quarta-feira, janeiro 23, 2019

VIDRO (Glass)

Atualmente não há outro cineasta que desperte tanto o interesse nos debates quanto M. Night Shyamalan. Seja a favor ou contra, há sempre espaço para um pitaco por parte de alguém sobre a obra do cineasta nascido na Índia e criado na Filadélfia, Estados Unidos. Talvez não haja nem mesmo fãs que concordem 100% entre si sobre as preferências dentro da filmografia do diretor. VIDRO (2019), o terceiro de uma trilogia que começou lá em 2000 com CORPO FECHADO e continuou, de forma aparentemente acidental, com FRAGMENTADO (2016), não tem agradado a maioria dos críticos (hoje, nota 42 no Metacritic), ao mesmo tempo que tem recebido apoio apaixonado de certo grupo de fãs.

Como não fiz uma pesquisa acurada sobre as defesas e ataques, é melhor então me ater apenas às minhas impressões sobre a obra. Ao contrário da grande maioria das obras de Shyamalan, VIDRO não me trouxe prazer em seu desenvolvimento narrativo. Talvez por deixar de lado o aspecto de terror e suspense que predominava em FRAGMENTADO, um filme sobre um psicopata com múltiplas personalidades que sequestra meninas indefesas, e queira defender uma espécie de tese sobre super-heróis de histórias em quadrinhos.

Não sei o quanto Shyamalan é conhecedor de super-heróis a ponto de querer explicar seus arquétipos, mas o fato é que em vários momentos do filme soam muito básicas, muito bobas suas descobertas, como o fato de dizer que a Metrópolis do Superman seria na verdade Nova York, ou outras coisas que ele vende ao longo do miolo, que se passa em um manicômio, espaço em que ficam enclausurados os três personagens com habilidades super-humanas: David Dunn (Bruce Willis), que tem o corpo indestrutível; Elijah Price (Samuel L. Jackson), que tem o corpo todo quebrado, mas uma mente extremamente inteligente; e o múltiplo psicopata vivido por James McAvoy, que também traz dentro de si a chamada "fera".

A impressão que fica ao longo da narrativa é que Shyamalan não sabia direito o que fazer quando teve a ideia de juntar os três personagens para formar um universo compartilhado. A ideia em si parece interessante e deixou muita gente entusiasmada ao final de FRAGMENTADO, mas o fato é que McAvoy está exageradamente irritante; a personagem de Sarah Paulson, a cientista que estuda os três homens, funciona mais como um narrador incômodo (embora mais à frente descubramos se tratar de mais do que isso), e a trama vai ficando cada vez mais desinteressante, à medida que pouca coisa acontece durante a estadia dos três naquele manicômio.

Falta também em VIDRO aquela beleza plástica tão característica da maior parte das obras de Shyamalan. Além disso, a personagem mais interessante, a adolescente vivida por Anya Taylor-Joy, tem pouca participação na trama, como se aparecesse só para trazer uma maior ligação com FRAGMENTADO. Não falta uma reviravolta no final, que é até curiosa, mas, a essa altura, quem não havia embarcado no filme já estava torcendo para o seu final. Aliás, o destino dos personagens até parece uma espécie de vontade divina de seu criador, após um sentimento forte de desapego.

Além do mais, por mais que a defesa de Shyamalan da fantasia em detrimento da realidade seja algo bonito de ver e também coerente com sua obra autoral, ela já havia sido problematizada de maneira muito mais inteligente em outros de seus trabalhos. Na torcida por futuros trabalhos que façam jus à fama de gênio (muitas vezes injustiçado) do cineasta.

+ TRÊS FILMES

UNDER THE SILVER LAKE

O novo filme do diretor de CORRENTE DO MAL (2014). Só por isso já deveria ser tratado de maneira especial. É um filme bem estranho, mas uma vez que a gente aceita seu viés mais surrealista, uma coisa meio Alice no País das Maravilhas mais dark, a coisa vai ficando ainda mais intrigante. No começo, parece só uma homenagem a UM CORPO QUE CAI e a Hitchcock em especial, mas depois as coisas vão mudando. A duração talvez seja um empecilho para o filme chegar ao nosso circuito, quem sabe. Nem nos EUA teve estreia comercial ainda, embora já tenha sido lançado em blu-ray não sei onde. Direção: David Robert Mitchell. Ano: 2018.

O RETORNO DE MARY POPPINS (Mary Poppins Returns)

Até gosto do filme até sua metade, mas chega uma hora que cansa demais tanta cantoria e pouca empolgação. Emily Blunt está ótima e quase salva o filme e o drama da família que está para perder a casa chega a envolver, mas isso acaba sendo pouco importante. E como as canções são fracas, aí perde-se o interesse, por mais que o colorido seja bonito e tal. Rob Marshall segue sendo um dos diretores de que eu menos gosto. Se bem que, perto de CAMINHOS DA FLORESTA, esse aqui é uma obra-prima. Ano: 2018.

