segunda-feira, fevereiro 24, 2003

SPIELBERG EM TRÊS FILMES

No final de semana eu preparei uma verdadeira overdose de Steven Spielberg. Além do novo filme, que eu vi no cinema, vi também A COR PÚRPURA e um filme da década de 60 em que Spielberg participou dirigindo um dos segmentos. Aí vão os comentários.

PRENDA-ME SE FOR CAPAZ (Catch me if you can)

O novo Spielberg já conquista o espectador com os créditos de abertura. Os créditos tem cara de anos 60, mas ao mesmo tempo são modernos. Leonardo DiCaprio está ótimo como o falsário com estilo que enganou muita gente nos anos 60, fazendo-se passar por professor, co-piloto de avião, médico e advogado. O filme é cheio de situações leves e engraçadas. Vendo o filme me lembrei de uma entrevista do Spielberg, em que ele contou que também já teve seus dias de enganar as pessoas. Ele entrava de gaiato num set de filmagens de Hollywood quando jovem. Talvez tenha feito outras estripulias. Já Tom Hanks, apenas faz o seu trabalho e Christopher Walken não passa de um canastrão gente fina. Esse negócio de indicação ao Oscar, sei não. Ah, e a trilha do John Williams está caprichada. Não é o melhor filme do ano, mas é um dos destaques.

A COR PÚRPURA (The Color Purple)

Voltando no tempo para o ano de 1985. Nesse ano, Spielberg arriscou o seu primeiro filme "sério", foi esnobado pela academia e dividiu opiniões. Eu, quando comecei a ver esse filme quando ele passou na Globo há mais de uma década, achei super-piegas aquela cena da separação das irmãs e não quis mais ver o filme. Outro que até hoje não vi por preconceito é O IMPÉRIO DO SOL. Estava num dia bom quando gravei esse filme da TNT, que exibiu esse filme com close caption em inglês. Aí eu não perdi a oportunidade pra gravar também com a tecla sap com o som original. E quanta diferença. Deu pra ver a linguagem "errada" dos negros do início do século XX, cheios de "I´s", "you´s", "womens", falta dos verbos nas frases etc. Outra curiosidade, o filme tem em sua trilha a canção "Miss Celie´s Blues", que Renato Russo gravou no disco de covers STONEWALL CELEBRATION CONCERT. Será que ele se inspirou no filme pra pegar a canção? Com relação ao lado melodramático de Spielberg, ele me incomoda na marioria das vezes. Apenas A LISTA DE SCHINDLER me "pegou", me fazendo chorar de fato. Na grande maioria dos filmes, achei esse lado melodrama muito forçado. Em A COR PÚRPURA, uma cena em particular me emocionou: a cena em que a cantora volta à igreja cantando aquelas canções gospel na frente de seu pai, pastor. Talvez por causa de meu passado gospel. É um filme de de boas interpretações (Danny Glover, Whoopi Goldberg, Margaret Avery, Oprah Winfrey), de belas imagens e de uma ótima reconstituição de época. No fim das contas, mudei de opinião a respeito do filme.

RETRATOS DE UM PESADELO (Night Gallery)

O ano agora é 1969. E Spielberg, antes da fama, dirigiu um dos episódios pilotos da série de tv NIGHT GALLERY. Aliás, em 1970 ele dirigiu outro (chequei agora no IMDB), chamado "Make me Laugh". A série é estilo Além da Imaginação ou Night Visions. O segmento do Spielberg se destaca dos demais, mais fraquinhos. O primeiro segmento, "The Cemetery", conta de um sobrinho que mata o velho tio para herdar a casa. O terceiro, "Escape Route", é o mais fraco e conta a história de um nazista aterrorizado pelos fantasmas dos judeus mortos no holocausto. O segundo episódio, "Eyes", dirigido pelo Spielberg é de longe o melhor. Traz Joan Crawford como uma cega de nascença que compra os olhos de um cara desesperado por causa de dívidas apenas pela possibilidade de enxergar por 11 horas. A história é angustiante. Sempre fico angustiado com essa coisa de se ficar cego, tirar os olhos. Lembrei na hora de MINORITY REPORT, com Tom Cruise fazendo aquela cirurgia de troca de olhos. Perturbador. Gravado da TNT.

domingo, fevereiro 23, 2003

A MÃO DO DIABO (Frailty)

Esse final de semana entrou em cartaz aqui em Fortaleza um filme que eu esperava há meses. E duvido muito que ele vá ficar mais de uma semana em cartaz - a sala que eu fui estava cheia de cadeiras vazias. A MÃO DO DIABO (Frailty) é ótimo. Ele foi escolhido o melhor terror de 2002 por um site especializado em filmes do gênero. Só acho que o título nacional não ficou muito bom. Se fosse "A Mão de Deus" combinaria mais com o filme.

