domingo, março 24, 2013

VAI QUE DÁ CERTO























E não é que deu certo mesmo?! Para quem já espera de uma comédia contemporânea brasileira o mal cuidado com o roteiro e o humor constrangedor, eis que, saindo da Porta dos Fundos, vem um grupo para sacudir um pouco a poeira e mostrar que ainda há salvação para o humor brasileiro e que este não deve ficar apenas restrito a esquetes no youtube, que é como começou o grupo de comediantes do Porta dos Fundos. Tudo bem que o filme não é só deles, mas tendo dois integrantes (Fábio Porchat e Gregório Duvivier) e mais os diálogos a cargo do próprio Porchat, VAI QUE DÁ CERTO (2013) é o mais próximo que temos no cinema do humor do grupo.

Os demais integrantes não atrapalham: ao contrário, todos estão muito bem. Natália Lage é a única mulher do grupo, mas é tão bela e cheia de charme que nem precisa de outra. Quanto aos demais marmanjos, Danton Mello, Lúcio Mauro Filho e Felipe Abib completam o time de sujeitos desastrados que procuram uma atitude bem drástica para sair do buraco em que se encontram: assaltar um carro-forte. Bruno Mazzeo aparece para dar sorte, já que suas últimas comédias no cinema, se não são necessariamente essas maravilhas, tiveram, em geral, boa recepção nas bilheterias.

Dos rapazes, vale destacar os olhos esbugalhados de Lúcio Mauro Filho, que é o sujeito que oferece ao amigo vivido por Danton Mello a ideia de assaltar o carro-forte. Gregório Duvivier se destaca como o mais engraçado do grupo, fazendo o personagem nerd. Ele é o mais inocente e infantil da turma, mais preocupado em coisas como videogames e em disputas absurdas entre James Bond e o Batman, o que acaba gerando alguns dos momentos mais divertidos do filme.

Uma das coisas que mais funcionam em VAI QUE DÁ CERTO é a leveza e o tom descompromissado com que o próprio roteiro leva o filme, sem muita preocupação em parecer inteligente, mas conseguindo com habilidade apostar também no absurdo. Afinal, um filme que traz um grupo de mafiosos que aluga armas já mostra que não é para ser levado a sério. E o filme se equilibra em seus três principais momentos, no que se refere às tentativas dos personagens de conseguir dinheiro para consertarem a confusão que fizeram, entre policiais, mafiosos e políticos.

O filme, ainda por cima, conta com uma participação bem especial de Lúcio Mauro (o pai), que faz um velho militar aposentado com Alzheimer que, como de hábito, ajuda a dar ao filme certa nobreza. Quem não lembra com saudade dele na Escolinha do Professor Raimundo? Sem falar que ele é engraçado até em drama depressivo, como foi o caso de FELIZ NATAL, de Selton Mello.

Assim, VAI QUE DÁ CERTO traz um frescor para as comédias feitas para o cinema que ultimamente não andavam muito bem. Tanto Porchat, com o horroroso TOTALMENTE INOCENTES, quanto Mazzeo, com o constrangedor CILADA.COM, são exemplos de que a comédia brasileira precisa mesmo evoluir. E que bom ver que o talento dos dois não é desperdiçado neste novo filme. E, sem querer desmerecer a direção competente de Maurício Farias, que venha um filme mais independente, estrelado pelo elenco do Porta dos Fundos e com direito à presença de Clarice Falcão.

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