terça-feira, julho 30, 2019

ASCENSOR PARA O CADAFALSO (Ascenseur pour l'Échafaud)

Entre as coisas que eu mais sinto falta atualmente no Brasil estão as revistas de cinema. Falo das realmente boas e regulares, com matérias bem escritas e entrevistas ótimas com cineastas. Na viagem rápida à Flórida no ano passado pude obter três delas: uma Film Comment, uma Cineaste e uma Cinema Scope. Todas com material que tem me servido como combustível para aumentar minha vontade de ver filmes e também trazer informações boas. Costumo dizer que no dia que ganhar na loteria uma coisa que eu vou fazer, não importando se dá dinheiro ou não, é uma excelente revista de cinema no Brasil. E como eu já conheço muita gente boa na crítica brasileira, então ótimos nomes não faltarão. O problema é que quase nunca eu jogo na loteria.

Enfim, tudo isso para falar de que foi de um texto da Cineaste que surgiu uma vontade imensa de ver, finalmente, ASCENSOR PARA O CADAFALSO (1958), estreia brilhante em longa-metragem de ficção de Louis Malle. Antes ele tinha codirigido O MUNDO SILENCIOSO (1956) com Jacques Costeau, que lhe rendeu a Palma de Ouro em Cannes e um Oscar de melhor documentário, e havia trabalhado como assistente de direção para Robert Bresson na obra-prima UM CONDENADO À MORTE ESCAPOU. Ou seja, já começou a carreira chutando os dois pés na porta.

Por isso é um tanto curioso que seu filme, que chegou antes de OS INCOMPREENDIDOS, de Truffaut, e de ACOSSADO, de Godard; e ainda antes dos dois primeiros do Chabrol, NAS GARRAS DO VÍCIO e OS PRIMOS; é curioso que ele não seja costumeiramente chamado de marco zero da nouvelle vague. Afinal, ASCENSOR estreou meses antes dos filmes de Chabrol. Talvez o fato de ele não ser crítico de cinema da Cahiers du Cinema tenha pesado. De todo modo, o importante é que o filme é uma obra-prima e que Malle soube muito bem usar o que aprendera com Bresson e o quanto queria prestar homenagem a Hitchcock.

O filme começa com trocas de juras de amor por telefone entre o casal Julien Tavernier (Maurice Ronet) e Florence Carala (Jeanne Moreau). Os dois tramam assassinar o marido de Florence em um crime muito bem orquestrado, e poderiam ficar juntos, livres e endinheirados. E tudo estava correndo como o planejado até a hora que, depois de matar o sujeito, e sair do escritório como se nada tivesse acontecido, esquece algo e acaba preso no elevador. A partir daí uma série de outros eventos se sucedem e um outro casal passa a ganhar peso na trama.

E por mais que a trama seja uma delícia, o filme não é tão dependente dela, já que há uma atmosfera noturna excitante, ao som da música de Miles Davis. Inclusive, um filme recente utilizou parte da trilha do filme em uma sequência linda. Refiro-me a EM CHAMAS, de Lee Chang-dong. Pois é essa música lindona que embeleza boa parte do filme, que também sabe muito bem utilizar os silêncios para construção de tensão.

As cenas de Jeanne Moreau passeando pelas lojas de Champs-Élysées foram feitas com a câmera em cima de um carro de bebê. O diretor de fotografia, Henri Decaë, foi parceiro de Jean-Pierre Melville e depois seria o homem por trás das câmeras dos primeiros trabalhos de Chabrol e de Truffaut. Ou seja, há muita coisa interligada entre a turma. Inclusive, Jeanne Moreau.

Sem dúvida, ASCENSOR PARA O CADAFALSO foi um dos filmes que mais me deu prazer neste ano. E pensar que há tantos filmes de primeira grandeza para ver ainda. Já me disseram que TRINTA ANOS ESTA NOITE (1963) também é uma maravilha de Malle. Já está devidamente engatilhado. Aliás, a pessoa que me recomendou disse que Malle é puro Khouri. E eu notei que é verdade, vejam só. Daí o fato de eu ter gostado tanto. Há tanto o que ver e o que aprender ainda.

+ TRÊS FILMES

SÃO PAULO, SOCIEDADE ANÔNIMA

Vendo pela primeira vez este grande clássico do cinema brasileiro, achei estranho notar tanto as semelhanças quanto as grandes diferenças com os filmes de outro diretor famoso por pintar a cidade de São Paulo com amor e ódio. Mais amor, no caso de Khouri. Aqui, São Paulo é uma espécie de cidade que enlouquece. Ou o pobre protagonista vivido por Walmor Chagas é apenas um homem fraco e que não sabe direito ainda o que fazer da vida. Não fica contente com o casamento aparentemente perfeito com a personagem de Eva Wilma, mulher correta, carinhosa e que pensa no sucesso financeiro do casal. Ainda é um filme que eu preciso pensar mais a respeito. Direção: Luiz Sérgio Person. Ano: 1965.

TRÁGICO ÁLIBI (My Name Is Julia Ross)

De Joseph H. Lewis só havia visto duas obras-primas, MORTALMENTE PERIGOSA (1950) e REINADO DO TERROR (1958). Este film noir aqui que lembra um pouco À MEIA LUZ, de George Cukor, na trama, é bem curtinho e dinâmico (65 minutos que passam voando). A história é envolvente e eu só senti mais falta de ficar mais tenso com a situação da protagonista, presa em uma trama macabra. Caso de filme pequeno que se fez com pouco dinheiro e exibido em sessões duplas, mas que acabou ganhando força pela boa recepção dos críticos. Ano: 1944.

O HOMEM DA CAPA PRETA

Engraçado eu nunca ter tido tanto interesse em ver este filme, por mais que tenha visto tantas vezes sua propaganda na Rede Manchete, que o distribuiu em VHS. A cópia masterizada está lindona e é um filme com uma produção muito caprichada, inclusive com o uso do som e da dublagem, um elemento que na época não era muito levado em consideração. E falando do filme em si, é curioso como acabamos chegando a um momento histórico parecido com o do final. A história é circular. Direção: Sergio Rezende. Ano: 1986.

segunda-feira, julho 29, 2019

O MISTÉRIO DE CANDYMAN (Candyman)

Certo dia, conversando com um amigo sobre tal filme que ele deveria ver, ele fala que ultimamente não é ele quem está indo em busca dos filmes, mas os filmes que vão até ele. Algo do tipo. E, de fato, é mais ou menos assim que as coisas acontecem em boa parte das vezes. Recentemente li o livro Candyman, de Clive Barker, lançado pela editora Darkside. Trata-se de uma reedição do conto "O Proibido", já lançado no Brasil na coleção Livros de Sangue. Aqui, no entanto, o importante é dar destaque justamente a este personagem de Barker que se tornou um ícone do horror, especialmente no cinema. Como o livro conta com um posfácio do crítico e pesquisador do cinema de horror Carlos Primati, e que fala bastante do filme e de suas continuações, a vontade de rever O MISTÉRIO DE CANDYMAN (1992) foi irresistível. Ainda bem que é um filme fácil de encontrar por aí.

Na minha lembrança, na época em que o vi em VHS, ele não tinha me deixado muito impressionado. Na verdade, o personagem-título em si, é um tanto fantasioso para se comprar. Mas hoje em dia, e depois de ter lido o conto, é que percebo o quanto esse seu aspecto é justamente um de seus trunfos. Afinal, no início da década de 1990, o cinema ainda se curvava a Clive Barker pela sua obra-prima HELLRAISER - RENASCIDO DO INFERNO.

Claro que não é só o personagem que conta. É o modo como o filme é contado e como o trabalho de Bernard Rose aqui envelheceu bem. Quem também se destaca em O MISTÉRIO DE CANDYMAN é a bela Virginia Madsen, que aqui lembra as loiras platinadas dos anos de ouro de Hollywood. Em uma das cenas finais, a fotografia fica um tanto fora de nitidez, passando a imagem de filme antigo em um close-up da atriz.

Na trama, Madsen é Helen Lyle, uma estudante universitária que está escrevendo uma tese sobre lendas urbanas. Acaba conhecendo a história de Candyman, um sujeito que, com um gancho no lugar da mão, aparece para matar quem fala seu nome no espelho cinco vezes. A ideia nem é nova e não consta no conto de Barker (essa parte do espelho), mas foi muito inteligente incluir no filme para a ampliação da mitologia do personagem.

A primeira parte da trama mostra Helen e sua amiga Bernadette (Kasi Lemmons) investigando em um gueto um tanto perigoso para brancos ricos os locais onde supostamente ocorreram os assassinatos cometidos por Candyman. O lugar que elas pesquisam é cheio de pichações e bastante abandonado, mas é lá que Helen encontrará uma mulher que será muito importante para o que virá a seguir.

A composição do monstro é muito boa, assim como sua personificação, pelo ator Tony Todd, um dos primeiros atores negros a entrar em uma galeria de monstros do cinema de horror. Algumas cenas são bem memoráveis, como a sequência do banheiro, os encontros iniciais com Candyman, e as cenas no hospital psiquiátrico. Uma delas é bem surpreendente, inclusive.

Recentemente surgiu uma notícia de que Jordan Peele está produzindo uma nova versão da história. Sendo de Peele, ainda que não seja dirigido por ele, é bem-vindo. É esperar para ver se o sucesso do monstro se perpetuará nesta encarnação futura.

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ANNABELLE 3 - DE VOLTA PARA CASA (Annabelle Comes Home)

Embora seja inferior aos dois primeiros filmes em diversos aspectos, como domínio narrativo, por exemplo, este filme tem o seu charme, tanto pela boa recriação de época quanto pelo fato de se passar quase que inteiramente na residência dos Warrens, com um trio de meninas que protagonizam a trama. Destaque para a jovem Madison Iseman, que tem potencial para fazer sucesso em outros filmes futuros. Gosto em especial da cena do reflexo na televisão. Direção: Gary Dauberman. Ano: 2019.

