quarta-feira, julho 10, 2019

SAMPA 2019

Sou um pouco preguiçoso e esse é talvez um dos motivos de eu não viajar mais vezes. Mas não há como negar o quanto as viagens me fazem bem. Ainda não experimentei viajar sozinho para o exterior, mas está na minha to do list. Deve ser uma experiência fascinante. Mas, por enquanto, quis voltar a São Paulo. A última vez em que lá estive foi em 2016, para o casamento de meu amigo Michel Simões, que mais uma vez me acolheu em seu lar. A ele e à Cris, sua esposa, deixo meu muito obrigado. E a vontade de poder retribuir quando for possível.

O blog, como vocês puderam notar, anda meio parado, por uma série de motivos. Mas esse é um mal que vem assolando todos os blogs que eu conheço. Por isso é bom quando um amigo incentiva a continuidade, como é o caso de Bruno de Alcântara, que lembra até mais do que eu de muitos eventos ocorridos em viagens passadas, devidamente contadas neste espaço.

Quinta-feira

A dormida no voo das 3h40 da manhã da Azul não foi das mais confortáveis. Esses aviões não nasceram para ser confortáveis, anyway. Ao chegar, São Paulo já estava carregada por um chuva constante, mas ainda suave. Fui de ônibus até uma estação de metrô e de lá cheguei à estação mais próxima da casa do Michel, a estação Ana Rosa. O problema é que logo foi se formando uma tempestade. Mesmo assim, achei que bastaria eu chamar um uber que ficaria tudo certo. Chamei o primeiro, que foi parar em um lugar que eu não sabia onde era. Com o segundo aconteceu a mesma coisa. Com o terceiro também. Já estava disposto a pegar um táxi e por isso atravessei a rua, sem guarda-chuva. Em vão: o táxi não estava à disposição. Sorte que o motorista do último uber, ao me ver naquela situação, todo encharcado e carregando uma mala, gritou pelo meu nome. Parou no acostamento e me explicou que em São Paulo o uber não funciona direito se você não colocar exatamente o local de partida. Parecia que eu estava vivendo uma cena de SUSPIRIA, o filme do Dario Argento.

Enfim, cheguei encharcado no prédio do Michel e ainda tive que verificar o número do apartamento na chuva, para que o pessoal da portaria pudesse liberar minha entrada. Mesmo assim, claro que foi bom poder chegar. A Cris ainda estava em casa, mas já apressada para ir trabalhar. Me conseguiu um guarda-chuva cor-de-rosa que me quebrou um galhão nos dias chuvosos.

No mais, consegui tirar um cochilo para ir ao combinado almoço com o amigo Eduardo Aguilar. Combinamos de nos encontrar na Estação Luz para em seguida partir para o restaurante que ele sugeriu. Muito bom, aliás. Comemos um bife à parmegiana excelente. Mas bom mesmo foi o papo, que durou cerca de quatro horas. Papo de muito cinema e de vida real. Com o Aguilar, nem dá tempo para pausas entre uma conversa e outra. Muito bom.

Em seguida, fui atrás de comprar um outro sapato, pois o que eu usava estava um tanto molhado. A intenção seria aproveitar para ficar um pouco mais sequinho e ver algum filme em uma sessão próxima. Mas a chuva não deixou. O sapato novo logo ficou mais encharcado que o velho. Então, a ideia de ver um filme àquela hora foi para o brejo. Tentei novamente pegar um uber e foi novamente frustrante. Acabei pegando um taxi para voltar para a casa do Michel, que estaria voltando do trabalho. Quando ele chegou, saímos para comer uns espetinhos no Boni. Muito bom. Especialmente o kafta.

Sexta-feira

A sexta-feira deveria ser o dia de ir a Jundiaí, para visitar os amigos Bia e Primati, mas achei melhor deixar para o sábado, devido a complicações nos horários de trabalho da Bia. Foi bom assim, já que a sexta-feira também foi um dia de muita chuva. Ainda que não tão tanto quanto a quinta. Depois de um café da manhã caprichado fiz um passeio pela Rua Augusta principalmente para visitar aquela loja de discos bacana, a Augusta Discos. Saí de lá todo feliz com quatro CDs: Radiohead: Amnesiac; Cat Power: What Would You Think the Community Think; mundo livro s/a: guentando a ôia; e Marina Lima, o disco homônimo de 1991. Queria mais, claro, mas não estava num desses dias em que me sentia rico, não.

