CLOONEY E BANDERAS NA DIREÇÃO
Dois dos últimos filmes que vi recentemente foram de atores famosos que tiveram sua única experiência na direção. O primeiro filme, dirigido por George Clooney, está em cartaz nos cinemas da cidade. O segundo, de Antonio Banderas, foi exibido na Rede Globo dias atrás. Comento a seguir.
CONFISSÕES DE UMA MENTE PERIGOSA (Confessions of a Dangerous Mind)
O filme de George Clooney é bem ousado esteticamente. Há alguns ângulos de câmera bem diferentes, especialmente no início do filme e o tema escolhido é dos mais interessantes: a história de Chuck Barris, o cara que já foi autor de sucesso radiofônico, apresentador de programa de auditório e matador a serviço da CIA.
Chuck Barris é interpretado brilhantemente por Sam Rockwell, que empresta um ar de canalhice ao personagem, ao mesmo tempo que mostra um sujeito às vezes perdido em sua vida dupla. No elenco, Drew Barrymore, bonita como nunca, fazendo o papel da inocente e amorosa mulher de Chuck Barris. O amor que ela sente e devota ao sujeito é uma das coisas mais bonitas do filme. Também no elenco, está a amigona de Clooney, sra. Julia Roberts, fazendo uma fria e atraente agente da CIA. Outro amigo de Clooney, Bratt Pitt, aparece numa ponta engraçada. E o outro amigo, o diretor Steven Soderbergh é um dos produtores executivos do filme. Filme feito na brodagem e que mostra um grande talento de Clooney como diretor. Espero que ele dirija mais filmes. Ele aparece no filme como o homem que contrata os serviços de Barris.
Uma das coisas que eu gostei de saber, vendo o filme, é que Barris é autor da canção "Palisades Park", que eu já conhecia na versão punk dos Ramones, presente no álbum LOCO LIVE. A canção é uma delícia de pop rock. Por falar em música, há uma música instrumental muito famosa que toca num momento crucial do filme, em que Rockwell contracena com Julia Roberts e que eu gostaria muito de saber de quem é. Já ouvi em outros filmes mas nunca soube de quem é, nem o título. E vendo pelas faixas da trilha sonora, não deu pra identificar. Somebody...?
LOUCOS DO ALABAMA (Crazy in Alabama)
O filme de 1999 de Antonio Banderas é bem menos ousado na parte técnica, mas mexe com um assunto bem polêmico: até que ponto devemos deixar de botar na cadeia uma pessoa que mata outra? Melanie Griffith é a mulher que, depois dos maus tratos do marido, o mata e corta a cabeça dele, fugindo para Hollywood pra tentar a sorte como atriz. Melanie, a esposa de Banderas, já esteve melhor (vide DUBLÊ DE CORPO e TOTALMENTE SELVAGEM) e hoje está feia e com aqueles lábios inchados. Mesmo assim, no filme ela é tratada como uma mulher linda e irresistível. Um certo exagero da parte do marido, provavelmente apaixonado. Paralelamente à história da mulher, com a cabeça do marido pra lá e pra cá, há uma trama envolvendo o preconceito racial no Alabama nos anos 60. É um filme bom, mas não tem nada de especial. Uma coisa que eu não sabia: um juiz de tribunal pode, depois dos jurados declararem uma pessoa culpada do crime, libertá-la, desconsiderando, assim, a decisão do júri?