo todo. Isso acaba tornando, paradoxalmente, o filme com visual falso e andamento por vezes maçante. E pensar que é bom o A MÚMIA (1932), o original de Karl Freund, que não precisava disso. De todo modo, não devemos nos prender a propostas antigas, mas às novas, aceitando o novo filme como ele é, ou seja, uma brincadeira inofensiva com os gêneros terror, aventura e comédia e que contam com um ator que, apesar de estar em baixa, ainda é considerado do primeiro time de Hollywood. Sem falar na participação de Russell Crowe em um papel que deve render novas aventuras futuras, caso ele tenha se comprometido com o personagem em contrato.
Há pelo menos uma cena digna de nota em A MÚMIA: depois que os personagens de Tom Cruise, Jake Johnson e Annabelle Wallis (do horror ANNABELLE) conseguem descobrir um sarcófago egípcio em pleno Iraque, o plano deles é levá-lo para investigação. Acontece que a múmia que ficou presa por milhares de anos agora tem o poder de fazer um avião cair e trazê-los até onde estão outros objetos necessários para a finalização da maldição da múmia (Sofia Boutella). E a tal cena do avião é quase tão empolgante quanto as ótimas cenas de avião de filmes dos anos 1930. Pelo menos para alguma coisa o orçamento milionário serviu, além de pagar o salário de Cruise e de apostar em efeitos visuais genéricos.
Aliás, vale destacar que A MÚMIA, ao contrário de quase todas os filmes recentes protagonizados por Cruise, não foi produzido por ele. O astro foi convidado a interpretar o tipo que ele já está acostumado a fazer em seus filmes de aventura e ação e não um personagem mais desafiador, como o vampiro Lestat, no hoje cultuado drama de horror ENTREVISTA COM O VAMPIRO, de Neil Jordan.
De todo modo, mesmo com a recepção crítica ruim de A MÚMIA, já estão engatilhados pela Universal novos filmes com outros personagens clássicos do meio, como o Lobisomem, o Médico e o Monstro, Van Helsing, Frankenstein, o Homem Invisível etc. Se a moda agora é trabalhar com universos compartilhados, que o digam os sucessos da Marvel, da DC e até de Star Wars, então, o tal Dark Universe pode ser uma nova galinha dos ovos de ouro nascendo.
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