A história: Matthew McConaughey chega numa delegacia de polícia para dizer ao delegado quem era o assassino que se dizia "a mão de Deus". Conta sobre seu pai (Bill Paxton) que em 1979 alegava ter recebido uma visão de um anjo. O anjo lhe encarregara da missão de destruir demônios que estavam em sua cidade.

A melhor coisa do filme é ficar em dúvida se o que ele diz é mesmo verdade ou se é tudo loucura e ele está matando pessoas inocentes e na frente das crianças. Bill Paxton tem dois filhos: um deles acredita na sua história; o outro duvida e acha tudo loucura e fanatismo do pai.

Prepare-se para a reviravolta no final que vai por em questão tudo o que o filme até então tinha dito. Mas é esse caráter dúbio que faz de A MÃO DO DIABO um diferencial entre a atual produção de terror americana. O filme não apela em nenhum momento para efeitos especiais ou efeitos gore. É na história, no clima e nas interpretações que o filme se sustenta. Quem tiver a oportunidade de conferir, não perca.

terça-feira, fevereiro 18, 2003

PHENOMENA



Nesse fim de semana eu tive o prazer de asssitir PHENOMENA, do grande Dario Argento. Quanto mais nos familiarizamos com o universo de Argento, mais gostamos. Em PHENOMENA, encontramos muitas auto-referências. A garota (Jennifer Connelly) chegando para estudar numa escola remete imediatamente a SUSPIRIA. Estão lá também o assassino de luvas pretas, uma cena de Miss Connelly mergulhando no lago e fazendo lembrar de uma cena clássica de INFERNO, o vento soprando e fazendo aquele barulhinho assustador, como em SUSPIRIA.

No filme, Jennifer Connelly é uma estudante americana que vai estudar na Suíça. Ela tem poderes telepáticos com os insetos e é sonâmbula. O local está sendo assombrado por assassinatos misteriosos. Na investigação do crime está um velho cientista (Donald Pleasance) numa cadeira de rodas, sempre acompanhando por um simpático chimpanzé. Com todos esses ingredientes, Argento ainda pôe algumas cenas de decapitação, ataques de insetos, mergulhos em poços fétidos, "monstros" escondidos, espelhos encobertos. Aliás, tem coisa mais assustadora no filme que aqueles espelhos? De arrepiar aquilo, hein?

A meia-hora final é tão repleta de acontecimentos que só vendo. PHENOMENA é filmaço. E cada vez eu gosto mais de Argento. Acho que vou ter que fazer um novo rolo com o Fab Rib. Hheheheh.. Ainda falta eu ver um monte: LA SINDROME DI STENDHAL, TENEBRE, NON HO SONNO e todos os filmes anteriores a PROFONDO ROSSO.

segunda-feira, fevereiro 17, 2003

FILMES DE DIAS SOMBRIOS

Ainda não estou bem, como gostaria, mas isso não tem impedido de eu ver os filmes que estão passando nos cinemas. Ainda estou sentindo febre todo dia e não sei quando vou ter uma vida normal de novo. A pergunta que eu mais tenho odiado ouvir é "você está melhor?". Tenho me tornado um cara cada vez mais antipático. E aqui no trabalho o ar condicionado tá quebrado e eu estou suando pra caramba. Bom, chega de reclamar. Vamos aos filmes.

