quarta-feira, outubro 23, 2013

OS MONKEES ESTÃO SOLTOS (Head)























O caso de Os MONKEES ESTÃO SOLTOS (1968) é bem representativo do período e da vontade de alguns realizadores e produtores da chamada Nova Hollywood. Derivado de uma série de TV de sucesso chamada THE MONKEES (1966-1968), o filme é uma mistura de OS REIS DO IÊIÊIÊ, de Richard Lester, com 8 e ½, de Federico Fellini. Mas com a desvantagem de que os Monkees não chegavam perto do carisma dos Beatles e Bob Rafelson era cineasta de primeira viagem querendo fazer cinema autoral em Hollywood, tentando imitar o que estava sendo feito na Europa.

Ele acreditava que o velho sistema de estúdios, com os produtores ditando as regras, era algo que deveria ser deixado para trás. Os diretores deveriam ser tratados como autores e totalmente donos de sua arte. Por isso, amigo que era de Bert Schneider, o produtor executivo do filme, teve total liberdade para fazer o seu extravagante filme. Que não tem uma história, por assim dizer, apenas os rapazes correndo e aparecendo em lugares estranhos, como num sonho.

A crítica à Guerra do Vietnã, tão importante na época, também aparece no filme, mas o que mais se destaca é o psicodelismo, com muitas cores, muitos efeitos, muitas luzes e a intenção de emular uma viagem de ácido. Fica a impressão de que ou o filme foi feito com total desleixo ou Bob Rafelson (e Jack Nicholson, um dos roteiristas) estavam mesmo muito doidões.

Assim, há diversas vinhetas, como os Monkees fazendo uma cena em um western, ou a sequência do deserto, ou a propaganda de remédio para caspa. A semelhança com Alice no País das Maravilhas surge quando eles mudam de tamanho, começam a ver coisas e não conseguem mais distinguir a realidade da ficção. Se bem que em particularmente nenhum momento o filme finca os pés na realidade. Do começo ao fim, OS MONKEES ESTÃO SOLTOS é uma viagem que está mais para uma bad trip do que para algo prazeroso, satisfatório.

No livro Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’Roll Salvou Hollywood (EasyRiders, Raging Bulls), de Peter Biskind, conta-se que Rafelson, em certo momento do programa dos Monkees na televisão, estava insatisfeito. Chegou a odiar tudo o que os Monkees representavam. Daí o porquê de o seu primeiro projeto para o cinema parecer algo ao mesmo tempo muito pretensioso e um meio de matar a própria criação. Coisa que ele não conseguiu, pois os Monkees continuaram vivos e cultuados após o filme, tendo gravado discos até a década de 1990.

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