A MALDIÇÃO DA CHORONA (The Curse of La Llorona)

Em comparação com A FREIRA, este A MALDIÇÃO DA CHORONA é uma pequena obra-prima. Há elegância nos planos, na ambientação da época (anos 70), no modo como ele utiliza recursos manjados de maneira interessante. Mas não há nada de novo e a trama é tão fraca que parece que não teve um final efetivamente pensado. É mais a coisa "vamos fazer um filme sobre a lenda da Chorona" e pronto. A atriz principal, Linda Cardellini, é bem carismática. Curiosamente, ela fez a Velma no filme do Scooby-doo, que aparece na televisão em uma breve cena. De todo modo, é bom o James Wan parar com esses derivativos. Ele já se queimou bastante. Direção: Michael Chaves. Ano: 2019.

SUSPÍRIA - A DANÇA DO MEDO (Suspiria)

Não deixa de dar uma ponta de decepção com esse novo SUSPIRIA. Ainda assim, há algumas ousadias boas, Dakota Johnson está ótima e pra quem gosta de dança moderna o filme oferece muitas cenas. Agora faltou o principal: atmosfera de filme de terror. O diretor Luca Guadagnino tem uma sensibilidade muito boa para dramas românticos, mas aqui o máximo que conseguiu de horror foi um gore bonito e uma direção de arte que remete ao horror italiano dos anos 70. Não entendi a necessidade de contextualizar historicamente a trama, que acaba não tendo muita utilidade final. A personagem de que eu mais gostei foi Sara, vivida por Mia Goth. Talvez por ser a que mais se aproxima do espectador. A atriz está em A CURA, que eu não vi, e em um papel pequeno de NINFOMANÍACA - VOLUME 2. Ano: 2018.

sábado, julho 20, 2019

O CÓDIGO PENAL (The Criminal Code)

Saudade dos anos 2005-2008, que foi o período em que eu mais vi filmes do Howard Hawks, um dos cineastas mais queridos da casa. No primeiro ano, eu comecei a pegar pelo acervo da Distrivídeo, que tinha uma boa quantidade de filmes do diretor. Depois, tive a chance de conseguir por vias alternativas, o que foi uma maravilha. No entanto, alguns filmes até então continuavam inéditos para mim, por falta de legenda, principalmente. Três deles surgiram recentemente, devidamente legendados na rede: A PATRULHA DA MADRUGADA (1930), já resenhado neste espaço; FAIXA VERMELHA 7000 (1965), ainda a ser visto; e este O CÓDIGO PENAL (1930), segundo filme falado do mestre.

Trata-se do filme de prisão de Hawks. Os elementos tão presentes em seus filmes não se manifestam de maneira tão forte aqui, mas há o senso de camaradagem, o código ético que os presos têm, como, por exemplo, não se deve delatar o colega para os guardas ou para o diretor da penitenciária. Há também uma cena que é a cara do Hawks, que é quando o protagonista, Robert Graham, vivido por Phillips Holmes, recebe a notícia de que sua irmã falecera, enquanto está jogando damas com os colegas de cela.

Assim como acontece nos demais filmes do cineasta, a reação para esse tipo de situação triste é engolir o choro. E é impressionante como isso aumenta o potencial dramático. Isso seria muito melhor explorado em O PARAÍSO INFERNAL (1939), o grande filme de aviões do diretor. Em O CÓDIGO PENAL, o colega de cela o incentiva a continuar jogando.

Na trama, Graham é um rapaz que mata uma pessoa acidentalmente, mas que, por ter um advogado fraco, acaba sendo alvo fácil do procurador público Mark Brady, vivido com brilhantismo por Walter Huston. Lembremos que o bom ator faria um dos papéis mais memoráveis da velha Hollywood em O TESOURO DE SIERRA MADRE, 18 anos depois, dirigido pelo filho, John Huston.

Aqui ele investe seu personagem de uma nobreza que nos faz esquecer um pouco seu jeito durão e muitas vezes impiedoso com várias das pessoas que passaram por ele e foram parar na cadeia. A roda gira quando, anos depois, Brady é nomeado diretor da penitenciária e reencontra o jovem Graham, em frangalhos, precisando de ajuda. Ele o transfere para um lugar muito melhor de trabalhar, junto a ele, ajudando em diversas coisas da família, e tendo o prazer de conhecer a filha de Brady, a bela Mary, vivida por Constance Cummings.

E o que vemos então é uma habilidade incrível de Hawks em conseguir juntar tudo isso: filme de prisão com suspense, drama do presidiário e uma história de amor e conseguir ser bem-sucedido em tudo. O que dizer dos vinte minutos finais, tão cheios de apreensão? Curiosamente não é dos filmes mais queridos do diretor e nem é creditado a ele, conforme informação no IMDB. Se não é tão bom quanto o anterior, A PATRULHA DA MADRUGADA, serve de ótima escada para uma de suas obras mais famosas, SCARFACE - A VERGONHA DE UMA NAÇÃO (1932).

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OS MENINOS (¿Quién Puede Matar a un Niño?)

Foi preciso morrer Serrador para que eu finalmente visse este clássico do horror europeu. O que aconteceria se as crianças passassem a matar os adultos? Esse ponto de partida aterrorizante é o coração da trama deste filme, que estabelece uma ligação com os inúmeros genocídios ocorridos em diversas tragédias da humanidade, em que são as crianças as principais vítimas. Como uma espécie de vingança da parte delas. Destaque também para a bela fotografia solar de José Luis Alcaine. Direção: Narciso Ibáñez Serrador. Ano: 1976.