EDIFÍCIO MASTER

Esse eu vi na segunda-feira da semana passada. Muito bom. Eduardo Coutinho é mesmo o melhor documentarista brasileiro. É incrível como ele tirou do nada um filme tão bonito. A idéia do filme é pegar depoimentos da vida de pessoas que moram no Edifício Master, prédio situado no bairro de Copacabana. Não existe um tema fixo como em SANTO FORTE, que abordava o tema da religião. Aqui, os moradores do prédio tem a liberdade de falar o que quiserem de suas vidas. Depois da edição final, o resultado é fantástico. Vendo um filme desses percebe-se o quanto todas as pessoas tem algo de interessante para contar. Os casos mais memoráveis do filme são: o senhor que canta "My Way" e tem orgulho da vida que levou; a garota que tem medo de olhar nos olhos das pessoas e que faz poesias simbolistas; o homem que chora ao se lembrar do tempo em que sua mãe morreu; entre outros. Eu ainda vou ver um dia o CABRA MARCADO PARA MORRER, do Coutinho. Dizem que esse filme é algo.

NAVIO FANTASMA (Ghost Ship)

Seguinte: se for pra comparar com o horroroso 13 FANTASMAS, filme anterior de Steve Beck, NAVIO FANTASMA é ótimo. Mas não quero nivelar por baixo. O filme é bem mais ou menos. Tem seus bons momentos e o final é bem humorado. Deu pra dar algumas boas risadas. Mas em se tratando de sustos, o filme é bem fraco. Mas tem um bom andamento narrativo e não cansa o espectador. O início sanguinolento do filme também é muito bom. Quem sabe no terceiro filme, Steve Beck faça algum trabalho que preste.

PARAÍSO (Heaven)

Ótimo filme de Tom Tykwer, diretor de CORRA LOLA CORRA e INVERNO QUENTE. O que torna o filme especial é o roteiro de Krzysztof Kieslowski e Krzysztof Piesiewicz (eta nomezinhos ruins de escrever. Thanks, IMDB). O filme é o primeiro de uma nova trilogia escrita pelos homens: PARAÍSO, PURGATÓRIO e INFERNO. A Miramax comprou os direitos e os filmes serão dirigidos por cineastas e elenco diferentes. Alguém tem notícia dos outros filmes? Quando chegarão? Se serão uma continuação da história de PARAÍSO? Quem são os diretores cotados? No filme, Cate Blachett (adoro ela) planeja matar um empresário utilizando uma bomba. Acontece que a bomba acaba matando quatro pessoas que nada tinham a ver com a história. Mas a história principal é a paixão do policial Giovanni Ribisi por ela. A pergunta chave do filme é: o que você arriscaria por amor? A fotografia do filme é caprichada e Tykwer mostra imagens belíssimas e de encher os olhos.

DEPOIS DA VIDA (Wandafuru raifu)

Filme bem interessante do japonês Hirokazu Koreeda. Parece que esse é o segundo título dele que chega aqui no Brasil. O primeiro foi MABOROSI, disponível em vídeo, mas posso estar enganado. No filme, pessoas, depois de morrerem, são levadas para que uns guias o auxiliem na passagem para a outra fase do pós-vida. Nessa fase, elas devem escolher um momento de suas vidas para levarem para a eternidade. O clima é bem estranho, meio surrealista (a falta de uma trilha sonora e o clima onírico me lembrou Buñuel). Além do mais, é um filme que desperta a reflexão e nos faz lembrar de ótimos momentos de nossas vidas. E vocês? Se fossem escolher o melhor momento de suas vidas, que momento escolheriam? Uma noite de sexo? Uma lembrança da infância? Um beijo inesquecível? Uma farra rock and roll? Pra se pensar.

domingo, fevereiro 09, 2003

GANGUES DE NOVA YORK



Finalmente, depois de dois dias de uma gripe que me abateu já no fim do processo de recuperação da cirurgia, hoje fui ver GANGUES DE NOVA YORK, do grande Martin Scorsese. Eu não estava esperando muita coisa. Muita gente tá malhando o filme e o trailler ficou uma grande droga. Um trailler daqueles não serve de propaganda do filme de jeito nenhum. Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como diriam o Hermes & Renato. A verdade é que o novo Scorsese é uma maravilha. Só aquele cenário, uma cidade toda construída nos estúdios da Cinecitá, na Itália, já é de tirar o chapéu. Curti cada cena dos 166 minutos do filme. A interpretação do trio (DiCaprio, Day-Lewis e Cameron Diaz) principal está excelente. Eu destaco como uma grande cena, uma em que DiCaprio está na cama com a Cameron e o Day-Lewis chega pra conversar. Naquela cena, cheia de silencios, o público ficou caladinho e ficou tudo perfeito. A parte final do filme, apocalíptica e caótica ficou sensacional. Botaram até um elefante naquela zorra. Hehehehe.. O único problema foram os cortes que Scorsese teve que fazer por imposição da Miramax. Devem sair posteriormente numa edição em DVD. Ou não. Por causa desses cortes, a parte da história americana, a grande história por trás da história das gangues, ficou um pouco prejudicada. Mas nada que alguns livros de história não resolvam. Heheh..Ah, o final com a música do U2, instrumental, ficou lindão. Scorsese é grande, gente. É grande. Olhando pra ele não tem quem diga. Heheheh. Obra-prima.

