Uma das primeiras coisas que salta aos olhos logo que vemos as primeiras imagens de NO (2012), de Pablo Narraín, é a fotografia. Parece até falha da cópia ou da projeção, de tão acentuadas suas imperfeições. Mas depois percebemos que isso foi proposital. Isso e a janela em 1.33:1 remetem ao formato da televisão da segunda metade dos anos 1980. Narraín filmou em u-matic, a tecnologia de gravação dos aparelhos de videocassete da época. Assim, a imagem às vezes parece desfocada.
O filme se passa em 1988, ano em que o ditador e então presidente do Chile Augusto Pinochet convoca o povo para um plebiscito: dizer nas urnas "sim" ou "não" ao seu governo. Quem tem a coragem de peitar a sua ditadura que já matou, torturou e fez desaparecer tantas vítimas é o grupo responsável pela campanha do "não".
O plebiscito foi feito por causa das pressões externas. A maioria dos países latino-americanos já havia se livrado da cruz dos regimes militares e estava entrando em processo de redemocratização. Pinochet, que não queria largar o osso, em vez de entregar o país para novas eleições, faz uma campanha em seu favor, dando apenas 15 minutos diários para que a oposição seja criativa o suficiente para fazer com que a população vote "não" nas urnas. E ainda fazendo terrorismo, que é para não perder o costume.
Gael García Bernal é o publicitário filho de militante que viveu alguns anos no exterior que é contratado pelo grupo oposicionista, composto em sua maioria de socialistas. Ele é contra a ideia de fazer uma campanha pesada, atacando o governo e falando dos desaparecidos políticos. Segundo ele, isso não vende, só traz mais medo para a população. Assim, sua propaganda otimista fica parecendo mais uma propaganda de refrigerante. E bem típica dos anos 80, com aquele colorido exagerado. Mas a ideia é interessante e sabemos que dá certo no fim.
Aliás, um dos grandes trunfos de NO é conseguir prender a atenção, e até com certa tensão, até o fim, mesmo sabendo que o "não" triunfará. Mas é como isso acontece que nos interessa. Por isso, o filme também tem uma importância histórica e didática. Mas sem perder suas virtudes fílmicas. Afinal, seu final agridoce mostra que apesar de os chilenos terem ganhado uma luta, ainda havia muito a ser conquistado. E essa sensação de amargor é sentida principalmente no rosto do personagem de Bernal, aqui em um dos momentos mais brilhantes de sua carreira.
NO foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro este ano, tendo perdido para AMOR, de Michael Haneke.
O filme se passa em 1988, ano em que o ditador e então presidente do Chile Augusto Pinochet convoca o povo para um plebiscito: dizer nas urnas "sim" ou "não" ao seu governo. Quem tem a coragem de peitar a sua ditadura que já matou, torturou e fez desaparecer tantas vítimas é o grupo responsável pela campanha do "não".
O plebiscito foi feito por causa das pressões externas. A maioria dos países latino-americanos já havia se livrado da cruz dos regimes militares e estava entrando em processo de redemocratização. Pinochet, que não queria largar o osso, em vez de entregar o país para novas eleições, faz uma campanha em seu favor, dando apenas 15 minutos diários para que a oposição seja criativa o suficiente para fazer com que a população vote "não" nas urnas. E ainda fazendo terrorismo, que é para não perder o costume.
Gael García Bernal é o publicitário filho de militante que viveu alguns anos no exterior que é contratado pelo grupo oposicionista, composto em sua maioria de socialistas. Ele é contra a ideia de fazer uma campanha pesada, atacando o governo e falando dos desaparecidos políticos. Segundo ele, isso não vende, só traz mais medo para a população. Assim, sua propaganda otimista fica parecendo mais uma propaganda de refrigerante. E bem típica dos anos 80, com aquele colorido exagerado. Mas a ideia é interessante e sabemos que dá certo no fim.
Aliás, um dos grandes trunfos de NO é conseguir prender a atenção, e até com certa tensão, até o fim, mesmo sabendo que o "não" triunfará. Mas é como isso acontece que nos interessa. Por isso, o filme também tem uma importância histórica e didática. Mas sem perder suas virtudes fílmicas. Afinal, seu final agridoce mostra que apesar de os chilenos terem ganhado uma luta, ainda havia muito a ser conquistado. E essa sensação de amargor é sentida principalmente no rosto do personagem de Bernal, aqui em um dos momentos mais brilhantes de sua carreira.
NO foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro este ano, tendo perdido para AMOR, de Michael Haneke.
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