CYRANO (Cyrano de Bergerac)

Quando a gente não respeita ou simpatiza com o protagonista, fica muito difícil torcer por ele. Na verdade, além de ter ficado muito velho, a própria peça original já nasceu velha, com um romantismo que já havia acabado naquele final do século XIX. O personagem é tão chato que demora demais até para morrer, naquele seu monólogo final. Depardieu, gigante que é, podia ter deixado passar esse filme. Direção: Jean-Paul Rappeneau. Ano: 1990.

O PORTEIRO DA NOITE (Il Portiere di Notte / The Night Porter)

Um dos poderes das grandes obras é desafiar convenções e subverter regras, como trazer romantismo para uma história de sentimentos mistos. O filme conta o grande amor entre uma judia que passou pelo campo de concentração e seu torturador. Liliana Cavani trafega por caminhos que a gente não imaginaria trilhar a partir do começo, que mais parece uma história de vingança. A trama no presente é enriquecida pelas lembranças do tempo da guerra. Interessante ver Chatlotte Rampling tão jovem, eu que já a conheci idosa. Ela é linda, mas a imagem de seu rosto envelhecido não parava de vir à minha mente enquanto olhava para ela. Ano: 1974.

quarta-feira, julho 17, 2019

HOMEM-ARANHA - LONGE DE CASA (Spider-Man - Far from Home)

Uma bela surpresa este HOMEM-ARANHA - LONGE DE CASA (2019), segundo filme-solo do Aranha com o jovem e talentoso Tom Holland. Em sua primeira aparição, em CAPITÃO AMÉRICA - GUERRA CIVIL, pode não ter agradado a muitos, mas, ao que parece, neste novo filme, ele já conquistou a praticamente todo o seu público, causando admiração e maior aceitação. Não resta dúvida que incluir o herói adolescente é mais atraente para um público mais jovem, que pode se identificar bem mais com seus problemas e com suas preocupações do que com as de um adulto milionário e cínico como Tony Stark.

Aqui, a principal preocupação de nosso herói é conseguir se aproximar da garota por quem ele está apaixonado, a MJ (Zendaya). Aliás, a escalação de Zendaya como interesse amoroso tem dado o que falar: embora o nome da personagem seja Michelle, como dito no primeiro filme do Aranha, e não Mary Jane, como é conhecida a mais querida das namoradas de Peter Parker nos quadrinhos, o termo MJ costuma ser associado à belíssima ruiva dos quadrinhos, que até já foi personificada no cinema nos três filmes de Sam Raimi por Kirsten Dunst. Assim, a escalação de uma atriz negra não deixa de ser uma novidade.

Aliás, há várias mudanças poéticas no elenco deste filme em comparação com as HQs, mas é sempre bom respeitar os caminhos que o realizador e os roteiristas traçaram. Quadrinho é quadrinho, filme é filme. E aqui há mais liberdades do que a maioria dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel. Inclusive, não deixa de ser muito interessante ver uma Tia May tão jovem como a interpretada por Marisa Tomei.

Também é muito interessante como é introduzido Mysterio, que nas aventuras do amigão da vizinhança nos quadrinhos é um vilão de terceira categoria. Aqui se dá uma maior importância ao personagem, que não é apresentado exatamente como um vilão. Mas é também muito bom ver que o filme é muito mais do que o trailer dá a entender. Assim, todos aqueles monstros meio genéricos acabam ganhando algum sentido.

Mas o melhor do filme é mesmo o modo como ele dá mais destaque ao Peter Parker do que ao Homem-Aranha. É muito divertido vê-lo em um passeio com os colegas da escola por cidades da Europa. O melhor amigo dele, Ned (Jacob Batalon), é muito engraçado. Trata-se da influência da versão ultimate no personagem, com um amigo latino gordinho. Isso fez bem ao filme. Ah, e vale destacar a bem-vinda presença da jovem Angourie Rice, no papel de Betty Brant, colega de Peter na escola.

A questão "com grandes poderes, vem grandes responsabilidades" até surge em algum momento, mas de maneira gradual, ao jovem Peter, que não queria, a princípio, dividir sua vida normal de adolescente para ser escalado para uma nova missão por Nick Fury (Samuel L. Jackson).

Além de ser um filme muito bem-humorado e que consegue espantar a sombra da morte de Tony Stark nos grandes eventos dos filmes anteriores dos Vingadores, em comparação com HOMEM-ARANHA - DE VOLTA PRA CASA (2017), este segundo filme solo é melhor em diversos aspectos, embora não tenha cenas tão memoráveis como as das ameaças do vilão Abutre (Michael Keaton) ao herói. Aqui temos Jake Gyllenhaal como o Mysterio e não é bom dizer mais do que isso, a fim de não estragar as surpresas, mas podemos dizer que o ator se sai muito bem. As cenas de ação são ok, sem muitas novidades. Mas há que se dizer que a cena pós-créditos deste filme é a mais importante de todos os filmes do Universo Cinematográfico Marvel, no sentido de não poder ser descartada do produto final.