sexta-feira, fevereiro 07, 2003

TRÊS ÓTIMOS FILMES

Hoje foi o meu dia de retorno para as ruas depois de passar dez dias enfurnado dentro de casa. Graças a Deus as coisas estão dando certo e eu estou melhorando mais rápido. Depois do curso de inglês ainda peguei um cineminha. Fui ver DEUS É BRASILEIRO, do Cacá Diegues. E comprei o VIEUPHORIA, DVD dos Smashing Pumpkins. Sou fã, né? Tem que ter esse disquinho. Já dei uma olhada em 30 minutos de material. São 160 minutos!!! Legal. Eles tocando "Today" com o público cantando junto é emocionante. Vou aproveitar pra comentar os ótimos filmes que vi de ontem pra cá. (Levei sorte.)

DEUS É BRASILEIRO

"Minha vida é andar por esse país pra ver se um dia descanso feliz..."

Eu já estava desanimado com Cacá Diegues. O cara tinha feito um monte de filmes ruins nos últimos anos(DIAS MELHORES VIRÃO, TIETA, ORFEU) e eu já imaginava que ele nunca mais iria fazer filmes legais como no passado. Pois não é que eu adorei DEUS É BRASILEIRO? O filme remete aos bons tempos de BYE BYE BRASIL e CHUVAS DE VERÃO. É uma delícia de ver e quem, como eu estava, ainda estiver com preconceito ou desânimo pra ver o filme, vá lá que é diversão garantida. Trata-se de um road movie ao estilo de BYE BYE BRASIL, apresentando Antonio Fagundes no papel de Deus. Seu objetivo é tirar férias e ele quer arranjar um santo brasileiro pra ficar no lugar dele enquanto ele viaja. O santo é um tal de Quincas. Com a ajuda de um sujeito muito malandro e de uma belíssima Paloma Duarte, o velho enjoado viaja pelas praias e pelo sertão de Alagoas e Pernambuco. As imagens de Affonso Beato estão no capricho. Divertido e tocante. Parabéns ao Cacá.

IRMA VEP

Irma Vep é um anagrama pra "vampire". É também o nome da personagem de um filme que um diretor francês quer fazer baseado num filme filme mudo. A atriz que vai fazer a personagem é Maggie Cheung, uma linda chinesa que trabalhou em alguns filmes de Jackie Chan. O filme é um prato cheio pra quem curte os bastidores de uma produção cinematográfica. Eu diria que é melhor que VIVENDO NO ABANDONO, de Tom DeCillo, e quase tão bom quanto A NOITE AMERICANA, do Truffaut. O diretor é Olivier Assayas. Nunca vi nenhum outro filme dele, mas quero conhecer mais desse sujeito. Queria agradecer muito ao Renato que me gravou esse filme. Se não fosse por ele, eu não teria nem ouvido falar, já que é um filme um pouco obscuro (pouco se fala dele). O final é chapante.

CHAGA DE FOGO (Detective Story)

Já tinha gravado há algum tempo da BAND e só ontem fui conferir essa pérola. CHAGA DE FOGO (1951) é um filme de William Wyller sobre a rotina de uma delegacia de polícia, estrelado por Kirk Douglas. Achei o estilo bem parecido com os episódios de ER. Só que em vez de se passar num hospital de emergência, se passa numa delegacia. Quando o filme estava pela metade achei que não iria ter uma história principal, apenas vários casos de prisão. Mas do meio pro final uma história se torna a principal e faz com que todas as outras histórias desaguem nessa principal. Confesso que chorei com o drama de Kirk Douglas e a esposa. Quem ainda não viu, fique de olho. A band pode reprisar qualquer dia desses. Vale muito. De novo, dica do Renato. Valeu!

