sexta-feira, março 16, 2007
MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO (Stranger than Fiction)
Uma das maiores surpresas pra mim em relação MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO (2006) foi o fato de que o filme é muito mais dramático do que eu esperava. Pelo trailer e pelo próprio enredo, tudo que se espera é uma comédia maluca parecida com QUERO SER JOHN MALKOVICH. Inclusive, a comparação de MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO com os filmes escritos por Charlie Kaufman foi muitas vezes mencionada em críticas e reportagens sobre essa produção. A comparação procede. MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO é filme de roteirista. Um cineasta tão sem personalidade como Marc Forster não faz muita diferença. Quer dizer, até pode fazer, já que ele tem uma boa experiência e alguns bons títulos no currículo, mas o fime é de Zach Helm.
Dizem que o roteiro de MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO ficou anos encostado nos estúdios, sem ter ninguém que o levasse a sério e tomasse a iniciativa de transformá-lo em filme. Não me lembro muito bem dos detalhes dessa história e nem estou muito a fim de procurar, mas o fato é que depois de um longo tempo de espera, Zach Helm finalmente teve sua estória materializada em celulóide.
Na trama, Will Ferrell é Harold Crick, um homem que trabalha de fiscal do imposto de renda. Uma de suas missões é fazer cobrança de pessoas que caíram na malha fina. Um dia, enquanto escova os dentes, ele descobre que é ele personagem de uma história, já que tudo que ele faz é contado de forma elegante por uma narradora mulher (Emma Thompson). Ao contar isso para uma psicóloga, a mulher lhe recomenda ver um professor de literatura (!). É aí que entra Dustin Hoffman na estória. O interesse amoroso de Harold é Ana (Maggie Gyllenhaal), dona de uma doceria que caiu na malha fina do imposto de renda. Harold começa a ficar muito preocupado quando descobre, através da narração, que sua morte está iminente.
Bom, tudo isso que eu contei nesse terceiro parágrafo já é conhecido de quem viu o trailer do filme, que eu já vi mais vezes que o trailer de O BOM PASTOR. Mas, como eu já havia dito no começo do texto, o que mais me surpreendeu foi o tom dramático do filme. Não que não haja seqüências engraçadas - Will Ferrell provavelmente nunca deixará de ser visto como um comediante -, mas elas são poucas. Eu gostei da parte romântica, do fato de o personagem não ter muito tato com as mulheres e de estar apaixonado pela Maggie Gyllenhaal - como não se apaixonar por ela? A cena dos biscoitos, por exemplo, é muito bonita, bem como a cena em que ele a presenteia com flours (farinha de trigo), um trocadilho com flowers (flores). O filme tem esse lado Kaufman, mas também me lembrou um excelente livro de José Saramago, TODOS OS NOMES. Principalmente na parte que mostra a rotina repetitiva do protagonista. Isso já me faz encarar o filme com maior simpatia.
Soube através do IMDB que o filme contém várias citações aos Beatles. Há a maçã verde que ele come sempre no caminho do trabalho; a passagem dele pela avenida, semelhante à capa de ABBEY ROAD; citações a "Taxman", "Paperback Writer" e "Penny Lane". Quanto ao roteirista Zach Helm, parece que ele, depois desse filme, foi alçado ao primeiro time de Hollywood, já que estreará na direção com MR. MAGORIUM'S WONDER EMPORUIM (2007), estrelado por Natalie Portman e Dustin Hoffman.
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