BIRD BOX

Um dos filmes mais vistos do ano, graças à propaganda massiva da Netflix. Infelizmente não chega a ser bom, embora seja razoável. Acho que tem uma boa premissa e se tivesse uma direção melhor talvez fosse um belo filme. Ainda assim, Sandra Bullock tem um carisma gigante e o filme tem os seus momentos de aflição, o que é normal levando em consideração a trama. Direção: Susanne Bier. Ano: 2018.

domingo, janeiro 20, 2019

TCHAU AMOR

Dilacerador. É o primeiro adjetivo que vem à mente quando terminamos de ver TCHAU AMOR (1982), obra-prima subestimada de Jean Garrett, um de nossos mais talentosos cineastas. Um dos méritos do diretor neste que é considerado seu último grande filme é nos colocar no lugar do personagem de Antônio Fagundes, um homem desiludido com a vida e que parece querer pular de um viaduto, quando é abordado por uma moça rica e linda vivida por Angelina Muniz.

E o filme já nos ganha a partir daí, quando começa a história de amor de Paulo (Fagundes) e Rejane (Angelina). Afinal, imagina só você estar na merda e aparecer um anjo que além de lhe propor salvação na vida ainda traz sexo gostoso! Paulo é um homem casado, de meia-idade, que trabalha de radialista, mas que acaba perdendo o emprego por ter um estilo considerado ultrapassado. Ela é uma moça que está longe de ser careta e que faz o que bem entende da vida. Vive em um apartamento sofisticado, às custas do pai milionário. Tinha tudo para dar errado entre eles. E muitas vezes dá. Mas a moça insiste em manter um relacionamento com aquele homem.

E o amor dos dois é bonito, mas também perigoso, pois machuca primeiramente a esposa de Paulo, vivida por Selma Egrei, aqui em papel de mulher dedicada e tolerante - pelo menos até certo ponto. O filme trata de mostrar as variações de poder dentro da relação e isso vai mudando à medida que o interesse e a paixão vão pesando mais para determinado lado da balança. E é assim que Paulo se vê completamente apaixonado por Rejane, a ponto de fazer as maiores loucuras para tê-la para si. Em determinado momento, lembra um pouco o segmento "Lições de Vida", de Martin Scorsese, para o filme CONTOS DE NOVA YORK. Mas aqui o fundo do poço é ainda mais despido de glamour, com uma São Paulo suja de pano de fundo e quase personagem da história.

E o filme de Garrett não é simplista a ponto de apresentar seus personagens unilaterais em seus sentimentos e vontades. Paulo passa por oscilações de pensamento. É capaz de suportar, com muita dor, sua namorada transando com outro homem e ainda beijar-lhes os pés, para depois perceber que deve deixá-la para conservar sua sanidade mental. São variações totalmente normais na mente confusa de qualquer pessoa que se apaixona por alguém complicado e se vê nesse movimento pendular e angustiante.

Ao final de TCHAU AMOR a sensação não é das melhores para o espírito, apesar da catarse. Sentimos vontade de respirar fundo de tão intenso que é todo esse processo, que dura apenas uma hora e meia. Cineasta genial é assim: não tem apenas o domínio da narrativa; tem o domínio de nossos corações e mentes.

+ TRÊS FILMES

O FOTÓGRAFO

Engraçado como este filme consegue trazer tantos sentimentos e sensações conflitantes, como é um pouco a cabeça do protagonista, vivido por Roberto Miranda. O sexo, o amor, a solidão, a frustração, a poesia, a força das imagens do Garrett. Os créditos de abertura já apontam para uma beleza de filme. Pena que não exista uma cópia boa disponível. Mas esse VHSrip quebra o galho. Na trama, Roberto Miranda é um fotógrafo especializado em nus femininos e que passa a se apaixonar pela jovem vizinha vivida por Aldine Muller. Destaque para as belas cenas de sexo, que ainda hoje excitam e inspiram. Direção: Jean Garrett. Ano: 1980.

BLUE JAY

Um filme que passaria desapercebido por mim se não fosse a indicação do amigo Renato Doho. É produção da Netflix, o que já me deixaria de pé atrás, mas tem a Sarah Paulson e a indicação e o fato de ser uma história de amor. Ou melhor, a história de duas pessoas que foram namorados e que se reencontram depois de vários anos. Gosto do modo como o filme vai nos apresentando aos poucos o drama dos personagens até sabermos mais deles. Chega a machucar para quem já teve alguma relação parecida e que pode muito facilmente se identificar. Como sou do tipo sentimental e que guardo as boas recordações de relacionamentos passados (os mais importantes), não tive como não ficar emocionado, por mais que em um ou outro momento o filme perca um pouco o passo. Mas termina muito bem. Direção: Alex Lehmann. Ano: 2016.

