segunda-feira, abril 28, 2008
LÈVRES DE SANG
Nesse final de semana que passou, aconteceu em São Paulo a chamada "Virada das Vampiras". Das 18 horas do dia 26 até as 16 horas do dia 27 foram exibidos 12 filmes de vampiras, aparentemente todos inéditos no Brasil, sob curadoria de Carlos Reichenbach e legendagem em português e participação ativa e heróica durante as 24 horas do evento de Leopoldo Tauffenbach. Mais detalhes sobre a programação e a repercussão da mesma, dêem uma olhada nos blogs do Leandro, do Carrard e do próprio Carlão. Quatro dos doze filmes são de autoria de Jean Rollin, talvez o cineasta mais obcecado por vampiras da história do cinema. Não estive em São Paulo, mas para entrar um pouco em sintonia com a turma de lá, resolvi ver LÈVRES DE SANG (1975), que na mostra foi batizado de "Lábios de Sangue". Foi o meu segundo Rollin: o primeiro que eu vi, FASCINAÇÃO (1979), havia me deixado com boa impressão, ainda que não o suficiente para manter-me interessado em conhecer com urgência outros de seus trabalhos.
Dizem que LÈVRES DE SANG é o favorito do próprio Rollin e o mais pessoal. E apesar de conter cenas de nudez e de as vampiras aparecerem sempre de roupa transparente e quase nuas perambulando pelas ruas em cenários oníricos, não se trata de um filme que enfatiza o erotismo, como FASCINAÇÃO e vários outros trabalhos mais apelativos e até de sexo explícito da carreira do cineasta. O prólogo do filme mostra um grupo de senhoras entrando num lugar fechado carregando um corpo coberto com um lençól branco e depositando-o num caixão. Na porta de entrada: um crucifixo. Corte para uma festa, na qual um homem se vê encantado com a fotografia de um castelo em ruínas que o transporta para um momento até então apagado de sua infância. Ele lembra da noite em que dormiu junto a uma bela jovem na torre do tal castelo. Ele decide, então, visitar a fotógrafa da foto para saber a exata localização daquele lugar. Seu desejo e obsessão é encontrar de novo aquela bela mulher que ele conheceu na infância. Como num sonho, o filme conta de maneira lenta a trajetória desse homem que é responsável pela libertação de um grupo de vampiras que começa a fazer suas vítimas.
Talvez o problema de LÈVRES DE SANG pra mim esteja na sua irregularidade no ritmo. Gosto muito do começo, do final e de algumas coisas do meio do filme, mas em certos momentos, acho que o filme quase me fez perder o interesse, que é recuperado ao final, com a revelação e o esclarecimento da parte da mãe do protagonista sobre o que aconteceu durante a infância do menino e que ocasionou a morte de seu pai. O final, que foge do lugar comum dos filmes de vampiro e que ganha um contorno poético e romântico, é um dos maiores trunfos desse interessante trabalho. Rollin opta por transgredir, abraçar o vampirismo com amor e não como algo maléfico e que merece ser destruído.
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