domingo, janeiro 29, 2012

O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS (Tinker Tailor Soldier Spy)



Sou um dos que saíram da sessão de O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS (2011) tão perdido quanto cego em tiroteio. Mas pelo menos fiquei bravamente até o final. Diferente da multidão de espectadores que iam saindo aos poucos. Nunca vi tanta gente desistindo de um filme antes em toda minha "carreira" de cinéfilo. Eu fiquei até o fim, esperando uma "iluminação", algo que trouxesse respostas para tantas perguntas. Aliás, é difícil formular as perguntas quando se está tão confuso.

O que eu mais curti foram os aspectos plásticos do filme, como a fotografia em tons setentistas; a maravilhosa trilha sonora de Alberto Iglesias; o variado uso de planos gerais, com cenas que remetem diversas vezes a JANELA INDISCRETA, do mestre Hitchcock. Mas algumas coisas me deixavam irritado, como a tão elogiada interpretação de Gary Oldman, como o Mr. Smiley, todo o tempo com aquela expressão excessivamente contida, como se estivesse acima de todos os mortais; e principalmente o enredo complicado, com excesso de nomes e personagens, dando claramente para se notar que se trata de uma adaptação de um romance. No caso, um romance de John le Carré, homem que já foi secretário de embaixada e cônsul da Inglaterra, tendo, portanto, grande conhecimento de política e espionagem durante a Guerra Fria.

Na trama, Mr. Smiley é "convidado" por Control (John Hurt) a sair de sua aposentadoria para descobrir quem do seu grupo é um agente infiltrado, um traidor do MI-6 que está trabalhando como espião para os soviéticos. O filme segue então mostrando cenas do passado, tanto através de uma interessante montagem, como do recurso do flashback em voice-over, como na história contada pelo personagem de Tom Hardy. Isso ajuda o espectador a conhecer um pouco alguns personagens – outros permanecem na sombra e não passam de peças no tabuleiro. Todos, até o protagonista, são vistos de maneira superficial, o que faz com que pouco nos importemos com eles. O filme é, então, mais um exercício do olhar. Do olhar frio e investigativo, embora possa haver algum envolvimento afetivo entre espectador mais atento e personagem solitário.

O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS recebeu três indicações ao Oscar: ator (Gary Oldman), trilha sonora e roteiro adaptado.

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