terça-feira, fevereiro 04, 2003

CINCO FILMES

Depois de muito tempo de curiosidade, finalmente pude ver CANIBAL HOLOCAUSTO, graças ao amigão Fab Rib. Além do filme do Deodato, vi ainda DOG SOLDIERS, um terror inglês dos anos 60, uma ficção pop besteirol e uma comédia de humor negro de Larry David. Comento os filmes abaixo:

CANIBAL HOLOCAUSTO (Cannibal Holocaust)

Antes mesmo de eu conhecer a famosa lista de discussão do Thomaz, Carlão Reichenbach já me despertara a curiosidade pra ver esse filme na sua saudosa coluna. Fica até difícil comentar o filme, já que ele desperta sentimentos tão contraditórios. Se, por um lado, acho o filme sensacionalista beirando o cara-de-pau, por outro, quem não tem curiosidade de ver filmes de canibais fazendo pessoas em pedaços? Como eu estava com muita expectativa em relação ao lado chocante do filme, ele acabou não me chocando, não. Vale destacar o realismo das cenas de violência e selvageria. Aliás, selvagem é o adjetivo certo pra esse filme. Não apenas os canibais são selvagens, como também o grupo enviado pra "pesquisar" a tribo. E a direção de Ruggero Deodato também. Quanto à música tema do filme, achei ela muito deslocada em algumas cenas. Quanto à comparação com A BRUXA DE BLAIR, se for pra escolher o melhor, prefiro o americano. Mas o filme do Deodato é muito corajoso e primitivo. Valeu.

DOG SOLDIERS

Outro filme da fita que o Fábio gravou. O filme vai sair em VHS/DVD nos próximos meses, mas ver antes do filme chegar no Brasil dá uma sensação boa de "vi primeiro". Hhehehe.. O filme é bem bom. Tem cenas de tensão dentro da cabana cercada de lobisomens (referência a A NOITE DOS MORTOS VIVOS, do Romero). O filme parece estar dando início a uma boa safra de filmes de terror vindos da Inglaterra. (Vem aí EXTERMÍNIO, do Danny Boyle). Tomara.

CARRASCO DE PEDRA (It!)

Gravei esse filme por engano. Achei que estaria gravando o IT, adaptação do livro de Stephen King. Mas foi erro do guia de tv a cabo daqui. Trata-se de um filme de terror inglês dos anos 60. Até fiquei imaginando se não é produção da Hammer... Alguém sabe dizer? A história do filme é sobre uma estátua de pedra do século XVII que é encontrada por chefes de um museu. Um sujeito que guarda o esqueleto da mãe em casa, no estilo Norman Bates, começa a se interessar pelo lado mágico da tal estátua. Filme bacana. Gravado da TNT.

TANK GIRL

Filme bem sessão da tarde com elementos que lembram DUNA (a falta de água no planeta) e MAD MAX (o futuro decadente), só que colorido como uma história em quadrinhos. Outra curiosidade do filme é Naomi Watts (CIDADE DOS SONHOS, O CHAMADO) no elenco. Mas a melhor coisa é mesmo a trilha sonora com muita banda de rock boa. Mas se trilha sonora fizesse filme bom... Gravado da Globo.

ATÉ QUE O DINHEIRO NOS SEPARE (Sour Grapes)

Dessa safra de filmes, o que mais eu gostei foi essa comédia de humor negro de Larry David, o cabra bom que dividia a autoria de SEINFELD com Jerry Seinfeld. Pena que esse é o único longa-metragem que o cara dirigiu. A história é divertidíssima. Dois amigos vão aos cassinos de Atlantic City e um deles, depois de pedir duas moedas a outro, ganha quase meio milhão de dólares. A confusão começa quando o sujeito que deu as moedas quer metade da grana. Nem dá pra imaginar o que o filme nos reserva. Maravilha de comédia, hein. Valeu, Renato, pela dica!! Agora é esperar que CURB YOUR ENTHUSIASM venha pra alguma tv brasileira. Gravado do SBT.

domingo, fevereiro 02, 2003

OS FILMES DA CONVALESCENÇA

Alguns comentários rápidos dos 10 filmes que peguei na locadora pra ver durante esse período de recuperação. Eis os filmes:

