sábado, janeiro 28, 2012

MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (The Girl with the Dragon Tattoo)



O nono longa-metragem de David Fincher prova que ele é um diretor do qual não se dá para imaginar o resultado de cada novo trabalho seu. Não há como negar que ele é um cineasta talentoso, mas tenho uma relação bem estranha com seus filmes. A maioria de seus trabalhos mais aclamados, eu não gosto ou tenho uma relação ambígua com eles, caso de SEVEN – OS SETE CRIMES CAPITAIS (1995), CLUBE DA LUTA (1999) e ZODÍACO (2007). Por outro lado, filmes não muito badalados e até esnobados, como VIDAS EM JOGO (1997) e O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (2008), muito me agradaram. O filme mais próximo da unanimidade que eu gostei e que eu considero o seu melhor trabalho é A REDE SOCIAL (2010).

E o que dizer de MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (2011)? Diria que vi o filme com certo desapontamento. No fim, acredito que não foi uma boa ideia Fincher ter aceitado fazer um filme que já foi adaptado tão recentemente no país de origem, a Suécia. Claramente, Hollywood quer capitalizar em cima dos best-sellers de Stieg Larsson. Isso não tem necessariamente a ver com a qualidade do trabalho; o problema é que fica a impressão de que eles querem provar que podem fazer melhor e meio que apagar os rastros da ainda quentinha primeira adaptação, OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (2009), de Niels Arden Oplev. Que é bem mais eficiente na construção do suspense e da atmosfera fria e agressiva do romance.

A Lisbeth de Fincher parece uma cópia da do filme anterior, talvez porque não se pudesse fugir muito da descrição do romancista. Por outro lado, a presença de Daniel Craig já muda um pouco a situação, já que estamos falando do atual James Bond. Assim, ele não passa em momento algum o mínimo de fragilidade que o personagem talvez devesse ter diante das circunstâncias de sua vida atual. Já Rooney Mara, é sim uma boa atriz, e há uma preferência da parte de Fincher de torná-la mais sensível no relacionamento que passa a ter com o jornalista investigativo Mikael Blomkvist (Craig).

Não sei se por causa da semelhança com a trama do filme de 2009 – claro, a história é a mesma -, vi a narrativa como o maior problema desta adaptação. Provavelmente o filme agradará mais a quem não viu a versão sueca, pois tudo será novidade. A cena do estupro, por exemplo, perde o impacto na nova versão. Pra quem viu, enfim, há algumas poucas novidades, como o final alternativo e os créditos de abertura, ao som de "Immigrant Song", do Led Zeppelin, em versão "fim do mundo", por Trent Reznor e Karen O. O que nos faz lembrar o passado videoclipeiro de Fincher.

MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES recebeu cinco indicações ao Oscar: atriz (Rooney Mara), fotografia, montagem, edição de som e mixagem de som.

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