segunda-feira, agosto 27, 2007

O ULTIMATO BOURNE (The Bourne Ultimatum)



O meu problema com esses thrillers de Jason Bourne é que eu me desapego fácil deles, o que resulta em esquecimento. A SUPREMACIA BOURNE é de 2004. Quer dizer: lá se vão três anos. E como eu não tive interesse em rever esse e o anterior de 2002, fiquei um pouco perdido com essa terceira e elogiada parte da saga do espião desmemoriado. O ULTIMATO BOURNE (2007) é quase um remake do segundo filme, com uma certa repetição da fórmula que inclui cenas de perseguição automobilística e do agente dando porrada em seus inimigos. As cenas são boas e bem conduzidas. O único problema é a edição excessivamente picotada e a câmera tremida. Até parece que contrataram um técnico com mal de Parkinson. Levou algum tempo para eu me acostumar com o estilo.

O objetivo de Bourne, que se resume em descobrir a sua própria identidade, parece mero pretexto para as cenas de ação. E vendo por esse prisma, até que eu gosto mais do filme, ainda que eu sinta saudades de diretores de ação da geração passada, como William Friedkin, John Frankenheimer e Richard Donner, que faziam questão de mostrar as cenas de ação de maneira mais inteligível e clara. Também sinto como se Paul Greengrass e Doug Liman achassem que as novas gerações não têm mais paciência para assistir filmes de espionagem mais tradicionais, que geralmente são bastante confusos, embora, nesse sentido, a trilogia Bourne não fira as tradições, já que também é um pouco confusa. A diferença é que aqui a agilidade narrativa não deixa tempo para o espectador pensar que não está entendendo o filme.

Em O ULTIMATO BOURNE, Matt Damon empresta ao protagonista uma certa estranheza que lhe é comum aos personagens que ele costuma interpretar, como recentemente se pôde ver em O BOM PASTOR, de Robert De Niro. Tanto em O BOM PASTOR quanto na trilogia Bourne, Matt Damon praticamente não ri, o que combina bastante com um personagem que vendeu a sua alma e que não encontra mais motivos para gostar de viver que não seja através da adrenalina. O problema é que esse jeito dormente de viver acaba me deixando incapaz de me importar com o que quer que aconteça com o personagem. Pra mim, tanto faz se ele vive ou morre. Acho que por isso que eu ainda prefiro o Ethan Hunt de MISSÃO: IMPOSSÍVEL, um agente emotivo e que sempre tem algo a perder.

A favor do filme, tem o ótimo elenco, com nomes de respeito como David Strathairn e Joan Allen, além do retorno da simpática personagem de Julia Stiles. Só Albert Finney que eu achei meio canastrão, parecendo estar sempre interpretando um bêbado. Talvez devido a problemas de saúde, não sei. Sair do cinema ouvindo "Extreme Ways", do Moby, é também uma boa maneira de se ficar com uma boa impressão do filme. Ainda assim, VÔO UNITED 93 (2006) continua sendo, de longe, o melhor filme de Paul Greengrass. O diretor está com outro projeto político, protagonizado novamente por Matt Damon, chamado IMPERIAL LIFE IN THE EMERALD CITY, sobre a situação do Iraque depois da invasão americana.

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