TRISTANA

Excelente filme de Luis Buñuel. Pra mim, é uma obra-prima do nível de A BELA DA TARDE, O ANJO EXTERMINADOR e ESSE OBSCURO OBJETO DO DESEJO. Descobri que gosto mais de Buñuel do que de Bergman, apesar de me identificar mais com esse último. Acontece que o espanhol tem um poder muito maior de nos prender a atenção. Ele, assim como David Lynch, mesmo sem entregar o jogo e às vezes apresentar filmes herméticos e cheios de simbolismos, traz aquela coisa enigmática que está sempre nos convidando a continuar vendo. Sem falar na habilidade narrativa. TRISTANA é um dos filmes mais acessíveis do mestre. Não tem muitas complicações narrativas. É a história de Tristana (Catherine Deneuve) que fica órfã e vai morar com o velho Fernando Rey, que fica sendo seu tutor, mas que também a possui. Completando o trio principal tem Franco Nero como o amante de Tristana. Mas quem pensa que o filme é só mais uma trama de traições, não sabe o que vai acontecer com a moça. Quem me despertou a curiosidade pra ver o filme foi Eduardo Aguilar, que comentou de certa semelhança deste com ESTRANHO ENCONTRO, do Khouri. Está lá a mulher que vive com um velho sem sentir amor e está lá uma certa perna postiça. A diferença é que Khouri fez o seu filme em 1958 e Buñuel em 1970. Será que houve uma certa homenagem ao nosso querido diretor brasileiro?

O FANTASMA DA LIBERDADE (Le Fantome de La Liberté)

Esse filme de Buñuel é um dos que ele exercita com mais liberdade o surrealismo. O filme não tem elenco fixo, não tem uma história única, mas uma série de acontecimentos inusitados acontecendo a diferentes pessoas. O filme começa na época das Guerras Napoleônicas, mas logo vem para a época atual (anos 70). Tem cada loucura que só vendo: tem um sobrinho querendo transar com sua tia velhinha; uma casa em que as pessoas, em vez de almoçarem, sentam em privadas e conversam à mesa; uma estátua que dá um tapa no sujeito que beijou a outra estátua; um carteiro que entra de bicicleta no quarto de um casal etc. Tem muita situação engraçada e surreal. E mesmo o filme não seguindo uma linha comum e não entregando os simbolismos que aparecem na tela, é cada vez mais instigante e estimulante. Luís Buñuel é o cara. Ele ainda é o maior cineasta espanhol de todos os tempos. Será que o Almodóvar chega lá?

KEOMA

Vi em duas partes esse filme do Enzo Castellari. Pra falar a verdade, não gostei muito. A primeira metade é chata pra cacete. Os diálogos são muito ruins. O filme cresce na segunda metade com aquela cena do tiroteio, da morte do pai de Keoma. Aquelas tomadas de Keoma parecendo Jesus crucificado na chuva também ficaram muito boas. Mas o filme ainda é sub-Leone e sub-Peckinpah. O próprio Franco Nero em entrevista no DVD falou que tinha dias nas filmagens de KEOMA que o Castellari dizia: hoje vamos fazer Peckinpah, referindo às cenas de tiroteios em câmera lenta. Ah, na caixinha do DVD diz que o filme tem faixa de comentário do diretor, mas é mentira. Não dá pra confiar no que diz nas caixas de DVD. Além do filme, só trailler e entrevista de 10 minutos com Franco Nero. Mas quanto ao filme, serviu pra aumentar a vontade de ver filmes de Leone, Peckinpah e John Ford.

AMOR MAIOR QUE A VIDA (Waking the Dead)

Interessante filme de Keith Gordon sobre o amor entre duas pessoas com ideologias políticas totalmente diferentes. Billy Crudup é de direita, quer ser senador; Jennifer Connelly (linda) é uma moça de esquerda, quer defender os povos injustiçados das repúblicas ditatoriais, como o Chile, por exemplo. As coisas mudam quando ele vê no noticiário sobre a morte dela. O filme é contado em flashbacks, alternando anos 70 e 80 e trazendo um final enigmático. Bonito filme. Só achei que fosse mais...apaixonado.

POLLOCK

Filme de Ed Harris sobre o pintor americano Jackson Pollock. O filme é bem tradicional, contando vários períodos da vida do pintor, mas focalizando especialmente no relacionamento dele com Marcia Gay Harden, que ganhou o Oscar por esse papel. No elenco, num papel pequeno, a bela Jennifer Connelly. Filme interessante, mas de pouco impacto.

