segunda-feira, junho 02, 2014

OS HOMENS SÃO DE MARTE...E É PRA LÁ QUE EU VOU























De vez em quando aparecem boas surpresas no território das comédias brasileiras. OS HOMENS SÃO DE MARTE...E É PRA LÁ QUE EU VOU (2014) é uma delas. Talvez por beber da comédia romântica americana, um gênero devidamente azeitado desde os anos 1930. Mas não apenas por isso: derivado de uma peça estrelada por Mônica Martelli, o filme é uma simpatia ao abordar a crise da mulher moderna; a que conseguiu sucesso na vida profissional e financeira, mas que está prestes a fazer 40 anos e começa a ficar desesperada para conseguir um marido. Não mais um namorado.

Em determinada cena do filme, a protagonista Fernanda, vivida pela própria Martelli, diz que já teve 25 anos de sexo. Que já chega de sexo. Quer mais alguém para casar. Olha para todos os lados e vê inúmeras pessoas acompanhadas ou com família e pergunta para si mesma: o que elas têm que eu não tenho?

O filme não seria tão divertido sem a presença de Paulo Gustavo como o amigo gay e sócio da firma de casamentos de Fernanda. Paulo foi uma revelação nos cinemas do ano passado com a comédia histriônica MINHA MÃE É UMA PEÇA – O FILME, também de origens teatrais. Se MINHA MÃE É UMA PEÇA peca por exagerar demais nas tentativas de fazer rir, OS HOMENS SÃO DE MARTE...segue um caminho oposto. Aliás, ri-se muito ao longo do filme, mas isso flui naturalmente, sem forçar a barra.

Até podemos dizer que Mônica Martelli é a nossa Kirsten Wiig, já que consegue fazer cenas que seriam constrangedoras se feitas por outra pessoa e ainda sai bem na fita. Quer exemplo melhor do que a cena em que ela precisa urinar no rio, quando faz uma viagem para o interior da Bahia? A comparação com a comediante americana também se dá pela beleza e elegância e pela coragem em não parecer ridícula. Muito provavelmente isso se deve a anos de experiência no teatro, testando o que dá e o que não dá certo, o que faz e o que não faz o público rir. A mexida na cabeça a cada vez que encontra uma nova paquera, por exemplo, é um belo acerto.

OS HOMENS SÃO DE MARTE... é o tipo de filme que parece que vai ser um estouro de bilheteria, mesmo com tantos concorrentes de peso no mercado atualmente. Como se trata de uma obra diferente, pode atrair públicos bem distintos daqueles que vão ao cinema para ver os blockbusters. Além do mais, há toda uma geração que deve se identificar em algum momento com a personagem.

A presença de Lulu Santos em participação especial no final é também muito bonita, embora o maior problema do filme seja justamente o seu desfecho excessivamente rápido. De todo modo, melhor que seja rápido e dinâmico – como é o filme, como um todo – do que se perder em um final piegas.

O diretor Marcus Baldinini (de BRUNA SURFISTINHA) foi bem-sucedido em sua estreia em comédias. E mais uma vez tratando de questões femininas. Porém, de maneira bem mais aprofundada, já que a peça, o roteiro, a atriz, a codireção (Susana Garcia) fazem a diferença em tornar tudo mais autêntico.

Detalhes como a preocupação em usar uma calcinha que fique melhor ou em acordar depois de transar com um homem e dar um retoque na maquiagem são momentos divertidos e que nos ajudam também a solidarizar com a mulher, que tem que se virar nos 30 (ou 39, no caso) para trabalhar, cuidar de uma casa, das finanças e ainda estar sempre linda e sorridente.

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