Depois de um almoço ruim no Shopping Center 3 (escolhi mal, devido à pressa para pegar a sessão, talvez), fui ao Petra Belas Artes para comprar ingresso para o novo Almodóvar, o maravilhoso DOR E GLÓRIA, e o novo do Paulo Sacramento, A FACA E O OLHO. O do Almodóvar me tocou com força. Espero poder escrever sobre ele aqui em breve. O do Sacramento é um pouco cheio de falhas, mas tem sua força em causar angústia. De volta para casa, o Michel já estava por lá. Havia uma possibilidade de ir a um show da banda Del Rey, mas acabou não rolando. Como tínhamos mesmo que ver HOMEM-ARANHA - LONGE DE CASA, parecia uma boa oportunidade. A Cris também foi, um pouco cansada do trabalho. O novo filme do Aranha, aliás, é bem divertido.

Sábado

Felizmente o dia amanheceu sem chuva. Em compensação, foi um desses dias de muito frio. O termômetro chegou a marcar 7º C. Depois de um café da manhã rápido, que serviu para esquentar a barriga, peguei o metrô para em seguida pegar o ônibus para Jundiaí. Estava feliz em poder ir em direção a uma cidade do interior de São Paulo. A única vez que tinha saído da capital foi para ir a Campinas, mas não conta muito, pois dormi o caminho inteiro e o espaço em que fomos foi um mega shopping center. Chegando na casa do Primati e da Bia fui recebido calorosamente pelos dois. Conheci os vários gatos assustados, belos e simpáticos da casa, a estante admiravelmente cheia de livros interessantes - mesmo com a conversa boa, de vez em quando eu olhava para a estante, sou meio que fascinado por estantes. A Bia ainda não tinha feito o almoço, e fui com ela comprar uns ingredientes. Gostei bastante de um espaço onde se compra quase de tudo de ingredientes. Que eu saiba, não tem nada do tipo aqui em Fortaleza.

De volta para a casa, almoço e bate-papo. Curiosamente, o papo que mais se desenvolveu, além de coisas da vida real, Seinfeld, filmes e gatos, foi sobre música. Ouvimos muita música e falamos bastante de música. Senti-me à vontade com pessoas que também não se sentiam muito felizes com os caminhos da música pop do novo milênio. A Juliana também veio para me ver na hora do almoço e foi muito divertido o papo. Creio que a minha amizade com eles se solidificou ainda mais com essa visita. Até me arrependi de não ter ficado para dormir e ir no dia seguinte (é que eu achava que estaria abusando da hospitalidade se ficasse muito tempo). Como eles disseram, daria para aproveitar mais. Fica para a próxima oportunidade.

Muito do meu interesse para voltar para São Paulo veio da possibilidade de ver uma peça com a Alessandra Negrini em um teatro ali na Vila Mariana. Acabou dando certo a ida ao teatro, embora a peça não tenha nos agradado muito. Chama-se Uísque e Vergonha, com direção de Nelson Baskerville, baseado em um livro de Juliana Franck, escrito em 2016. O que mais me incomodou na peça foi o quanto o humor não serviu para fazer rir. Os palavrões acabaram parecendo gratuitos e apenas feitos para incomodar. A peça terminou com uma homenagem a João Gilberto, falecido naquele sábado. Antes disso, o jantar havia sido um hambúrguer caprichado na Jazz. Que lugar bacana, hein. E o sanduíche é ótimo. Para mim, que evito comer porco, é perfeito, então, já que o dono é adventista do sétimo dia.

Domingo

Dia de comemorar o aniversário fora de casa. Havia convidado outros amigos, entre os que estavam em Sampa (vários viajaram ou se mudaram para outros lugares do mundo), mas por motivos diversos eles não puderam ir. Estiveram presentes no restaurante Sujinho, além de Michel e Cris, Chico, Gustavo e o casal que eu conheço desde os primórdios do blog, Tiago e Denise, que trouxeram seu baby, o Benjamin. Na TV passava a final da Copa do Mundo feminina de futebol. A comida era boa - experimentei o salmão - e o papo fluiu bem. Depois do almoço, eu, Michel e Gustavo fomos caminhar um pouco pela Paulista, que estava fechada para os carros. Muito agradável poder sentir o prazer do calor do sol em dias frios. Até o sorvete pareceu mais gostoso. Se bem que o Michel falou que aquele é o melhor (ou um dos melhores) da cidade.