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X-MEN - FÊNIX NEGRA (Dark Phoenix)

Um filme que parece todo errado desde o começo (desde escolhas de elenco, atuações, texto, criatividade para tecer uma trama minimamente interessante). Se eu já achava difícil engolir a J.Law como Mística, a ênfase à personagem da Sophie Turner só acentuou a fragilidade da escalação. Sem falar no menino Ciclope, com cara de bocó. O pior filme dos X-Men, que só não é tão chato quanto o primeiro Wolverine dentro da franquia da Fox, que aqui é morta e sepultada. Melhor sorte com a Marvel Studios aos nossos queridos mutantes. Direção: Simon Kinberg. Ano: 2019.

HELLBOY

Uma pena que este reboot de Hellboy só tenha servido para enterrar de vez o personagem nos cinemas. Se bem que parece que ele não foi feito para as telas. Não conheço os quadrinhos, mas é um trabalho muito querido o do Mike Mignola. Aqui Neil Marshall parece ter um bocado de ideias interessantes e quer brincar de fazer filme violento e chocante com rock no talo, mas no fim das contas com menos de meia hora a vontade que tudo acabe já chega. Imagina só ter que aturar as duas horas. Aliás, alguém lembra de quando o Neil Marshall era considerado um grande nome do novo horror no começo do novo milênio? Pois é.. Ano: 2019.

TURMA DA MÔNICA - LAÇOS

A direção de arte e fotografia são lindas, os meninos e meninas são uma boa escolha de elenco, mas confesso que eu lutei para segurar o sono. Os filmes infantis e animações mais tradicionais estão cada vez mais tendo esse tipo de efeito em mim. Não consegui ver com muita naturalidade e graça a atitude da Mônica com o coelho. Aliás, sobre certas características dos personagens, vemos que o cinema brasileiro pensa apenas no território nacional. A piada do sovaco do Cascão, por exemplo, não seria entendida pelo público estrangeiro, por mais que aos poucos a característica dele de não gostar de um banho seja explicitada. De todo modo, creio que atende o público infantil, que é o alvo principal. Ah, a cena com o Rodrigo Santoro eu achei um saco. Direção: Daniel Rezende. Ano: 2019.

domingo, julho 14, 2019

MEMÓRIAS DA DOR (La Douleur)

Impressionante como certos diretores têm uma carreira já relativamente longa, mas que são praticamente desconhecidos, até que certo filme chama a atenção de tal forma que passa-se a questionar a inabilidade das distribuidoras não darem o devido destaque aos trabalhos desse cineasta. É o caso de Emmanuel Finkiel, que teve seu longa-metragem de estreia, VIAGENS (1999), recebido com louvor, com premiação em Cannes e prêmio de melhor primeiro filme no César. Também alcançou prestígio internacional em diversos países, inclusive no circuito arthouse americano.

Além dos filmes como diretor e roteirista, Finkiel tem em seu currículo vários trabalhos como assistente de direção de cineastas de primeiro escalão, como Jean-Luc Godard, Krzysztof Kieslowski e Bernard Tavernier. Mas o que aconteceu é que os demais filmes de Finkiel como diretor meio que passaram batidos ao longo dos anos, por mais que cinéfilos atentos tenham visto seus trabalhos em mostras. NÃO SOU UM CANALHA (2015), seu filme anterior, ganhou algum destaque e já trazia Mélanie Thierry, que brilharia neste novo e magistral MEMÓRIAS DA DOR (2017).

Eis um filme que merece não só a atenção, mas uma especial reverência. O trabalho de construção da personagem, baseada na escritora Marguerite Duras, que faz uma espécie de bioficção ao contar da dor que foi o período em que ela passou esperando o marido voltar de um campo de concentração. E MEMÓRIAS DA DOR é basicamente sobre isso, embora seja rico o suficiente para ser também sobre culpa, desejo, e ser carregado de uma aura de desencantamento com a vida que só encontra paralelos em situações de terrível depressão.

Em determinado momento do filme, o amigo e amante vivido por Benjamin Biolay fala para que Marguerite tome banho; que ela está fedendo. Àquela altura, ela não estava mais conseguindo cuidar de si mesma. Na angústia de esperar, toma a decisão de falar com um perverso colaborador do nazismo na França ocupada. Como a história se passa entre os anos de 1944 e 1945, vemos a variação no comportamento e no grau de sentimento de segurança dessas pessoas que trabalhavam para os nazistas e que estavam acostumadas com tortura física e psicológica - isso, claro, na posição de torturadores.

Um dos aspectos que chama a atenção em MEMÓRIAS DA DOR é o modo como o diretor trabalha as sombras e também, com frequência, coloca a protagonista como único elemento não borrado, acentuando ainda mais seu sentimento de solidão e abandono naquele mundo de pesadelo. Há também destaque para a narração em voice-over de Marguerite. Uma narração pausada, que lembra e muito a narração usada em HIROSHIMA MEU AMOR, de Alain Resnais, não por acaso uma obra roteirizada por Duras. Assim, os traços da obra literária da escritora estão explicitamente presentes, mas servindo não como muleta para a narração cinematográfica, mas para enriquecer ainda mais o trabalho visual.

Há algumas cenas que se destacam dentro de um conjunto que parece perfeito. E como a trilha sonora é usada apenas entre os espaços da cena, como para acentuar o clima de tristeza, os silêncios nas sequências dramáticas só enfatizam a grande performance de Mélanie Thierry. O que dizer das cenas finais de descoberta? Tanto da cena com a Mme. Katz quanto na cena mais arrepiante do filme? Ver MEMÓRIAS DA DOR é uma dessas experiências raras e recompensadoras, que só cresce na memória afetiva.

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MAYA

Depois de dois filmes que lidaram basicamente com a rotina de vida de personagens (EDEN e O QUE ESTÁ POR VIR), Mia Hansen-Løve volta novamente a usar esse recurso para contar a história de um repórter de guerra que tenta deixar sua vida nos eixos após uma traumática experiência. Para isso, ele viaja para a Índia e é lá que ele conhece a personagem-título. O nome, creio eu, também pode fazer referência à ilusão, mas não li nada a respeito - crítica ou entrevista da realizadora - que possa corroborar a minha suspeita. Gosto muito do andamento, de como é muito mais importante a construção dos personagens e sua profundidade do que uma história propriamente dita. Um belo filme. Ano: 2018.

MEU BEBÊ (Mon Bébé)

Este é o tipo de filme que eu não vejo sendo realizado por um homem, por mais que isso possa até soar sexista. E essa é uma das vantagens de se ter essas vozes múltiplas no cinema. Aqui a história é muito simples, mas importa menos a história e mais o sentimento. O sentimento da mãe em relação à filha mais nova, que está prestes a deixar o ninho e fazer faculdade no Canadá. Os pequenos flashbacks da infância dos filhos da protagonista também contribuem para enfatizar esse sentimento, que é recíproco pela filha, tão apegada à mãe, mas também tão consciente de que precisa aproveitar o momento de tomar o próprio rumo. Adorei a homenagem a O DESPREZO, de Godard. Direção: Lisa Azuelos. Ano: 2019.

CYRANO MON AMOUR (Edmond)

O lado positivo de ver o CYRANO de 1990 foi poder fazer uma dobradinha com este novo trabalho e saber exatamente do que se está falando. O filme foca na concepção de Cyrano de Bergerac até a noite de estreia. Passei a conhecer muita coisa sobre a obra que nem imaginava. E a impressão inicial de que a peça já nasceu velha se confirmou, por mais bem-sucedida que tenha sido ao longo dos anos. Direção: Alexis Michlik. Ano: 2018

quarta-feira, julho 10, 2019

SAMPA 2019

Sou um pouco preguiçoso e esse é talvez um dos motivos de eu não viajar mais vezes. Mas não há como negar o quanto as viagens me fazem bem. Ainda não experimentei viajar sozinho para o exterior, mas está na minha to do list. Deve ser uma experiência fascinante. Mas, por enquanto, quis voltar a São Paulo. A última vez em que lá estive foi em 2016, para o casamento de meu amigo Michel Simões, que mais uma vez me acolheu em seu lar. A ele e à Cris, sua esposa, deixo meu muito obrigado. E a vontade de poder retribuir quando for possível.

O blog, como vocês puderam notar, anda meio parado, por uma série de motivos. Mas esse é um mal que vem assolando todos os blogs que eu conheço. Por isso é bom quando um amigo incentiva a continuidade, como é o caso de Bruno de Alcântara, que lembra até mais do que eu de muitos eventos ocorridos em viagens passadas, devidamente contadas neste espaço.

Quinta-feira

A dormida no voo das 3h40 da manhã da Azul não foi das mais confortáveis. Esses aviões não nasceram para ser confortáveis, anyway. Ao chegar, São Paulo já estava carregada por um chuva constante, mas ainda suave. Fui de ônibus até uma estação de metrô e de lá cheguei à estação mais próxima da casa do Michel, a estação Ana Rosa. O problema é que logo foi se formando uma tempestade. Mesmo assim, achei que bastaria eu chamar um uber que ficaria tudo certo. Chamei o primeiro, que foi parar em um lugar que eu não sabia onde era. Com o segundo aconteceu a mesma coisa. Com o terceiro também. Já estava disposto a pegar um táxi e por isso atravessei a rua, sem guarda-chuva. Em vão: o táxi não estava à disposição. Sorte que o motorista do último uber, ao me ver naquela situação, todo encharcado e carregando uma mala, gritou pelo meu nome. Parou no acostamento e me explicou que em São Paulo o uber não funciona direito se você não colocar exatamente o local de partida. Parecia que eu estava vivendo uma cena de SUSPIRIA, o filme do Dario Argento.

Enfim, cheguei encharcado no prédio do Michel e ainda tive que verificar o número do apartamento na chuva, para que o pessoal da portaria pudesse liberar minha entrada. Mesmo assim, claro que foi bom poder chegar. A Cris ainda estava em casa, mas já apressada para ir trabalhar. Me conseguiu um guarda-chuva cor-de-rosa que me quebrou um galhão nos dias chuvosos.

