quarta-feira, novembro 29, 2006

EU ME CHAMO ELISABETH (Je M'Appelle Elisabeth)



Filmes protagonizados por crianças são bem fáceis de agradar ou pegar o público pelo coração. E nem é preciso que a criança seja bonitinha, basta mostrar o quanto ela é incompreendida pelos adultos. Cineastas como François Truffaut e Steven Spielberg, por exemplo, souberam trabalhar muito bem esse conflito, talvez por terem tido, eles mesmos, uma infância marcante. Claro que a qualidade do filme vai depender também do carisma do ator ou atriz mirim. No caso de EU ME CHAMO ELISABETH (2006), quem encanta a platéia é a pequena Alba Gaïa Kraghede Bellugi, no papel da solitária e dramática Betty. Vi no IMDB que Alba também aparece em O TEMPO QUE RESTA, de François Ozon.

A trama se passa na França rural do pós-guerra, mas poderia ser em qualquer lugar ou tempo, já que o contexto histórico-geográfico é pouco citado e pouco relevante. Betty é uma menina de dez anos que se sente sozinha depois que sua irmã mais velha (e melhor amiga) sai de casa para estudar fora. Sua mãe (Maria de Medeiros) também está ausente e em processo de separação com o seu pai (Stéphane Freiss, de O AMOR EM CINCO TEMPOS, também do Ozon), que é médico de um hospital psiquiátrico que abriga pessoas com problemas mentais. Um dos loucos dessa instituição foge e a pequena Betty o esconde da família numa cabana perto da casa, onde ela guarda sua bicicleta. Ela o alimenta e o chama de "mon fou".

Um dos momentos mais legais do filme é aquele em que Betty foge de casa, depois de pensar em suicídio, ao lado do louco e de seu desprezado cachorro. A trupe dos desprezados segue rumo à floresta. Ela comenta com o rapaz louco algo sobre o céu estrelado, que no filme realmente é mostrado de maneira muito bonita. É nesse momento que o diretor Jean-Pierre Améris nos faz perceber que fez um trabalho acima da média. Curiosamente, a autora do romance no qual o livro é baseado é Anne Wiazemsky, a Marie de A GRANDE TESTEMUNHA, de Robert Bresson, e que também trabalhou em filmes de Godard e Pasolini.

P.S.: Como algumas pessoas já entraram aqui no blog procurando por uma cópia do filme FIQUE COMIGO (Touch me), com a Amanda Peet, aviso que a Globo vai exibir o filme no Corujão da próxima sexta-feira.

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