Depois de uma descansada em casa, Michel e eu fomos ver MEMÓRIAS DA DOR, de Emmanuel Finkiel. Que baita filme, meus amigos. E que performance arrasadora de Mélanie Thierry! É outro filme que eu preciso parar com calma para escrever e poder ampliar a experiência do cinema. Sem dúvida, um dos melhores títulos que eu vi neste ano. Já estava quase saindo de cartaz em São Paulo. Portanto, quem ainda não viu, corra para ver. Aqui em Fortaleza não chegou e eu nem sei se um dia vai chegar. Em seguida, fomos jantar em outro lugar excelente, o Prainha da Paulista. Impressionante a quantidade de comida boa que São Paulo oferece.

Segunda-feira

O dia amanheceu com a emoção de estar junto com a turma para o podcast Cinema na Varanda. Tiago não estava; viajou. Uma honra estar ao lado de Michel, Chico e Cris nesta segunda vez ao vivo com eles fazendo este programa, que eu gosto tanto e não perdi nenhum episódio até hoje. Os filmes em debate foram HOMEM-ARANHA - LONGE DE CASA, DIVINO AMOR e DEMOCRACIA EM VERTIGEM. Além disso, no Puxadinho da Varanda, ainda trouxemos à tona os filmes FORA DE SÉRIE, DESLEMBRO, MEMÓRIAS DA DOR e TURMA DA MÔNICA - LAÇOS. Quem quiser ouvir o episódio, ele já está disponível AQUI.

Depois do podcast, saímos para almoçar (aliás, anotem aí: Go Fresh; que comida gostosa a desse restaurante!) e encontrar o fella de Natal, Marcos Aurélio Felipe, outro cara fantástico que conheço já faz um longo tempo. Ele estava passando uns dias com a família em Sampa e foi ótimo ter essa possibilidade de encontrá-lo. Depois de conversar e almoçar, nós três saímos para ver SANTIAGO, ITÁLIA, o novo filme de Nanni Moretti. Não é um dos melhores do Moretti, com certeza, mas, nos dias de hoje, acaba sendo necessário. Após uma ida para trocar uma camiseta em uma loja que usa estampas bacanas de cinema e música, fomos ao café do Espaço Itaú conversar mais um pouco. Era o tempo de ir para a terceira parte da programação do dia, o karaokê na Liberdade.

Só não foi melhor do que a outra vez pois estava lotado e todo mundo queria cantar. Só consegui cantar duas músicas ("Never there", do Cake, e "The KKK took my baby away", dos Ramones) e nem acho que fui bem. Havia um grupo de especialistas, quase profissionais em karaokê, tanto na voz quanto nas coreografias. Outra coisa que percebi e que fez eu me sentir mais velho: a quantidade de canções novas no repertório que eu não conhecia. Mas fiquei feliz que o grande momento da noite veio da nossa turma: Cris e Chico cantaram "Shallow", a original de Bradley Cooper e Lady Gaga, não a horrível versão brasileira, claro. Cris mandou bem demais emulando a Gaga.

Ah, e o momento também foi muito importante para finalmente conhecer pessoalmente a Paula Ferraz, dessas pessoas que a gente já gosta mesmo de longe. Ela havia viajado para Jericoacoara e retornou naquele dia. Me presenteou com dois DVDs (O AMANTE DUPLO e EU, TONYA) e me deu aquele abraço acolhedor. Fiquei feliz demais de encontrá-la.

Terça-feira

Dia de voltar para casa. Mas antes Cris e Michel foram tão legais comigo que, além de me darem carona de volta até o aeroporto, ainda me levaram a um lugar muito interessante, uma espécie de cafeteria hipster com cadeiras de praia e um café-da-manhã gourmetizado. Chama-se Beth Bakery. Gostei de conhecer o lugar. O dia foi curto e a viagem até que foi rápida, embora tenha chegado bem cansado. De todo modo, foram cinco dias que valeram demais. Novamente, deixo novamente meu muito obrigado à acolhida dos amigos todos citados aqui, em especial, claro, Michel e Cris. Até a próxima, my friends!

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