No mais, consegui tirar um cochilo para ir ao combinado almoço com o amigo Eduardo Aguilar. Combinamos de nos encontrar na Estação Luz para em seguida partir para o restaurante que ele sugeriu. Muito bom, aliás. Comemos um bife à parmegiana excelente. Mas bom mesmo foi o papo, que durou cerca de quatro horas. Papo de muito cinema e de vida real. Com o Aguilar, nem dá tempo para pausas entre uma conversa e outra. Muito bom.

Em seguida, fui atrás de comprar um outro sapato, pois o que eu usava estava um tanto molhado. A intenção seria aproveitar para ficar um pouco mais sequinho e ver algum filme em uma sessão próxima. Mas a chuva não deixou. O sapato novo logo ficou mais encharcado que o velho. Então, a ideia de ver um filme àquela hora foi para o brejo. Tentei novamente pegar um uber e foi novamente frustrante. Acabei pegando um taxi para voltar para a casa do Michel, que estaria voltando do trabalho. Quando ele chegou, saímos para comer uns espetinhos no Boni. Muito bom. Especialmente o kafta.

Sexta-feira

A sexta-feira deveria ser o dia de ir a Jundiaí, para visitar os amigos Bia e Primati, mas achei melhor deixar para o sábado, devido a complicações nos horários de trabalho da Bia. Foi bom assim, já que a sexta-feira também foi um dia de muita chuva. Ainda que não tão tanto quanto a quinta. Depois de um café da manhã caprichado fiz um passeio pela Rua Augusta principalmente para visitar aquela loja de discos bacana, a Augusta Discos. Saí de lá todo feliz com quatro CDs: Radiohead: Amnesiac; Cat Power: What Would You Think the Community Think; mundo livro s/a: guentando a ôia; e Marina Lima, o disco homônimo de 1991. Queria mais, claro, mas não estava num desses dias em que me sentia rico, não.

Depois de um almoço ruim no Shopping Center 3 (escolhi mal, devido à pressa para pegar a sessão, talvez), fui ao Petra Belas Artes para comprar ingresso para o novo Almodóvar, o maravilhoso DOR E GLÓRIA, e o novo do Paulo Sacramento, A FACA E O OLHO. O do Almodóvar me tocou com força. Espero poder escrever sobre ele aqui em breve. O do Sacramento é um pouco cheio de falhas, mas tem sua força em causar angústia. De volta para casa, o Michel já estava por lá. Havia uma possibilidade de ir a um show da banda Del Rey, mas acabou não rolando. Como tínhamos mesmo que ver HOMEM-ARANHA - LONGE DE CASA, parecia uma boa oportunidade. A Cris também foi, um pouco cansada do trabalho. O novo filme do Aranha, aliás, é bem divertido.

Sábado

Felizmente o dia amanheceu sem chuva. Em compensação, foi um desses dias de muito frio. O termômetro chegou a marcar 7º C. Depois de um café da manhã rápido, que serviu para esquentar a barriga, peguei o metrô para em seguida pegar o ônibus para Jundiaí. Estava feliz em poder ir em direção a uma cidade do interior de São Paulo. A única vez que tinha saído da capital foi para ir a Campinas, mas não conta muito, pois dormi o caminho inteiro e o espaço em que fomos foi um mega shopping center. Chegando na casa do Primati e da Bia fui recebido calorosamente pelos dois. Conheci os vários gatos assustados, belos e simpáticos da casa, a estante admiravelmente cheia de livros interessantes - mesmo com a conversa boa, de vez em quando eu olhava para a estante, sou meio que fascinado por estantes. A Bia ainda não tinha feito o almoço, e fui com ela comprar uns ingredientes. Gostei bastante de um espaço onde se compra quase de tudo de ingredientes. Que eu saiba, não tem nada do tipo aqui em Fortaleza.

De volta para a casa, almoço e bate-papo. Curiosamente, o papo que mais se desenvolveu, além de coisas da vida real, Seinfeld, filmes e gatos, foi sobre música. Ouvimos muita música e falamos bastante de música. Senti-me à vontade com pessoas que também não se sentiam muito felizes com os caminhos da música pop do novo milênio. A Juliana também veio para me ver na hora do almoço e foi muito divertido o papo. Creio que a minha amizade com eles se solidificou ainda mais com essa visita. Até me arrependi de não ter ficado para dormir e ir no dia seguinte (é que eu achava que estaria abusando da hospitalidade se ficasse muito tempo). Como eles disseram, daria para aproveitar mais. Fica para a próxima oportunidade.

Muito do meu interesse para voltar para São Paulo veio da possibilidade de ver uma peça com a Alessandra Negrini em um teatro ali na Vila Mariana. Acabou dando certo a ida ao teatro, embora a peça não tenha nos agradado muito. Chama-se Uísque e Vergonha, com direção de Nelson Baskerville, baseado em um livro de Juliana Franck, escrito em 2016. O que mais me incomodou na peça foi o quanto o humor não serviu para fazer rir. Os palavrões acabaram parecendo gratuitos e apenas feitos para incomodar. A peça terminou com uma homenagem a João Gilberto, falecido naquele sábado. Antes disso, o jantar havia sido um hambúrguer caprichado na Jazz. Que lugar bacana, hein. E o sanduíche é ótimo. Para mim, que evito comer porco, é perfeito, então, já que o dono é adventista do sétimo dia.

