domingo, agosto 19, 2007

A MORTE PEDE CARONA (The Hitcher)



Muita coisa mudou de uns anos pra cá. Os filmes de suspense e terror que lidam com psicopatas estão cada vez mais sangrentos e gráficos e as mulheres já não são apenas "scream queens", isto é, não passam os filmes o tempo todo gritando e correndo feito loucas. Poderia-se dizer que isso faz parte de um processo de masculinização da mulher que acabou se refletindo nos novos filmes. Na refilmagem de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, por exemplo, a mocinha interpretada por Jessica Biel chega a cortar fora o braço do próprio Leatherface! O remake de A MORTE PEDE CARONA (2007), então, não poderia ser muito diferente, até por ser também produzido pelo mesmo Michael Bay do citado filme. A perturbada heroína, dessa vez, é a bela Sophia Bush, uma versão melhorada da Deborah Secco, e que fica mais bela ainda de mini-saia, botas e uma arma de fogo na mão. Fetiche puro.

O diretor convidado para essa releitura foi Dave Meyers, mais conhecido pela direção de videoclipes de artistas como The Offspring, Britney Spears, Creed e Jennifer Lopez. E como diretor de vídeos musicais, há um certo capricho no visual do filme, ainda que não haja exagero no uso de filtros ou uma edição muito picotada. Na verdade, o que se vê é mais um suspense bastante genérico, não muito diferente dos vários exemplares do gênero que se viu nos últimos anos. A decisão de se trocar um protagonista masculino - do original de 1986 - por um jovem casal foi acertada, funcionou bem. O começo do filme, mostrando uma lebre atravessando uma estrada e sendo esmagada é interessante, dá o tom do filme que varia entre os sustos e o humor negro. A certa altura não resta muita escolha ao espectador a não ser rir dos absurdos que o caronista psicopata (Sean Bean) é capaz de fazer. Talvez Sean Bean não seja tão assustador quanto Rutger Hauer, mas dá pro gasto.

O fiapo de trama, herdeiro de ENCURRALADO, de Spielberg, continua funcionando bem e o filme não aborrece em nenhum momento de seus 84 minutos. Trata-se de um filme bem enxuto e que garante o entretenimento de quem vai ao cinema sem muitas expectativas. Só continuo achando que o filme original, por ter apenas pouco mais de vinte anos, não necessitava de uma refilmagem. Mas como a falta de idéias reina em Hollywood, o jeito é esperar que o resultado seja satisfatório. E dentro do que se pode esperar desse filme, até que ele não se saiu mal. E eu não me admiraria se eu fosse rever o original de Robert Harmon e chegasse à conclusão que a refilmagem é melhor, já que faz muito tempo que eu o vi na televisão. Pode ser que ele não tenha envelhecido bem.

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