domingo, outubro 27, 2013

SALVO – UMA HISTÓRIA DE AMOR E MÁFIA (Salvo)























Mais um exercício de estilo do que um acerto, SALVO – UMA HISTÓRIA DE AMOR E MORTE (2013), o filme de estreia da dupla Fabio Grassadonia e Antonio Piazza tem os seus méritos, mas me deixou um tanto aborrecido. O filme teve como ponto de partida o curta RITA (2009), que mostra uma menina cega que lida com um mafioso que invadiu sua casa e matou um familiar. A história de SALVO é bem parecida, mas Rita agora está bem crescidinha e é responsável por alguns dos melhores momentos do filme.

O início é bem instigante: vemos apenas os olhos de Salvo, o protagonista, que, ao serem vistos em scope, lembram as primeiras experiências de Sergio Leone. Aliás, há muito do western leoniano neste filme, inclusive pela preferência dos silêncios às falas. Até porque quando há falas o filme cai um pouco. O roteiro não é dos melhores nesse sentido e isso fica explícito no momento em que os chefes de Salvo dão-lhe um ultimato. Nota-se a fragilidade do roteiro.

Por isso SALVO está bem longe de ser um filme de roteiro. Há uma preocupação bem maior com a direção, com a estilização dos planos, com o excelente uso do som, com o olhar ou a falta do olhar, já que, assim como a moça cega, muitas vezes sabemos o que está acontecendo apenas pelo som, já que muita coisa não é mostrada, fica fora do campo. E esse jogo do olhar, dos olhos de Salvo e de Rita, dos seus olhares, é bastante aproveitado durante a primeira parte do filme.

Logo depois, Grassadonia e Piazza parecem perder um pouco a mão, já que os momentos que mostram o protagonista na pensão em que mora são bem pouco interessantes, por mais que sejam importantes no sentido de querer mostrar uma máfia pra lá de desglamorizada. Ao contrário, todos parecem muito pobres e decadentes.

Pode até ser representativo deste atual momento do cinema italiano, tão carente daquela grandiosidade de suas produções sessentistas. Os poucos cineastas jovens que têm surgido não têm metade da graça daqueles grandes que fizeram a cinematografia italiana uma das melhores do mundo, décadas atrás. Mesmo assim, SALVO é um caso de estreia que mostra o potencial desses jovens realizadores, que podem vir a fazer mais e melhores filmes. E por isso mesmo merecem atenção especial.

Nenhum comentário: