quinta-feira, abril 11, 2013
MAMA
Guillermo del Toro deveria receber uma medalha por ótimos serviços prestados ao cinema de horror e também por ter um bom olho para cineastas sem muita experiência e sem ainda um longa-metragem no currículo, como aconteceu antes com Juan Antonio Bayona, de O ORFANATO (2007), e Troy Nixey, de NÃO TENHA MEDO DO ESCURO (2010). Ambos os filmes lidam com o universo infantil e embora del Toro não esteja na função de diretor, esse é um universo que lhe é particularmente caro, vide fortes trabalhos seus como A ESPINHA DO DIABO (2001) e O LABIRINTO DO FAUNO (2006).
E é seguindo esta linha que o diretor/produtor deu de cara com um curta-metragem de pouco mais de três minutos, mas que é impressionante na forma eficaz como constrói o horror. Trata-se de MAMÁ (2008), de Andy Muschietti. Seu curta de horror serviu não só como cartão de visita, mas como base para um longa-metragem que amplia o medo que o curta traz e acrescenta um elemento muito comum ao sangue latino: o sentimentalismo exacerbado.
Um diretor anglo-saxão, por exemplo, não teria conferido a MAMA (2013) tal grau de dramaticidade, principalmente em seu emocionante final. Assim, o longa de estreia de Muschietti (espero ouvir muitas vezes seu nome) vai além do jogo de sustos tão comum em filmes do gênero. Ao contrário, embora haja alguns poucos momentos de sustos e arrepio, há todo um cuidado para não banalizar a figura da Mama.
Na trama, duas garotinhas, uma de cinco anos e outra de um ano de idade, são levadas por seu pai para uma floresta. O pai está fugindo de alguém. Acabou de matar pessoas, inclusive a mãe das meninas. O prólogo mostra o seu destino nas mãos da Mama, um ser sobrenatural dono de uma cabana no meio da floresta. Anos depois, as crianças são encontradas e são levadas para serem cuidadas pelo tio, vivido por Nikolaj Coster-Waldau (o regicida Jaime Lanister, conhecido de quem acompanha a série GAME OF THRONES). Ele é casado com uma cantora de uma banda punk, vivida por Jessica Chastain.
A figura de Chastain será fundamental para a trama, para o sentimento das crianças em relação a ela e também para o sentimento da Mama em relação a ela. Sim, Mama, embora invisível e ainda um mistério para o psicólogo que tenta entender as meninas, foi para a casa junto com as crianças. A mais nova, inclusive, tem um carinho muito especial por ela, enquanto a mais velha, que já teve mais contato com seres humanos normais em sua existência, fica dividida e temerosa.
Embora o roteiro pareça ser um tanto comum, trazendo alguns clichês, eles parecem inevitáveis. E fazem parte da gostosura que é ver o filme. Há, nos bons filmes de horror, essa sensação de familiaridade que remete a uma gostosa noite de tempestade com trovoadas, debaixo de lençóis. O grande diferencial de MAMA é que o filme não tem medo de explicitar a até então escondida personagem em seus momentos finais, quando ela se torna um efeito de animação em CGI, porém com uma dramaticidade no olhar que é como se ganhasse de fato vida.
O ápice, no precipício, é o grande momento em que MAMA passa de filme de horror para um filme sobre o amor materno. Um amor muito estranho, é verdade, mas aí é que está a beleza goticamente romântica que o trabalho de Muschietti faz questão de enfatizar.
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