Acho difícil imaginar que IRMÃOS (2003) tenha sido dirigido pelo mesmo Patrice Chéreau do arrepiante e sangrento A RAINHA MARGOT (1994). Vai ver A RAINHA MARGOT é exceção em sua obra e seu estilo é mesmo mais intimista. Não sei. Por isso, é melhor eu esquecer um pouco a beleza alva da Isabelle Adjani e a sangrenta noite de São Bartolomeu e me concentrar apenas no filme dos dois irmãos.
Na trama, Bruno Todeschini e Eric Caravaca são dois irmãos que vivem distantes um do outro. Até que um deles, sofrendo de uma doença grave no sangue, reaparece. Sem ter a quem recorrer, ele reata sua relação com o irmão homossexual, que é quem fica com ele em seus momentos mais difíceis.
IRMÃOS apresenta algumas cenas de intimidade bastante ousadas. A estrutura narrativa é cheia de idas e vindas no tempo. Ora estamos no hospital, ora na praia, com o irmão doente em estado altamente debilitado. Uma das cenas mais curiosas do filme é aquela que mostra uma enfermeira retirando os pêlos do corpo do doente para prepará-lo para uma cirurgia de retirada do baço. A cena é relativamente longa e bastante incômoda. Chéreau optou pela não utilização de música no filme. Assim, IRMÃOS adquire um caráter semi-documental, com uma câmera quase sempre muito perto, lembrando um pouco o cinema dos irmãos Dardenne. A única canção que aparece é a interpretada por Marianne Faithfull.
Pena eu ter visto o filme em estado sonolento. Provavelmente eu teria gostado mais se estivesse mais alerta e disposto. O sono é um dos maiores inimigos da apreciação dos filmes.
P.S.: Finalmente estou de posse do meu exemplar de "O Prazer dos Olhos", de François Truffaut. Uma delícia, os seus escritos.
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