sábado, janeiro 26, 2008

QUATRO IRMÃS / QUATRO DESTINOS (Little Women)



Demorou, mas aqui estou de volta com a minha peregrinação pela obra de George Cukor. E acabei descobrindo que Cukor fazia aniversário no mesmo dia que eu. Já não posso mais dizer que as únicas celebridades que fazem aniversário em 7 de julho junto comigo são Ringo Starr e Eduardo Aguilar. :-) O filme da vez é LITTLE WOMEN (1933) - com dois títulos nacionais, optei por utilizar o título original no corpo do texto. Trata-se da segunda parceria de Cukor com Katharine Hepburn. A primeira havia sido o drama VÍTIMAS DO DIVÓRCIO (1932). Em LITTLE WOMEN, achei-a um pouco deslocada no grupo de irmãs, por isso prefiro as cenas em que elas aparecem mais maduras, tornando o filme mais crível e o drama da solitária Jo (Hepburn) bem mais fácil de ser compreendido. No início, o filme parece apenas um melodrama xaroposo e envelhecido. O começo, com a família de mulheres (a mãe e as quatro filhas) doando a própria ceia de natal para um grupo de pessoas pobres já me deixou com má impressão e má vontade de ver o restante do filme. Mas ver o filme cansado e em pedaços, depois de chegar cansado da dura jornada de trabalho semanal não ajuda muito na apreciação, tanto que me emocionei com o final, vendo descansado, nessa manhã de sábado.

A estória se inicia durante a Guerra Civil Americana, quando o pai das três meninas estava ausente, lutando na guerra, e a sociedade americana passava por um momento difícil, mesmo aqueles que viviam na Nova Inglaterra ou em Nova York. A atriz que faz a tia das meninas, Edna May Oliver, apareceria três anos depois como a mulher que cuida da romântica Julieta em ROMEU E JULIETA (1936), já comentado aqui no blog. O filme é baseado no clássico romance "Mulherzinhas", de Louisa May Alcott, que rendeu várias outras adaptações para o cinema e para a televisão, sendo a mais recente ADORÁVEIS MULHERES (1994), com Susan Sarandon, Winona Ryder e Kirsten Dunst. Não cheguei a ver esse filme, mas suspeito que seja tão bom ou melhor que o de Cukor.

Katharine Hepburn é, sem dúvida, a alma de LITTLE WOMEN. A cena dela chorando ao lado do homem que a ama e cujo amor ela não consegue retribuir é um dos maiores exemplos disso. E Cukor fez muito bem em mostrar a expressão em lágrimas de Hepburn em close, valorizando mais o filme. Mas o melhor viria, com o terceiro ato, e a definição do destino das quatro irmãs e uma narrativa muito mais centrada na personagem Josephine. O personagem do professor alemão que se apaixona por ela e a ajuda a se tornar uma escritora de ficção melhor é eficiente ao criar um forte envolvimento afetivo, coisa que faltava nas cenas de Jo e Laurie, durante o primeiro ato do filme, que soavam artificiais e excessivamente açucaradas. Sem falar que o fato de ver Kate toda desengonçada quando jovem não era muito agradável, mas ao mesmo tempo, é bem possível que essa falta de jeito de se comportar tenha inspirado, numa cena de festa, a famosa seqüência do vestido rasgado da obra-prima LEVADA DA BRECA, de Howard Hawks.

O próximo filme que Hepburn fez com Cukor foi VIVENDO NA DÚVIDA (1935), que não consegui encontrar com legendas pela internet, portanto, devo pular direto para BOÊMIO ENCANTADOR (1938), lançado em dvd no Brasil e considerado por muitos como um dos pontos altos da carreira do diretor. O filme, pra variar, também conta com a presença radiante de Kate Hepburn.

P.S.: Mais uma interessante revista virtual surge na net: Insólita Máquina. Acho muito importante divulgar essa revista, que tem nesse primeiro número uma retrospectiva de 2007 por Marcelo Carrard, uma adaptação em quadrinhos de um conto de Moacyr Scliar, por Leandro Dóro, o canibalismo e Ruggero Deodato, por Christian Verardi, entre outras coisas legais. É quadrinhos, cinema, literatura e música na revista. Eu gostei. Merece ser divulgada! E já estou na torcida para que o Christian libere alguns de seus fantásticos contos para a revista.

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