segunda-feira, agosto 17, 2009
ARRASTE-ME PARA O INFERNO (Drag me to Hell)
E o retorno de Sam Raimi ao gênero que o consagrou, depois de vários anos dedicados ao Homem-Aranha, saiu melhor do que a encomenda. ARRASTE-ME PARA O INFERNO (2009) é provavemente o filme mais delicioso do ano. Raimi recicla os clichês do gênero com uma habilidade de dar gosto. Não faltam criatividade nem respeito aos filmes de horror do passado. Já se nota isso a partir do logotipo antigo da Universal que abre o filme. Em seguida, vemos um prólogo em preto e branco falado em espanhol que remete a alguns filmes de horror produzidos no México ou na Espanha. A rapidez da narrativa, por sua vez, nos leva aos bons tempos da trilogia EVIL DEAD (1981, 1987, 1992). Inclusive, além dos empolgantes movimentos de câmera que lembram a trilogia clássica, há um lenço que homenageia um certo livro dos mortos. A impressão que fica é a de que, por mais que os filmes do Aranha estejam entre os melhores filmes de super-heróis já produzidos, Raimi estaria privando os fãs do gênero horror do que ele sabe fazer melhor.
Não há nenhum momento de ARRASTE-ME PARA O INFERNO em que o espectador fique entediado. Pelo contrário, o filme é desses de deixar a gente com um sorriso de orelha a orelha a cada sequência. Tanto nos momentos mais assustadores como nos momentos em que Raimi despeja o seu habitual humor. Não faltam cenas bem nojentas envolvendo fluidos que escorrem da boca da velha cigana, a responsável por transformar a vida de uma jovem gerente de crédito num verdadeiro inferno. Aliás, a cigana faz lembrar Bela Lugosi no clássico O LOBISOMEM.
Tudo começa quando Christine (Alison Lohman) nega a extensão do financiamento da casa própria a uma velha cigana. Depois de algumas cenas envolvendo uma dentadura asquerosa - que se torna ainda mais nojenta graças ao excelente trabalho de sonoplastia do filme -, a velha tem o seu pedido negado. Sentindo-se humilhada, ela amaldiçoa a moça, que passa a ser perseguida por um espírito maligno chamado Lâmia. Seu namorado, interpretado por Justin Long, mesmo quando não acredita que a jovem está sofrendo um ataque de natureza sobrenatural, mostra-se sempre atencioso.
Cenas memoráveis não faltam, como a da sombra do espírito maligno se aproximando pela porta; ou a tentativa de Christine de se livrar do mal através do sacrifício de um animal; ou a famosa cena do bode, que pode deixar muito gente sem senso de humor desgostando do filme. O fato de Christine ser mais humana, isto é, não ser nenhuma santa, é mais um acerto do filme. Bem como os momentos onde os clichês do gênero aparecem ainda mais explícitos, como a sequência no cemitério, numa noite de tempestade. Mas tudo isso faz parte do plano de Raimi de dar ao público uma diversão da melhor qualidade, sem se preocupar em ser sutil, para que os fãs do bom cinema de horror possam finalmente respirar aliviados.
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