terça-feira, março 24, 2009
ALMA PERDIDA (The Unborn)
Saí de casa no domingo para ver PAGANDO BEM, QUE MAL TEM?, do Kevin Smith. Comprei o ingresso e saí para andar um pouco pelo shopping e comer alguma coisa (ainda não tinha almoçado) até chegar a hora de ver o filme. Só que instintivamente conferi o ingresso e vi que o filme era dublado! Nem pensei duas vezes e fui logo reclamar. Como pode um filme com censura 16 anos dublado? Para filmes infantis ou juvenis, tudo bem, mas para um filme que tem até cenas de sexo, eu não vejo porque haveria essa necessidade comercial. Fiquei indignado e pedi para trocar o ingresso por outro filme na hora. A moça da bilheteria pareceu não se importar muito com minha reclamação, embora não tenha feito nenhuma restrição ao meu pedido.
Até já tinha desistido de ver este ALMA PERDIDA (2009), por causa das inúmeras críticas negativas e de minha experiência não muito agradável com outro exemplar do gênero, DIA DOS NAMORADOS MACABRO. Mas como cada filme é um filme, a gente acaba se surpreendendo. Não que ALMA PERDIDA seja um grande filme. Longe disso. Mas é um trabalho que vai se revelando mais interessante à medida que a trama se desenrola. No começo, confesso que até estava com um pouco de má vontade. Principalmente por causa dos clichês óbvios. Na cena de abertura, temos uma atmosfera de sonho na qual a protagonista, praticando jogging, encontra uma luva vermelha no chão e depois vê um garoto com aspecto cadavérico, que pareceria saído de um horror japonês se não tivesse cara de ocidental. Depois, ela encontra um feto no chão da floresta. A cena mostra um close do rosto do feto e qualquer espectador com o mínimo de vivência com filmes de horror já vai adivinhar o que acontece logo em seguida. Isso mesmo: o feto abre o olho e o som do cinema aumenta o volume. Foi um clichê tão besta e previsível que eu até imaginei que aquela não seria uma sessão lá muito agradável. Até porque eu tive de mudar de lugar pois um grupinho que estava atrás de mim não parava de conversar. E pior: um deles dizia: "puxa, que pena que esse filme não é dublado". E depois que eu troco de lugar, um sujeito sentado na fileira de trás coloca os pés na cadeira, perto da minha cabeça. Eu tive de olhar para trás, com ar de desaprovação, para ele retirar os pés.
Por incrível que pareça, e mesmo eu estando um tanto ranzinza e anti-social, fui começando a gostar do filme. Horror é um gênero ingrato mesmo e muito difícil fugir dos clichês. Em geral, o que se pode fazer é utilizá-los com eficácia e inteligência. A probabilidade, por exemplo, de algo assustador aparecer num espelho em filme de terror é muito grande. E o filme apresenta muitas cenas de espelho. E como eu tenho certo fascínio pelo mistério envolvendo espelhos, até entrei na onda do filme. Outro ponto positivo é a presença da bela protagonista, interpretada pela americana descendente de latinos Odette Yustman, que havia aparecido em CLOVERFIELD antes, num papel menor. Em ALMA PERDIDA, ela tem a chance de mostrar melhor o seu carisma.
O filme vai ganhando força com o descortinar da trama, que envolve experiências do médico nazista Josef Mengele, um espírito do mal que perturba gerações de uma mesma família, superstições intrigantes e até um ritual de exorcismo ligado à Cabala. A cena de exorcismo, aliás, é uma das melhores do filme. A expectativa em torno do que vai acontecer cria um bom clima de suspense. Gary Oldman, o único nome conhecido do elenco, interpreta o rabino que irá presidir o procedimento.
O que eu tenho notado é que Michael Bay, quando produtor de filmes de terror, geralmente se sai muito bem. Suas produções para o gênero em geral têm um tratamento especial, seja na inclusão de beldades-revelações, seja num maior capricho no desenvolvimento da trama, embora se possa reclamar da falta de uma maior originalidade, já que ele tem se especializado em produzir remakes. No currículo: O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (2003), HORROR EM AMITYVILLE (2005), A MORTE PEDE CARONA (2007), SEXTA-FEIRA 13 (2009) e vem aí a refilmagem de A HORA DO PESADELO, prevista para o próximo ano. E com Bay na produção, nem importa muito quem é o diretor. No caso de ALMA PERDIDA, a direção é de David S. Goyer, recentemente anunciado para dirigir o filme solo do Magneto.
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