PERSONA

Um dos filmes mais festejados de Ingmar Bergman. PERSONA (1965) mostra a relação entre a enfermeira Alma (Bibi Anderson) e uma atriz (Liv Ullmann). A atriz se fechara em seu próprio mundo recusando-se a se comunicar com qualquer pessoa. Ela é transferida pra uma casa de praia onde as duas mulheres passarão a se conhecer melhor. Isso me lembrou na hora filmes do Khouri (AMOR VORAZ e PAIXÃO PERDIDA). Mas o filme de Bergman é mais cheio de segredos. Tantos segredos que eu queria até que alguém me explicasse. Vi que no site Kinoeye tem uma interessante análise do filme, intitulada "Woman as Vampire". O filme tem imagens belíssimas - cortesia do fotógrafo Sven Nykvist - , algumas parecem saídas de filmes de terror expressionistas. Depois vou dar uma lida a respeito pra aprender mais sobre esse filme.

O OLHO DO DIABO (Djävulens Öga)

Bergman não era muito bom fazendo comédias. Acho que o forte dele é filme de gente cortando os pulsos. Heeheh.. Mas O OLHO DO DIABO (1960) até que é legal. Tem também no elenco a Bibi Anderson. A trama do filme é curiosa: o diabo encontra um terçol no olho e descobre que isso é causado por causa de uma donzela que preserva a sua virgindade. Ele manda, então, Don Juan para conquistar e deflorar a moça. O filme começa bem, mas cansa um pouco a partir da metade.

MONIKA E O DESEJO (Sommaren med Monika)

Na capa da fita da Continental tem uma frase de Godard dizendo: "O filme mais bonito do mais original dos cineastas.". Pra mim, o mais bonito continua sendo MORANGOS SILVESTRES, mas MONIKA E O DESEJO (1952) é um filme bem legal. Pena que a Continental fez uma bruta duma sacanagem fazendo um widescreen falso para esconder as legendas em inglês antes de piratear a cópia americana. Uma vergonha. Além de perder o filme nos lados, ainda perdemos em cima e em baixo. Uma outra coisa que me incomodou foi a falta de sex appeal da protagonista. Não gostei muito dela. Ainda bem que Bergman foi encontrar mulheres mais belas nos seus filmes seguintes (Bibi Anderson, Liv Ullman).

MEU NOME É COOGAN (Coogan's Bluff)

Dobradinha Don Siegel-Clint Eastwood. Como sempre, competente. Não tem o brilhantismo de outros filmes de Siegel, principalmente O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS, mas o filme tem ritmo, tem o charme de Clint e tem humor. Por falar no charme do homem, eu como representante da classe masculina, acho o cara muito mais talentoso na arte de conquistar o mulherio do que qualquer James Bond. Lembro que minha irmã, certa vez, quis ver POR UNS DÓLARES A MAIS só por causa dele. E acabou adorando o filme de Leone. No quesito humor, legal ver a separação entre os cowboys do Texas e os novaiorquinos civilizados. E pra eles, tanto faz nascer no Texas como no Arizona. Pra eles, é tudo Texas. Até faz lembrar do pessoal do sul que chama todos os nordestinos de Paraíbas. Mesmo quando o sujeito nasce no Piauí. Hehhehe..

JAMON JAMON

Esse filme de Bigas Luna mantém a tradição de conter cenas de sexo bem sensuais como em AS IDADES DE LULU e OVOS DE OURO. Diferente de OVOS DE OURO, o filme até elogia a masculinidade, em vez de mostrar o crepúsculo do macho. No filme, Penélope Cruz é apaixonada por um rapaz, mas a mãe dele não permite o namoro dos dois e trata de contratar um amante de aluguel pra conquistar a moça. O tal amante é Javier Bardem, que logo no começo do filme fica de pau duro quando está toureando. Tem tara pra tudo nesse mundo, né? Em outra cena, ele e um amigo querem tourear à noite e nús. O filme tem um monte de situações engraçadas e a personagem de Penelope Cruz (ou Cruise?) com aquele jeitão largado e com aquele vestidinho que parece que está caindo passa uma sensualidade que só vendo. Ainda bem que eu vi esse filme antes da cirurgia. Hheheeh..

Até a próxima!