segunda-feira, agosto 13, 2007

FRANKENSTEIN



Talvez os gêneros que mais envelhecem sejam o terror e o filme erótico, no sentido de que eles perdem o poder de aterrorizar ou de excitar com o passar dos anos. O que não significa que alguns clássicos desses dois gêneros não continuem a dar prazer àqueles que se permitem assistí-los. FRANKENSTEIN (1931), de James Whale, é um desses filmes. Hoje em dia não assusta mais ninguém, mas há algo de mágico e de bonito nele. É o tipo de filme que pouca gente viu, mas é como se todo mundo já tivesse visto. Faz parte do imaginário popular, do inconsciente coletivo. Eu, pelo menos, só fui ver o filme agora, anos depois de ter visto as versões de Kenneth Branagh (1994) e Terence Fisher (1957). Por mais que a versão de Fisher seja mais bem acabada, ela não tem a mesma força do filme de 1931. Muito dessa força se deve à genial criação do monstro interpretado por Boris Karloff, que acabou se tornando um ícone, tendo aparecido até em selos do correio americano.

FRANKENSTEIN foi a segunda incursão da Universal no lucrativo nicho dos filmes de terror. E ao contrário de DRÁCULA, de Tod Browning, o filme de Whale não parece teatro filmado. Há uma maior mobilidade na câmera e tomadas bem mais elegantes, o que já era um bom passo para o recém-surgido cinema falado. Não foi à toa que o filme gerou tantas continuações, sendo a mais famosa A NOIVA DE FRANKENSTEIN (1935), que dizem ser superior ao original. Eu vou poder conferir isso em breve, já que comprei aquele caixãozinho de oito longas de horror da Universal num precinho bem camarada. Acho que foi um dos melhores negócios que eu já fiz. Até porque os DVDs vêm recheado de extras. A Universal, aliás, está de parabéns, pois das majors, ela é a que mais respeita o consumidor. Basta lembrar dos títulos do Hitchcock lançados pela distribuidora, todos trazendo generosos e bem dirigidos documentários. No caso dos filmes de terror da companhia presentes nesse box, todos eles trazem comentários em áudio legendados em português de um especialista, um historiador de cinema, sobre o filme. Há também um documentário muito bom e esclarecedor, entre outros agrados.

O documentário presente no DVD de FRANKENSTEIN, "Arquivos de Frankenstein - Como Hollywood fez um monstro", ajuda a valorizar o filme, colocando-nos dentro de seu contexto de realização. Se hoje o filme não assusta mais ninguém, naquela época, aquilo era inédito e as pessoas eram bem mais impressionáveis, já que não havia televisão. O som da areia do cemitério batendo no caixão, no começo do filme, o Dr. Frankenstein à procura de cadáveres, a expectativa de ver um cadáver se levantando, tudo isso podia gerar medo na audiência. Ainda assim, o senso de humor dos produtores em relação ao filme se torna evidente quando se assiste ao curta-metragem BOO (1932), presente nos extras. O curta faz uma interessante montagem misturando trechos de FRANKENSTEIN com NOSFERATU, de Murnau. Divertidíssimo.

Como eu pretendo seguir a ordem cronológica dos filmes, o próximo que devo ver é A MÚMIA, de Karl Freund.

Nenhum comentário: