quinta-feira, março 24, 2011
ROBOCOP - O POLICIAL DO FUTURO (Robocop)
Depois do espetacular CONQUISTA SANGRENTA (1985), uma coprodução EUA/Espanha/Holanda, ROBOCOP - O POLICIAL DO FUTURO (1987) foi de fato a estreia de Paul Verhoeven em Hollywood. E foi uma obra de impacto em sua época, mas revendo hoje, impressionei-me com o quanto o filme envelheceu mal. Talvez eu até o considere o pior da carreira de Verhoeven, um dos cineastas favoritos da casa. O principal problema do filme está no próprio Robocop, que visto hoje parece uma piada requentada, de tão ridículo que é com seus movimentos e sua interpretação. Se bem que a culpa talvez nem seja de Peter Weller, que quando bem dirigido é um ótimo ator.
O fato de colocarem Verhoeven - famoso por sexo, violência e escatologia em seus filmes holandeses - para dirigir um blockbuster hollywoodiano foi um ato corajoso da parte dos produtores. Ainda que algumas cenas tenham sido cortadas da edição final por causa da violência gráfica, do jeito que ficou, ROBOCOP ficou suficientemente violento para a sua audiência, que pelo seu jeitão infantilóide deve ser mais adolescentes e crianças. Claro que o filme foi pensado para um público mais amplo, mas não é assim que ROBOCOP hoje em dia parece ter sido feito.
Rever o filme foi decepcionante, mas também foi bom para ver uma prévia do que Verhoeven faria na obra-prima TROPAS ESTELARES (1997), feito dez anos depois. Com a vantagem de que o filme dos insetos gigantes é muito mais violento e assustador, os efeitos especiais continuam impressionantes e a utilização de propagandas e telejornais muito mais inteligentes. Vai ver devemos a ROBOCOP a existência de TROPAS ESTELARES. Claro que comparar uma tecnologia de dez anos de diferença pode até ser covardia, mas filmes mais antigos que ROBOCOP conseguem ser muito mais convincentes do que o robozão feito em stop motion na sequência de luta com o Robocop.
Os extras do dvd não vêm com legendas, mas dá para assistir tranquilamente. Na verdade, eles não acrescentam muito e o melhor deles é o documentário de pouco mais de meia-hora sobre o making of do filme. Os outros minidocumentários também destacam mais seus aspectos técnicos. Tive preguiça de ouvir o áudio de comentário (sem legenda) de Paul Verhoeven, o que talvez seja até mais interessante do que esses extras. Talvez o cineasta faça alguma autocrítica de seu trabalho.
Boa sorte para José Padilha, que aceitou o abacaxi da refilmagem de ROBOCOP, mas tenho quase certeza de que vai ficar bem melhor do que o do Verhoeven, que apesar de fazer uma espécie de crítica à sociedade americana, com seu fetiche por armas de fogo, não consegue ir mais fundo na questão. No documentário, ele diz que sua intenção não é exatamente criticar, mas simplesmente mostrar uma visão de um estrangeiro da cultura americana.
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