segunda-feira, janeiro 30, 2012

J. EDGAR



Certamente um filme menor na carreira desse gigante que é Clint Eastwood. Mesmo assim, J. EDGAR (2011) tem sua importância na filmografia do diretor. Foge das tendências de seus filmes mais sombrios e espirituais – MENINA DE OURO (2004), GRAN TORINO (2008) e ALÉM DA VIDA (2010), tão belos e dolorosamente poéticos -, e faz parte de outra linha de filmes de Clint, o das biografias, como BIRD (1988) e INVICTUS (2009), coincidentemente dois filmes que estão entre os menos empolgantes da filmografia do diretor.

J. EDGAR é um tanto quadrado e cheio de problemas, como a maquiagem pouco convincente de Leonardo Di Caprio, Naomi Watts e Armie Hammer quando velhos. Soterrados em látex, os três atores parecem mais bonecos de cera. Não à toa, o filme ficou de fora do Oscar até na categoria maquiagem. Compreensível. Relevando esse problema, o filme faz um apanhado interessante da vida de J. Edgar Hoover, o homem que criou o FBI, tendo chefiado o departamento durante 48 anos.

Assim, como o filme mostra a sua vida da juventude até a morte, muitos eventos da História americana são passados. A guerra urbana contra os gângsters nos anos 1930, a luta contra os comunistas, a morte do Presidente Kennedy e a ascensão de Nixon são alguns dos momentos importantes que são vistos ao longo do filme, que opta por um registro de idas e vindas no tempo, começando com o personagem já velho na década de 1960, contando a sua história para um sujeito que faria sua biografia. Um dos melhores momentos: num cinema, o público fica aborrecido ao ver a propaganda de Hoover e fica feliz quando começa o filme: INIMIGO PÚBLICO Nº 1, com James Cagney, o ator com cara de bandido mais amado pela sociedade.

J. EDGAR também dá especial atenção ao relacionamento homossexual de Hoover com o seu subordinado mais próximo, Clyde Tolson. Coincidência ou não, o roteirista de J. EDGAR é Dustin Lance Black, que ganhou o Oscar por seu trabalho em MILK – A VOZ DA IGUALDADE, de Gus Van Sant, filme que lidava mais especificamente com a questão da homossexualidade. No filme de Clint, a questão é tratada com mais sutileza, além de também destacar a solidão do personagem e sua forte ligação com a mãe (Judi Dench). Com mais contras do que prós, suspeito que FBI – ARQUIVO SECRETO, de Larry Cohen, que trata dos arquivos secretos de J. Edgar Hoover, seja bem mais interessante que este novo trabalho de Clint Eastwood.

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