CUBA LIBRE

Não gosto da primeira metade, centrada no personagem masculino. Quando o filme foca mais na mulher e em seu drama, trazendo a questão da vingança, da mudança física e na dúvida quanto ao amor, o filme cresce bastante, e só revela o quanto as obsessões de Petzold já estavam presentes desde os seus primeiros trabalhos. Na trama, homem tenta se redimir de mulher que magoou no passado. Ela, que vive na pior e fazendo programa para sobreviver de vez em quando, tenta dar uma segunda chance a ele. Direção: Christian Petzold. Ano: 1996.

quarta-feira, janeiro 16, 2019

15 CURTAS BRASILEIROS

ESTAMOS TODOS AQUI

Pungente retrato da miséria e da luta de um grupo de pessoas que vive em barracos prestes a serem derrubados pela prefeitura. Foco em duas personagens LGBTs que precisam lutar ainda mais que as demais para ter um emprego ou um meio decente de sobrevivência. Há um ótimo trabalho de som. Direção: Chico Santos e Rafael Mellin. Ano: 2017. SP.

GUAXUMA

Quando a técnica e a delicadeza se unem para produzir uma obra de encher o coração. Como gosto muito de coisas que lidam com a memória, o filme acabou falando muito para mim, embora seja uma história bem pessoa da diretora. Ela contou com a ajuda de gente muito boa e também teve ideias muito boas para contar essa história com os mais diferentes meios de se fazer animação. Prêmio de melhor curta do júri Aceccine. Nara Normande. Ano: 2018. PE.

IMAGINÁRIO

Uma seleção de imagens e uma seleção de comunicados oficiais da história política do Brasil. Dá um certo mal estar em pensar que a nossa história gira em círculos, mas o fato de podermos estar vendo este filme com um pouco mais de consciência ajuda, até pelo prazer estético, pela inteligência com que foi pensado este filme. Direção: Cristiano Burlan. Ano: 2018. SP.

INCONFISSÕES

Uma sobrinha que faz uma espécie de recorte da vida do tio homossexual a partir de fotografias íntimas de sua vida antes e principalmente durante a estadia nos Estados Unidos. As cartas e as trocas de afeto são bem bonitas e dá o que pensar no quanto a vida pode ser um túmulo também depois que a pessoa morre. Direção: Ana Galizia. Ano: 2018. RJ.

KRIS BRONZE

Muito bacana esse universo do bronzeamento com fita, que eu só fui saber que existia graças à Anitta. O filme tem um olhar observador, como um documentário (seria um documentário), mas tem essa cara desses novos trabalhos contemporâneos, com cara de ficção, que trazem os personagens interpretando a si mesmos. Direção: Larry Machado. Ano: 2018. GO.

LIBERDADE

Não lembro onde foi que eu vi (foi em algum filme) que todo dia a gente aprende alguma coisa. Às vezes tem dias que eu acho que não aprendo nada. De todo modo, o que eu quero dizer é que neste Liberdade, dá pra, além de curtir o filme como obra de arte, também aprender sobre a história do bairro da Liberdade, em São Paulo. Coisas que eu não sabia, nem meus amigos de lá me disseram. O filme acompanha um rapaz africano em sua condição de estrangeiro no Brasil, em um bairro que antes abrigava mais asiáticos e que agora também tem abrigado gente de outros lugares do mundo. Direção: Pedro Nishi e Vinícius Silva. Ano: 2018. SP.

MESMO COM TANTA AGONIA

Um filme que procura captar a angústia da existência humana, mesmo quando alguns momentos são aparentemente de alegria, como é o caso da cena do aniversário da filha. Ou a saída para casa para pegar o metrô com a colega de trabalho. Direção: Alice Andrade Drummond. Ano: 2018. MG.

NOME DE BATISMO - ALICE

O fascínio de procurar saber mais sobre suas origens. Ainda mais sendo essas origens tão escondidas, como no caso da família da diretora, vinda de Angola. O filme acompanha sua viagem ao país de seus antepassados e sua tentativa de entender sua história. Há coisas um tanto sombrias, como a questão de sua família ser real e escravizar outros. Há o questionamento sobre como seria Angola antes da evangelização. Direção: Tila Chintunda. Ano: 2018. PE.

NOVA IORQUE

Bom ter uma atriz como Hermila Guedes para dar mais força e credibilidade às interpretações. Mas o filme também deve muito à sensibilidade da direção e ao ator mirim. Seu personagem acha uma caixa de música que lhe desperta a curiosidade e o aproxima da professora. Filme sobre sonhos e desencantos feito com muito carinho. Queria um desenlace mais impactante, mas do jeito que ficou está bem bom. Vale também destacar a edição. Mal dá pra sentir a duração. Direção: Leo Tabosa. Ano: 2018. PE. (Foto)

O ÓRFÃO

Filme bem redondo na condução narrativa e bem comovente na história do garoto que é levado do orfanato para tentar a sorte com um casal. Há um subtexto gay na história, mas é melhor não saber muita coisa antes de ver. Ótima participação de Clarisse Abujamra. Direção: Carolina Markovicz. Ano: 2018. SP.

