quarta-feira, janeiro 25, 2012

A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM



Não é sempre que se tem a oportunidade de ir ao cinema para conferir um novo filme de Nelson Pereira dos Santos. Isso já é motivo suficiente para o cidadão sair de sua casa para ver o novo trabalho do pai do moderno cinema brasileiro. Mas acontece que há também outro bom e principal motivo para ver A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM (2012): a música desse homem que se transformou numa espécie de lenda da música. Ele projetou o Brasil para o mundo. E não o Brasil da pobreza e da miséria, mas um Brasil sofisticado, como ele, Antonio Carlos Jobim (1927-1994) era, em suas composições. Não se trata, portanto, de esconder os males da sociedade brasileira, mas de mostrar outra faceta, que também existe.

Além do mais, para o filme, a música de Tom Jobim é o que basta. Tanto que A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM não apresenta nenhum depoimento, nenhuma apresentação oral, nem mesmo os nomes dos diversos artistas que cantam ou tocam as suas canções aparecem. Para saber quem é aquele artista que você não conhece, vai precisar esperar os créditos finais. E o público espera mesmo, fica até o finalzinho, na esperança, talvez, de ouvir mais uma dessas canções que elevam a alma.

O filme começa com Gal Costa, mas vai passando por diversos outros nomes conhecidos e não tão conhecidos. No início, vemos as primeiras composições, as imagens do Rio de Janeiro da década de 1950, a aclamação internacional, o surgimento da Bossa Nova, o encontro com Frank Sinatra. Depois, o filme vai optando mais pela temática do que pelo registro cronológico. Quem faz falta é João Gilberto, entre os artistas que cantam, mas parece que negociar direitos autorais ou de imagem com esse homem é uma novela.

Alguns momentos são como pequenas espetadas no coração, como as interpretações de "Insensatez", uma de minhas eternas favoritas; outros são de se esboçar um sorriso no rosto, quando vemos Tom em parceria com Elis Regina cantando "As águas de março"; ou as diversas versões de "Garota de Ipanema", uma das canções mais cantadas e conhecidas do mundo, em vários idiomas e roupagens. Outras canções consagradas como "Desafinado", "Luiza", "Corcovado", "Anos Dourados", "Eu sei que vou te amar", entre outras, fazem a alegria até de quem não é um aficionado pela MPB. E a montagem é de uma suavidade e um cuidado que combinam com a música de Tom.

Chico Buarque, Elizeth Cardoso, Milton Nascimento, Gal Costa, Elis Regina, Maysa, Nara Leão, Nana Caymmi, Sylvia Telles, Miucha, Fernanda Takai, Carlinhos Brown, Adriana Calcanhotto e os estrangeiros Frank Sinatra, Sarah Vaughn, Ella Fitzgerald, Sammy Davis Jr., Oscar Peterson, Dizzy Gillespie, Diana Krall, Judy Garland, entre outros, aguardam o espectador com suas interpretações das canções do maestro. Sair da sessão desse filme, feito em família, tanto da parte de Nelson, quanto da neta Dora Jobim (creditada como codiretora), é uma das melhores e mais agradáveis experiências que alguém pode se presentear.

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