Domingo

Dia de comemorar o aniversário fora de casa. Havia convidado outros amigos, entre os que estavam em Sampa (vários viajaram ou se mudaram para outros lugares do mundo), mas por motivos diversos eles não puderam ir. Estiveram presentes no restaurante Sujinho, além de Michel e Cris, Chico, Gustavo e o casal que eu conheço desde os primórdios do blog, Tiago e Denise, que trouxeram seu baby, o Benjamin. Na TV passava a final da Copa do Mundo feminina de futebol. A comida era boa - experimentei o salmão - e o papo fluiu bem. Depois do almoço, eu, Michel e Gustavo fomos caminhar um pouco pela Paulista, que estava fechada para os carros. Muito agradável poder sentir o prazer do calor do sol em dias frios. Até o sorvete pareceu mais gostoso. Se bem que o Michel falou que aquele é o melhor (ou um dos melhores) da cidade.

Depois de uma descansada em casa, Michel e eu fomos ver MEMÓRIAS DA DOR, de Emmanuel Finkiel. Que baita filme, meus amigos. E que performance arrasadora de Mélanie Thierry! É outro filme que eu preciso parar com calma para escrever e poder ampliar a experiência do cinema. Sem dúvida, um dos melhores títulos que eu vi neste ano. Já estava quase saindo de cartaz em São Paulo. Portanto, quem ainda não viu, corra para ver. Aqui em Fortaleza não chegou e eu nem sei se um dia vai chegar. Em seguida, fomos jantar em outro lugar excelente, o Prainha da Paulista. Impressionante a quantidade de comida boa que São Paulo oferece.

Segunda-feira

O dia amanheceu com a emoção de estar junto com a turma para o podcast Cinema na Varanda. Tiago não estava; viajou. Uma honra estar ao lado de Michel, Chico e Cris nesta segunda vez ao vivo com eles fazendo este programa, que eu gosto tanto e não perdi nenhum episódio até hoje. Os filmes em debate foram HOMEM-ARANHA - LONGE DE CASA, DIVINO AMOR e DEMOCRACIA EM VERTIGEM. Além disso, no Puxadinho da Varanda, ainda trouxemos à tona os filmes FORA DE SÉRIE, DESLEMBRO, MEMÓRIAS DA DOR e TURMA DA MÔNICA - LAÇOS. Quem quiser ouvir o episódio, ele já está disponível AQUI.

Depois do podcast, saímos para almoçar (aliás, anotem aí: Go Fresh; que comida gostosa a desse restaurante!) e encontrar o fella de Natal, Marcos Aurélio Felipe, outro cara fantástico que conheço já faz um longo tempo. Ele estava passando uns dias com a família em Sampa e foi ótimo ter essa possibilidade de encontrá-lo. Depois de conversar e almoçar, nós três saímos para ver SANTIAGO, ITÁLIA, o novo filme de Nanni Moretti. Não é um dos melhores do Moretti, com certeza, mas, nos dias de hoje, acaba sendo necessário. Após uma ida para trocar uma camiseta em uma loja que usa estampas bacanas de cinema e música, fomos ao café do Espaço Itaú conversar mais um pouco. Era o tempo de ir para a terceira parte da programação do dia, o karaokê na Liberdade.

Só não foi melhor do que a outra vez pois estava lotado e todo mundo queria cantar. Só consegui cantar duas músicas ("Never there", do Cake, e "The KKK took my baby away", dos Ramones) e nem acho que fui bem. Havia um grupo de especialistas, quase profissionais em karaokê, tanto na voz quanto nas coreografias. Outra coisa que percebi e que fez eu me sentir mais velho: a quantidade de canções novas no repertório que eu não conhecia. Mas fiquei feliz que o grande momento da noite veio da nossa turma: Cris e Chico cantaram "Shallow", a original de Bradley Cooper e Lady Gaga, não a horrível versão brasileira, claro. Cris mandou bem demais emulando a Gaga.

Ah, e o momento também foi muito importante para finalmente conhecer pessoalmente a Paula Ferraz, dessas pessoas que a gente já gosta mesmo de longe. Ela havia viajado para Jericoacoara e retornou naquele dia. Me presenteou com dois DVDs (O AMANTE DUPLO e EU, TONYA) e me deu aquele abraço acolhedor. Fiquei feliz demais de encontrá-la.

Terça-feira

Dia de voltar para casa. Mas antes Cris e Michel foram tão legais comigo que, além de me darem carona de volta até o aeroporto, ainda me levaram a um lugar muito interessante, uma espécie de cafeteria hipster com cadeiras de praia e um café-da-manhã gourmetizado. Chama-se Beth Bakery. Gostei de conhecer o lugar. O dia foi curto e a viagem até que foi rápida, embora tenha chegado bem cansado. De todo modo, foram cinco dias que valeram demais. Novamente, deixo novamente meu muito obrigado à acolhida dos amigos todos citados aqui, em especial, claro, Michel e Cris. Até a próxima, my friends!