segunda-feira, janeiro 23, 2012

AS AVENTURAS DE TINTIM (The Adventures of Tintin)























Se já não conhecêssemos essas duas facetas de Steven Spielberg – a do cineasta de tons melodramáticos e a do fã de filmes de aventura –, não diríamos que CAVALO DE GUERRA (2011) e AS AVENTURAS DE TINTIM (2011) seriam obras da mesma pessoa. Mas Spielberg já é conhecido e bem estabelecido e uma longa carreira é também sinal de que há alguns deslizes. E felizmente AS AVENTURAS DE TINTIM é tudo que INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL (2008) queria ser e não foi: um exemplar de cinema de aventuras como há tempos não se via.

O filme já começa com uns créditos de abertura de dar gosto, que pelo jeitão deliciosamente anacrônico remetem aos créditos de outro acerto de Spielberg: PRENDA-ME SE FOR CAPAZ (2002). E é até covardia comparar a técnica de captura de movimento que Robert Zemeckis experimentou já em três obras com essa maravilha da união entre tecnologia e arte tão caprichosamente dirigida por Spielberg. Mas parte do sucesso vem também do produtor Peter Jackson. Os dois amavam o material original, os quadrinhos de Hergé, que infelizmente faleceu em 1983, sem poder ver o seu material sendo propagado mundialmente com a força massiva de Hollywood.

O roteiro de AS AVENTURAS DE TINTIM, a cargo de Steven Moffat, Edgar Wright e Joe Cornish (também fãs do personagem), junta três histórias do jornalista aventureiro Tintim e seu cãozinho Milu em uma narrativa non-stop, que só peca talvez por não dar fôlego para que o espectador respire um pouco. É tudo muito rápido, mas é também tudo tão bem orquestrado e detalhista, que nem dá para cansar durante o tempo de projeção. Se os traços dos quadrinhos belgas eram de uma simplicidade franciscana, a riqueza de detalhes do filme se aproxima do barroco. Cada objeto parece ter sido pensado com muito cuidado e carinho.

A história envolve um pequeno barco comprado por Tintim em uma feira, que é cobiçado por dois homens misteriosos. Ao mesmo tempo, há a subtrama de um batedor de carteiras que vagueia pela cidade e está sendo alvo dos desastrados agentes da Interpol, Dupond e Dupont, que se liga à trama principal. A utilização do 3D também é ótima, sem exageros ou efeitos especiais vulgares. Agora é esperar para ver se vai haver mesmo um segundo filme com o personagem, já que AS AVENTURAS DE TINTIM não tem faturado muito bem dentro do território americano.

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