quinta-feira, janeiro 05, 2012

AMADAS E VIOLENTADAS



O cinema de Jean Garrett, um dos mais cultuados cineastas da Boca do Lixo, até então era uma grande lacuna para mim. AMADAS E VIOLENTADAS (1975), seu segundo trabalho na direção, foi seu primeiro filme que vi e que me animou bastante a conhecer mais. Quando o especialista em cinema de horror Carlos Primati esteve aqui em Fortaleza, ele ficou pegando no meu pé porque eu não havia visto nada do Garrett. Lembro que cheguei a "namorar" algumas vezes o vhs de EXCITAÇÃO (1976) nas locadoras, mas sempre acabava não levando. O filme foi produzido pela produtora Dacar, de David Cardoso, que já havia arrecadado bem com o anterior, também dirigido por Garrett, A ILHA DO DESEJO (1975).

Em AMADAS E VIOLENTADAS, temos um escritor psicopata, vivido por Cardoso, que acredita estar escrevendo a sua obra-prima, um romance baseado nos recentes homicídios cometidos por ele. Aos poucos, o filme vai nos mostrando que seu comportamento é fruto de um trauma de infância, envolvendo o assassinato da mãe e o suicídio do pai. Ele tem dificuldade de se relacionar com as mulheres e é o típico assassino impotente e frustrado. De certo modo, o enredo guarda semelhança com INSTINTO SELVAGEM, de Paul Verhoeven, embora o filme estrelado por Sharon Stone seja bem mais complexo na definição do assassino.

A primeira vítima a ser mostrada, inclusive, é uma de suas "secretárias", uma mulher que morava em sua casa, sob o pretexto de ser vista pela sociedade também como um caso seu, e que é assassinada num apartamento, quando é pega com um homem, logo no prólogo. Não sem antes de o filme mostrar um pouco os dotes físicos da moça. Na época, o cinema produzido na Boca já começava a explorar a nudez como chamariz.

A trama ganha outros contornos quando entra em cena uma jovem garota que está fugindo de uma seita satânica, que pretende sacrificá-la num ritual diabólico. O escritor psicopata a salva e consegue a guarda da garota. Ele admira a pureza da menina, que por ter crescido num orfanato, se comporta como uma criança. A relação com a garota, a investigação da polícia e de uma jornalista curiosa e outras reviravoltas da trama não preparam o espectador para o belo final.

Tenho comigo pelo menos mais outros quatro filmes de Garrett para apreciação: POSSUÍDAS PELO PECADO (1976); A MULHER QUE INVENTOU O AMOR (1979); MULHER, MULHER (1979); e KARINA, OBJETO DO PRAZER (1981).

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