PLANO CONTROLE

Um barato isso aqui. A ideia é bem inventiva e envolve viagens no tempo e no espaço. Como adoro essas coisas e o filme tem um senso de humor muito afiado e inteligente, me diverti à beça. Interessante o fato de ser a mesma diretora de Baronesa, que tem um senso de humor tão diferente. Direção: Juliana Antunes. Ano: 2018. MG.

REFORMA

Um rapaz gay e gordo incomodado com sua gordice e as dificuldades em manter relacionamentos estáveis. O filme é bom tanto nas cenas íntimas dele com os parceiros, quanto nas conversas que ele tem com a melhor amiga. Direção: Fábio Leal. Ano: 2018. PE.

CALMA

O próprio título do filme meio que pede paciência por parte do espectador, devido ao andamento bem lento da narrativa. Há uma bela sequência inicial, de uma mulher caminhando até uma casa pobre que é impressionante na construção do desenho de produção. E depois o filme se detém em explicitar o seu caráter de distopia brasileira, fazendo pontes com acontecimentos absurdos recentes e um futuro destruidor que pode estar se avizinhando. Direção: Rafael Simões. Ano: 2018. RJ.

CONTE ISSO ÀQUELES QUE DIZEM QUE FOMOS DERROTADOS

Vejo mais méritos neste filme como gesto político, como expressão de resistência, do que como cinema mesmo. Durante a metragem fiquei pensando no quanto certos curtas, ou a maioria dos mais sérios, são muito mais difíceis de digerir em grande quantidade do que longas. Mas isso vale para contos em oposição a romances também, creio eu. Direção: Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cris Araújo e Pedro Maia de Brito. Ano: 2018. MG/PE.

RETIRADA PARA UM CORAÇÃO BRUTO

Um desses filmes bem singulares, que enganam pelo que mostram a princípio. É a história de um senhor que perdeu sua companheira e que tenta levar a vida mesmo assim. Mas aí a trama segue por caminhos inusitados. Tá na cara que o diretor adora um rock. Direção: Marco Antônio Pereira. Ano: 2017. MG.

domingo, janeiro 13, 2019

HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (Spider-Man: Into the Spider-Verse)

Que bom que a fonte de inspiração para os filmes da Marvel não secou nos anos 2000, já que a divertida animação HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (2018) bebe principalmente da criação de Dan Slott publicada em 2014 mostrando diversos Homens-Aranhas de múltiplas realidades alternativas se encontrando. Para a versão para o cinema, produzida pela Sony Pictures Animation, tiveram que limar vários desses personagens, até para poder ficar minimamente possível a construção de uma trama em cerca de duas horas de narrativa.

A história se passa no universo de Miles Morales, o jovem adolescente negro que é picado por uma aranha radiotiva após Peter Parker, poucos antes desse morrer pelas mãos do Duende Verde. Essa também foi uma história inspirada nos quadrinhos, na famosa versão Ultimate do Aranha, nascida da mente de Brian Michael Bendis, e que chegou a contagiar até mesmo o filme anterior do cabeça-de-teia, HOMEM-ARANHA - DE VOLTA AO LAR (2017), com um protagonista mais jovem e um melhor amigo gordinho.

Está havendo um hype curioso em relação a esta animação, que realmente deve ser vista como importante. Inclusive, talvez seja a melhor animação de super-heróis já feita para o cinema. Isso levando em consideração principalmente os aspectos técnicos, e não exatamente o modo como é desenvolvida a trama. A animação é muito boa, o conceito do aranhaverso é divertido por si só, mas o filme fica um tanto monótono ao optar por uma ação non-stop, faltando tempo para um respiro, inclusive para que certas passagens dramáticas ganhassem peso, como é o caso do que ocorre com um dos familiares de Miles Morales.

Mas tudo bem se a intenção é fazer um filme em que o entretenimento, aliado à inteligência e a uma vontade grande de dialogar com os fãs do personagem, estão à frente da dramaticidade e da profundidade dos personagens. Até porque há personagens demais para dar conta e o modo como cada um deles se apresenta é divertido e flerta com diferentes estilos, como é o caso de Peni Parker, explicitamente inspirada em um anime/mangá e se destacando da animação como um todo. Até mais do que o Porco-Aranha, que só por sua existência no filme já é um sarro. No mais, algumas piadas funcionam bem, como todas as que envolvem o Peter Parker barrigudo e loser.

Outro personagem divertido é o Homem-Aranha Noir, justamente pela voz de Nicolas Cage sendo tão fácil de ser reconhecida. Os demais atores famosos (Hailee Stenfield, Marheshala Ali, Zoë Kravitz, Chris Pine, Liev Schreiber) não têm uma voz tão facilmente reconhecíveis. Falando em Liev Schreiber, é ele quem faz a voz de Wilson Fisk, o Rei do Crime, que na animação é mostrada como uma homenagem explícita ao traço de Bill Sienkiewicz para a graphic novel clássica Demolidor - Amor e Guerra, de 1986, recentemente republicada.

