quinta-feira, janeiro 17, 2008

MEU NOME NÃO É JOHNNY



Ontem, acabei revendo em dvd na escola O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS, o nosso candidato a candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano. E a impressão que ficou na revisão não foi muito diferente da primeira vez que o assisti, isto é, não achei o filme tudo isso que muita gente diz por aí. Acho o filme certinho demais tecnicamente e talvez seja exatamente por isso que ele não me comoveu ou me empolgou. Fica parecendo asséptico. Já na terça-feira, foi a vez de eu ver MEU NOME NÃO É JOHNNY (2008), de Mauro Lima, que é um filme cheio de falhas, mas que curti bastante durante a sua metragem. Só percebí as "falhas" depois de sair do cinema ou ao ler umas críticas negativas do filme. MEU NOME NÃO É JOHNNY me divertiu e acho que esse mérito não deve ser ignorado, mas valorizado, já que a intenção do filme, além de passar alguma mensagem moral, é antes de tudo entreter, agradar a audiência. E nesse aspecto, eu não tenho do que reclamar, já que o filme é redondinho e a gente nem vê o tempo passar. Sem falar que Selton Mello atingiu um estágio de amadurecimento que o permite atuar com naturalidade e relaxamento, um estágio que alguns dos melhores atores só conseguem num tempo de carreira bem maior.

Pra começar, Selton não precisou se esforçar para fazer papel de maconheiro, já que em ÁRIDO MOVIE ele deu aula de como preparar um baseado muito bem. Serve até pra ser exibido em escolas pras crianças aprenderem, tal o didatismo. Mas a verdade é que no cinema - e muitas vezes na vida real - quem se mete com drogas acaba se ferrando legal. E é o que acontece com João Guilherme Estrella, um playboy, filho de papai, que não fazia nada da vida a não ser se divertir. Para João, desde criança, com o primeiro contato com a maconha na adolescência, até o momento em que ele se tornou um dos maiores traficantes de cocaína do Rio de Janeiro, sua vida foi uma festa sem hora para acabar. Até que um dia a festa acabou, quando foi descoberto o seu esquema de tráfico, momentos depois de ele voltar de uma viagem da Europa com sua namorada (Cléo Pires). A partir da prisão de João, o filme muda de tom, pegando elementos de CARANDIRU e de BICHO DE SETE CABEÇAS.

Um dos momentos mais criticados do filme é a seqüência do julgamento, quando a juíza interpretada por Cássia Kiss vê com bons olhos a "inocência" de João, na sua ignorância entre "saber o que é o certo e o que é o errado". Outra crítica comum é quanto ao filme ser tal qual o trailer. Mas isso seria mais culpa do trailer. Os trailers das comédias românticas americanas também costumam contar toda a estória do filme, muitas vezes mostrando as únicas partes boas. No entanto, mesmo sabendo a óbvia ordem dos acontecimentos, Mauro Lima e Mariza Leão - que divide com o diretor o crédito de roteirista - fornecem ao espectador algumas pequenas surpresas, como a ponta de Rodrigo Amarante como traficante no início do filme (ok, essa é só pra quem é fã dos Los Hermanos, mesmo) e toda a seqüência no hospício, da redenção do protagonista e do seu processo de limpeza física e mental durante o doloroso mas necessário período de recuperação naquela instituição que mais parece um departamento do inferno, mas quem sabe botar a cabeça no lugar pode aproveitar bem o tempo. Lembrei agora de Jerry Seinfeld, que disse que sempre ficava imaginando o que faria se um dia fosse preso. Haveria tempo de sobra pra ler um monte de livros legais. :-)

P.S.: Com esse corre-corre diário, quase me esqueci de comentar: tem uma edição nova da Zingu! no ar. É a de número 16 e o grande destaque é o Dossiê Alejandro Jodorowski, com direito a uma entrevista exclusiva do cineasta, onde ele fala - além de cinema, claro - de sua ligação com os quadrinhos e de seu lado de compositor musical. Há também um segundo dossiê, que não deve ser desprezado: o das musas da Boca do Lixo. E outra musa maravilhosa é destacada por Sergio Andrade: Isabelle Huppert! Não dá pra perder!

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