segunda-feira, janeiro 27, 2014

BANHO DE SANGUE / O SEXO EM SUA FORMA MAIS VIOLENTA (Reazione a Catena / A Bay of Blood / Twitch of the Death Nerve)























Quem está acostumado com os lindos e sofisticados filmes que Mario Bava dirigiu nos anos 1960 poderá estranhar essa mudança para uma produção aparentemente tão vulgar quanto os filmes da série SEXTA-FEIRA 13. BANHO DE SANGUE (1971), ou, se preferirem, o título sensacionalista lançado nos cinemas brasileiros, O SEXO EM SUA FORMA MAIS SELVAGEM, foi, na verdade, precursor dos filmes de Jason e derivados, tendo algumas de suas cenas "reprisadas" em um de seus exemplares.

Acontece que, por mais que Bava tenha chutado o balde e dirigido algo do tipo, elegante como ele é, não poderia deixar de apresentar uma trama não tão simples quanto um “quem é o culpado?”, sem falar nos belos movimentos de câmera. Além do mais, sem querer, ele acabou entrando no espírito da época, numa década em que o vermelho-sangue ficaria marcado fortemente nos gialli, em especial de um sujeito chamado Dario Argento.

A trama começa com o assassinato de uma baronesa, dona de uma baía. Ela havia rejeitado a oferta da venda do lugar, para que fosse transformado em um resort de luxo. Acontece que não apenas a baronesa é morta, mas o sujeito que a matou também. Em seguida, somos apresentados aos demais personagens, todos suspeitos de terem estado na casa da baronesa naquela noite.

Além dos personagens que lidam com a trama envolvendo a mansão, entra em cena também um grupo de quatro jovens que chegam ao local apenas para se divertir. Uma das moças, inclusive, não perde tempo e trata de tomar banho nua no lago. Já se cria a expectativa, diante de tantos slashers e filmes do gênero que já vimos, de que ela será a primeira do grupo a ser assassinada.

Curiosamente, apesar desta cena de nudez, BANHO DE SANGUE até evita mostrar mais sequências do tipo. Há, por exemplo, uma cena com a namorada do corretor que poderia muito bem ter sido aproveitada nesse sentido. Sem falar que o próprio Bava, no sensacional PERIGO: DIABOLIK (1968), já tinha aproveitado bem a sensualidade e a nudez. O cinema italiano já estava bem resolvido e liberal em se tratando de nudez e cenas de sexo.

Ainda assim, Bava não tira muito o foco do que é o principal: a trama envolvendo as mortes, que se torna ainda mais interessante quando percebemos que se trata de um esquema de "cobra engolindo cobra". Não há heróis. E o final de BANHO DE SANGUE é ainda mais cético com relação à humanidade, já que até mesmo a inocência é contaminada.

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