Como vemos, são referências e homenagens (inclusive há uma participação do já saudoso Stan Lee) que por si só já valem a ida ao cinema, tanto para quem é leitor dos quadrinhos quanto para quem só conhece o herói pelo cinema e pela TV. E com o prêmio de melhor animação no Globo de Ouro, já não vai ser uma surpresa que ele ganhe o Oscar também. E quem sabe até uma sequência.

Atenção! Não saia do cinema antes dos créditos: há uma divertida cena extra.

+ TRÊS FILMES

VENOM

Pra quem não gosta nada do personagem e estava de saco cheio de ver o trailer, até que não achei tão ruim assim VENOM. Aliás, até pode ser ruim, mas o diretor consegue dar um andamento interessante a esse misto de filme de terror e sci-fi com filme de super-herói (ou super-vilão, no caso). O curioso é eles apostarem em uma continuação, a julgar pela cena extra. Direção: Ruben Fleischer. Ano: 2018.

AQUAMAN

James Wan, meu filho, volte para o cinema de horror, que não tá dando ficar ganhando muito dinheiro e sujando sua reputação, não. AQUAMAN é um dos filmes de super-heróis mais chatos ever e pelo visto ajudará a aumentar a ideia de uma maldição dos filmes do universo DC. E olha que eu gosto de BATMAN VS SUPERMAN - A ORIGEM DA JUSTIÇA e de MULHER-MARAVILHA. Há uma parte do filme que me agradou, que é justamente quando Wan usa sua expertise de diretor de horror, que é a tal cena do barco, que é seguida por uma sequência visualmente linda. Quanto às encenações, eu até relevaria, mas não consigo imaginar que um roteiro como esse já não fosse deixado de lado desde o início. Tudo bem que os heróis da DC não têm muito essa aproximação com a humanidade e o lance é mais aventura, mas isso é mais um motivo para caprichar na empolgação das cenas de ação. Ano: 2018.

WIFI RALPH - QUEBRANDO A INTERNET (Ralph Breaks the Internet)

Achei bem melhor que o primeiro filme, pois as referências são mais próximas e feitas de maneira muito inteligente. Fora as brincadeiras com a internet, há também questões bem delicadas como a insegurança e a carência. Podiam ser melhor aprofundadas, mas até que ficou bem decente. Além disso, fica explícito o atual poderio da Disney em diversos momentos. Direção: Phil Johnston e Rich Moore. Ano: 2018.

sábado, janeiro 12, 2019

INFILTRADO NA KLAN (BlacKkKlansman)

O retorno de Spike Lee aos grandes holofotes depois de vários anos como um cineasta visto por um grupo seleto de cinéfilos e interessados em questões raciais se dá novamente com um filme de gênero - seu último grande sucesso de público foi O PLANO PERFEITO (2006). Seu novo trabalho, INFILTRADO NA KLAN (2018), é um filme policial com toques de humor baseado no livro de memórias do policial Ron Stallworth, interpretado no filme por John David Washington, filho de Denzel Washington, que foi durante um bom tempo um colaborador assíduo dos trabalhos de Lee.

O que há de extraordinário na história de Stallworth é o fato de ele ter conseguido, sendo ele negro, se infiltrar na Ku Klux Klan em 1979. Claro, ele teria que ter um agente branco em seu lugar. No filme, o agente branco e que na versão de Lee é também um judeu não-praticante é Flipp, vivido por Adam Driver. Stallworth foi o primeiro policial negro de Colorado Springs.

INFILTRADO NA KLAN brinca com o visual dos filmes da década de 1970, trazendo também referências fortes ao blaxploitation, com citações de filmes-chave do movimento, em uma agradável conversa do protagonista com seu interesse amoroso, Patrice (Laura Harrier), uma líder de um grêmio estudantil negro. Curiosamente, Spike Lee prefere não mostrar nada da intimidade física do casal.

Um dos momentos mais fortes do filme acontece quando Stallworth vai infiltrado a uma reunião de um grupo de jovens negros que trouxeram para uma palestra um importante ativista político, Kwame Ture (Corey Hawkins, em papel marcante). A cena é boa tanto pelas palavras do orador quanto pela bela edição, que enfatiza o impacto daquelas palavras para aqueles jovens, sobre ser negro e ser lindo. E Spike Lee toma cuidado para que de fato as pessoas mostradas no filme estejam mesmo muito bonitas, com destaque, obviamente, para Laura Harrier, que além de bela é um exemplo de mulher forte e convencida de suas ideias. O debate que ela tem com Stallworth sobre ter um negro dentro da polícia é interessante.

O que torna INFILTRADO NA KLAN uma obra muito bem-vinda para esses dias tão sombrios e absurdos, com homens perniciosos como Donald Trump, nos Estados Unidos, e agora Jair Bolsonaro, no Brasil, é que a história que Lee conta não é apenas a história do passado dos Estados Unidos, uma história que remonta ao século XIX e a alguns filmes clássicos, como E O VENTO LEVOU e O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO, mas também a eventos recentes, mostrados ao fim da projeção, como que para nos alertar sobre os velhos perigos que têm voltado com um ódio acumulado de décadas. Como diz Renato Russo em uma de suas canções mais pungentes: "Estejamos alertas / Porque o terror continua / Só mudou de cheiro / E de uniforme".

+ TRÊS FILMES

PONTO CEGO (Blindspotting)

Sucesso de crítica no Festival de Sundance deste ano, PONTO CEGO vem engrossar os ótimos filmes que discutem questões raciais nos Estados Unidos. No caso, o tratamento diferenciado que um negro recebe, em comparação com um branco. É um drama com momentos de suspense tão fortes que é difícil não se colocar no lugar do protagonista, em seus últimos dias de liberdade condicional e com um medo terrível de que alguma merda venha a acontecer. Direção: Carlos López Estrada. Ano: 2018.

AS VIÚVAS (Widows)

A direção segura de Steve McQueen mantém sempre o interesse e o filme parece estar quase sempre acima da média - às vezes até bem mais do que isso -, mas tem uma coisa de querer ser um filme de prestígio que me incomoda um pouco, ainda mais quando vira uma espécie de versão pra Oscar de OITO MULHERES E UM SEGREDO. Mas há surpresas boas e momentos muito bons. Ano: 2018.

MY NAME IS NOW, ELZA SOARES

Não sou muito fã de Elza Soares. Na verdade, não conheço direito seu trabalho e nem me sinto atraído pelo pouco que vi. Acho o trabalho da diretora aqui muito harmônico com a personalidade e o tipo de música (ao menos das mais jazz que ela canta), já que o trabalho é de improviso. O problema é que, assim como a minha relação com a cantora, a relação com o filme é de também não me sentir convencido de que estou vendo boa arte. Mas isso pode ser só ignorância minha mesmo, não sei.. De todo modo, gostei da hora que ela canta uma canção do repertório da Núbia Lafayete. Direção: Elizabete Martins Campos. Ano: 2014.

sexta-feira, janeiro 11, 2019

HOMECOMING - PRIMEIRA TEMPORADA (Homecoming - Season One)

É uma pena que Sam Esmail, um dos maiores talentos revelados na televisão, tenha feito tão pouca coisa para cinema. Digo isso porque seu trabalho é muito mais cinematográfico, ousado e estiloso do que a grande maioria dos filmes que são feitos direto para cinema. Sua obra máxima talvez seja ainda MR. ROBOT, sem data ainda para estrear a quarta temporada, mas com a popularidade de Rami Malek ganhou com BOHEMIAN RHAPSODY a série deve convidar uma audiência ainda maior, por mais exigente que ela seja com seu espectador.

Assim como acontece com MR. ROBOT, acontece também com HOMECOMING (2018), que demanda um pouco mais de atenção, especialmente em seus dois primeiros episódios, mas uma vez que estamos enredados juntos com a trama, estamos prontos para entrar na perturbadora história de uma mulher, Heidi Bergman (Julia Roberts), que trabalha supostamente como facilitadora na reabilitação de homens que voltaram da guerra. Ao mesmo tempo, em uma outra janela de aspecto, muito parecida com a câmera de um celular na vertical, acompanhamos o futuro da mulher, desta vez trabalhando como garçonete em um modesto estabelecimento de uma modesta cidadezinha da Califórnia. Ela é questionada por um homem estranho, que está investigando coisas sobre seu emprego anterior, na tal Homecoming do título. Ela diz para o homem que não conhece e nem lembra dos nomes que ele cita.

Presente e futuro vão se alternando nesta história baseada em um podcast, o que não deixa de ser algo original. Para quem está habituado com MR. ROBOT, já sabe que Sam Esmail gosta de câmeras colocadas em locais diferentes, fotografias com tonalidades distintas para passar certa atmosfera, entre outras coisas. Tod Campbell, mesmo diretor de fotografia de MR. ROBOT trabalha com Esmail nesta nova série. Mas até que em HOMECOMING ele não abusa tanto disso não.

Até porque a trama vai se tornando cada vez mais angustiante e empolgante e o espectador fica mais interessado em saber os segredos escondidos no passado daquela mulher e também o destino em particular de um de seus pacientes, vivido pelo ótimo Stephan James, que até dá um ar de CORRA! à narrativa, tanto pela interpretação quanto pelo que há de horror na trama. Mas quem rouba a cena mesmo é Bobby Cannavale, que interpreta o chefe de Heidi.

Cannavale já tinha se mostrado um ótimo personagem de poucos escrúpulos em MR. ROBOT. Em HOMECOMING, porém, ele ganha muito mais espaço para brilhar, com um papel maior. Destaque para o episódio em que ele tenta abordar a personagem de Roberts no futuro. Aliás, não posso terminar o texto sem elogiar a bela performance da atriz, que não se importa de mostrar suas marcas do tempo, em especial nas cenas que se passam no futuro. A idade chega para todos, mas com isso vem uma maior entrega e uma maturidade em lidar com personagens mais desafiadoras.

terça-feira, janeiro 08, 2019

HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA

Em PALÁCIO DE VÊNUS (1980), de Ody Fraga, um dos vários filmes mostrados em HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA, um velho cliente de um bordel pergunta a uma jovem profissional do sexo vestida de colegial o que mais lhe interessa nas histórias. A garota logo responde, em tom desavergonhado: "as sacanagens".

Eis o ponto de partida deste jogo em que a sensualidade e a liberdade sexual do cinema daquele período dão o tom neste trabalho da cineasta Fernanda Pessoa, em que são discutidos política e comportamento no Brasil dos anos 1970.

Logo em seguida, como que apresentando o "elenco", vemos títulos de alguns dos filmes que serão vistos no projeto. Quem conhece pelo menos um pouco desse cinema já fica salivando. Quem não conhece, fica intrigado e interessado em conhecer. Ou pelo menos deveria.

O fato de esses filmes terem sido realizados durante o regime militar é um prato cheio para as cenas que brincam com a perseguição ao comunismo ou com qualquer ideia contrária à do regime instituído. A Copa do Mundo de 1970 e certos ufanismos servem para mostrar a complexidade deste país cheio de contradições. Quantos sentimentos emanam da cena em que um grupo de jovens canta "Eu Te Amo, Meu Brasil", em DEZENOVE MULHERES E UM HOMEM (1977), de David Cardoso?

Mas o mais interessante, além de ver as cenas que mostram o espírito festivo, galhofeiro e malandro do brasileiro, é perceber como o filme vai se costurando bem em eixos temáticos, às vezes inteligentemente mudados a partir de uma simples fala. Assim, entre os temas, há a mistura de classes sociais, a tortura, o abuso do corpo da mulher, o uso da maconha, a maior visibilidade dos grupos gays, a chegada da discotheque, o divórcio, o aborto, a economia, a agitação feminista, as greves e o início da discussão sobre a anistia aos presos políticos.

Tudo isso visto através de filmes considerados por muitos como menores ou vulgares, mas prontos a serem melhor apreciados ou descobertos. É cinema que se alimenta de cinema e que não tem interesse em ser didático, mas de mostrar uma sociedade de outrora que dialoga com essa em que estamos vivendo.

Texto publicado originalmente no jornal O Povo, de 3 de setembro de 2018. Edição de uma versão maior, publicada na revista Movimento #1.

+ TRÊS FILMES

DUAS ESTRANHAS MULHERES


O primeiro segmento, Diana, é o melhor e mais instigante. Além do mais, Patricia Scalvi é sempre um espetáculo. Aqui ela é uma mulher que fica confusa com a dupla personalidade do marido. Baita história. A segunda história apela mais para a nudez gratuita, mas isso não é nada ruim. E há o surrealismo da trama, que é interessante. John Doo tem o seu carisma também. Direção: Jair Correia. Ano: 1981.

FELIZ ANO VELHO

É um filme sobre a perda, mas é impressionante como a maior perda que eu sinto vendo este filme nem é a perda da mobilidade do protagonista, devido a um acidente, mas a perda do amor de sua vida. E sendo este amor vivido por Malu Mader, esse peso se torna ainda maior. Malu era talvez a mais bela atriz brasileira dos anos 80. E sem precisar se esforçar em nada. As cenas em que ele briga com ela e rompe o relacionamento são muito mais dilacerantes que qualquer cena do acidente. Direção: Roberto Gervitz. Ano: 1987.

STELINHA

Finalmente, depois de anos e anos, consegui ver o famoso STELINHA, premiado em um tempo de vacas magras para o cinema brasileiro. O filme tem uma elegância que briga com a carência de recursos daquela virada de década. A história da cantora decadente que encontra um rapaz jovem e se apaixona é triste e um tanto desoladora. Roteiro ótimo do Rubem Fonseca, direção de arte simples e bonita, interpretações muito boas, direção do feria Faria Jr. Só não gostei das partes musicais. Ainda assim, um belo filme. Direção: Miguel Faria Jr. Ano: 1990.

segunda-feira, janeiro 07, 2019

GLOBO DE OURO 2019

Foi uma das premiações mais entendiantes em muito tempo. Estava sentindo no ar um clima de pouca empolgação para essa, que costuma ser uma das festas mais divertidas da temporada de prêmios. Muitas vezes, melhor do que o Oscar. A melhor coisa da noite foi o prêmio Cecil B. DeMille para Jeff Bridges. Como o Globo de Ouro não costuma passar muitos trechos de filmes ou apresentações musicais, ao menos eles compensaram com um belo clipe que dá uma dimensão da ótima e rica carreira desse ator que é muitas vezes subestimado. Talvez por não ser tão versátil. Mas é só assistir o clipe que você logo vê que é digno de respeito, tendo trabalhado em filmes de grandes diretores. Inclusive, Jeff lembrou de Peter Bogdanovich e de Michael Cimino em seu discurso. Além de agradecer também aos irmãos Coen.

Quanto às premiações dos filmes do ano, o Globo de Ouro só confirmou sua característica mais pop (principalmente pela indicação de PANTERA NEGRA). Assim, os grandes vencedores da noite na categoria cinema foram BOHEMIAN RHAPSODY, GREEN BOOK - O GUIA e ROMA. Fiquei sem saber quem era Olivia Colman, a vencedora por A FAVORITA, mas é só questão de tempo para eu me familiarizar com essa atriz que parece ser bem talentosa.

Uma boa surpresa pra mim foi o prêmio para animação para HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO, que desbancou os filmes da Disney, da Pixar e do Wes Anderson, só para citar os mais populares. Confesso que meu interesse pelo filme aumentou. Eu que já estava animado para vê-lo.

Engraçado quando você começa a falar sobre uma noite de premiação e cita justamente os premiados, em vez das coisas que acontecem. É sinal de que não houve muita coisa interessante mesmo. E de fato, tirando o prêmio de Bridges e a beleza de várias atrizes da noite, pouca coisa me entusiasmou.

Quanto à categoria televisão, ela me interessa mais por me deixar com vontade de conhecer certos trabalhos que até então eu não sabia que existiam ou não tive tempo de pesquisar. Entre as séries e minisséries que me animaram a ver, a primeira delas que pretendo conferir é A VERY ENGLISH SCANDAL, minissérie em três episódios dirigida por Stephen Frears, sendo que meu interesse maior é pela presença do querido Hugh Grant. A minissérie ganhou o prêmio de ator coadjuvante para Ben Wishaw.

Outra minissérie que me deixou curioso foi ESCAPE AT DANNEMORA, de Ben Stiller, que ganhou prêmio de atriz para Patricia Arquette. É uma história de amor e de fuga de prisão. Não deve ser ruim, hein. Também bateu aquela vontade de conferir KILLING EVE, vencedora do prêmio de atriz para Sandra Oh.

No mais, a atriz que eu mais torcia na categoria televisão ganhou seu segundo prêmio: a incrível Rachel Brosnahan pela excelente THE MARVELOUS MRS. MAISEL, série que continuou ótima em sua segunda temporada.

Ao final, com BOHEMIAN RHAPSODY ganhando o prêmio mais cobiçado, e com a ausência de Bryan Singer, o diretor do filme, acusado de pedofilia e afastado durante as gravações, impressionante como ele não teve sequer uma citação por parte de quem esteve lá para fazer seus discursos. Enfim, não é questão de proteger o sujeito, mas fico um pouco incomodado com esse julgamento.

Falando nesses novos tempos, levando em consideração os vários discursos das mulheres vencedoras, nesse sentido, Regina King foi a que fez o discurso mais poderoso: falou que trabalharia a partir de então em equipes que tivesse mínimo de 50% de mulheres e teve apoio de algumas atrizes mais engajadas.
























Prêmios da noite

Cinema

Melhor Filme (Drama): BOHEMIAN RHAPSODY
Melhor Filme (Comédia/Musical): GREEN BOOK - O GUIA
Melhor Direção: Alfonso Cuarón (ROMA)
Melhor Ator (Drama): Rami Malek (BOHEMIAN RHAPSODY)
Melhor Ator (Comédia/Musical): Christian Bale (VICE)
Melhor Atriz (Drama): Glenn Close (A ESPOSA)
Melhor Atriz (Comédia/Musical): Olivia Colman (A FAVORITA)
Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali (GREEN BOOK - O GUIA)
Melhor Atriz Coadjuvante: Regina King (SE A RUA BEALE FALASSE)
Melhor Roteiro: GREEN BOOK - O GUIA
Melhor Trilha Sonora: O PRIMEIRO HOMEM
Melhor Canção Original: "Shallow" (NASCE UMA ESTRELA)
Melhor Animação: HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO
Melhor Filme Estrangeiro: ROMA (México)

Televisão

Melhor Série (Drama): THE AMERICANS
Melhor Série (Comédia/Musical): THE KOMINSKY METHOD
Melhor Minissérie ou Telefilme: THE ASSASSINATION OF GIANNI VERSACE - AMERICAN CRIME STORY
Melhor Ator de Série (Drama): Richard Madden (SEGURANÇA EM JOGO)
Melhor Ator de Série (Comédia): Michael Douglas (THE KOMINSKY METHOD)
Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme: Darren Criss (THE ASSASSINATION OF GIANNI VERSACE - AMERICAN CRIME STORY)
Melhor Atriz de Série (Drama): Sandra Oh (KILLING EVE)
Melhor Atriz de Série (Comédia): Rachel Brosnahan (THE MARVELOUS MRS. MAISEL)
Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme: Patricia Arquette (ESCAPE AT DANNEMORA)
Melhor Ator Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme: Ben Wishaw (A VERY ENGLISH SCANDAL)
Melhor Atriz Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme: Patricia Clarkson (SHARP OBJECTS)