segunda-feira, março 14, 2016

TRÊS FILMES VISTOS NA MOSTRA EDDIE SAETA



Recentemente a turma responsável pela Mostra Cinema em Transe trouxe mais uma leva de filmes bem interessantes, desta vez centrado na produtora espanhola Eddie Saeta, que se caracteriza por investir em filmes de alto risco comercial e de alto potencial artístico. Os três que eu pude ver foram os listados abaixo.

O MORTO E SER FELIZ (El Muerto y Ser Feliz)

Em O MORTO E SER FELIZ (2012), um homem espanhol que vive na Argentina passa seus últimos dias de vida à base de morfina, cedida por uma enfermeira amiga. Acompanhamos sua luta contra o câncer até com bom humor, apesar do tom trágico de sua trajetória em um road movie que ganha força quando entra em cena uma mulher sem rumo que pede carona ao protagonista e o acompanha em sua jornada. Entre dor e um pouco de prazer, o filme de Javier Rebollo traz beleza para essa história contada com o auxílio de uma paleta de cores suja e que penetra em regiões bem diferentes do interior da Argentina.

A SELVA INTERIOR (La Jungla Interior)

O meu favorito dos três, A SELVA INTERIOR (2013, foto), de Juan Barrero, tem uma beleza impressionante. É desses filmes que crescem muito à medida que pensamos nele. Há uma semelhança temática e formal com OLMO E A GAIVOTA, mas o filme de Barrero conseguiu me conquistar ainda mais. Isso porque é uma obra que vai mais fundo na exploração da transformação do corpo da mulher durante a gravidez. Na trama, um cientista faz uma viagem para uma floresta no Pacífico e deixa a namorada em casa. Apesar de ele não desejar um filho, ela dá um jeitinho de encomendar. Sensacional a sequência do parto e também os momentos particularmente estranhos que lidam com a metáfora do corpo feminino como uma selva.

HONRA DOS CAVALEIROS (Honor de Cavalleria)

Hoje um cineasta consagrado, Albert Serra, na época de HONRA DOS CAVALEIROS (2006) era quase um anônimo. Recebeu apoio da Eddie Saeta para compor o seu econômico (no sentido financeiro, principalmente) retrato do clássico de Miguel de Cervantes, Dom Quixote de la Mancha. Não é todo mundo que embarca na viagem. Aliás, é bom já ir esperando uma narrativa em que nada parece mesmo acontecer. Em determinado momento, alguém pergunta ao triste Sancho se ele teve muitas aventuras com o velho louco que ele segue já há algum tempo. Ele diz que sim. Mas é o oposto do que a gente chama de aventura o que nos é apresentado. É um filme no mínimo curioso justamente por isso.

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