domingo, janeiro 13, 2019

HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (Spider-Man: Into the Spider-Verse)

Que bom que a fonte de inspiração para os filmes da Marvel não secou nos anos 2000, já que a divertida animação HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (2018) bebe principalmente da criação de Dan Slott publicada em 2014 mostrando diversos Homens-Aranhas de múltiplas realidades alternativas se encontrando. Para a versão para o cinema, produzida pela Sony Pictures Animation, tiveram que limar vários desses personagens, até para poder ficar minimamente possível a construção de uma trama em cerca de duas horas de narrativa.

A história se passa no universo de Miles Morales, o jovem adolescente negro que é picado por uma aranha radiotiva após Peter Parker, poucos antes desse morrer pelas mãos do Duende Verde. Essa também foi uma história inspirada nos quadrinhos, na famosa versão Ultimate do Aranha, nascida da mente de Brian Michael Bendis, e que chegou a contagiar até mesmo o filme anterior do cabeça-de-teia, HOMEM-ARANHA - DE VOLTA AO LAR (2017), com um protagonista mais jovem e um melhor amigo gordinho.

Está havendo um hype curioso em relação a esta animação, que realmente deve ser vista como importante. Inclusive, talvez seja a melhor animação de super-heróis já feita para o cinema. Isso levando em consideração principalmente os aspectos técnicos, e não exatamente o modo como é desenvolvida a trama. A animação é muito boa, o conceito do aranhaverso é divertido por si só, mas o filme fica um tanto monótono ao optar por uma ação non-stop, faltando tempo para um respiro, inclusive para que certas passagens dramáticas ganhassem peso, como é o caso do que ocorre com um dos familiares de Miles Morales.

Mas tudo bem se a intenção é fazer um filme em que o entretenimento, aliado à inteligência e a uma vontade grande de dialogar com os fãs do personagem, estão à frente da dramaticidade e da profundidade dos personagens. Até porque há personagens demais para dar conta e o modo como cada um deles se apresenta é divertido e flerta com diferentes estilos, como é o caso de Peni Parker, explicitamente inspirada em um anime/mangá e se destacando da animação como um todo. Até mais do que o Porco-Aranha, que só por sua existência no filme já é um sarro. No mais, algumas piadas funcionam bem, como todas as que envolvem o Peter Parker barrigudo e loser.

Outro personagem divertido é o Homem-Aranha Noir, justamente pela voz de Nicolas Cage sendo tão fácil de ser reconhecida. Os demais atores famosos (Hailee Stenfield, Marheshala Ali, Zoë Kravitz, Chris Pine, Liev Schreiber) não têm uma voz tão facilmente reconhecíveis. Falando em Liev Schreiber, é ele quem faz a voz de Wilson Fisk, o Rei do Crime, que na animação é mostrada como uma homenagem explícita ao traço de Bill Sienkiewicz para a graphic novel clássica Demolidor - Amor e Guerra, de 1986, recentemente republicada.

Como vemos, são referências e homenagens (inclusive há uma participação do já saudoso Stan Lee) que por si só já valem a ida ao cinema, tanto para quem é leitor dos quadrinhos quanto para quem só conhece o herói pelo cinema e pela TV. E com o prêmio de melhor animação no Globo de Ouro, já não vai ser uma surpresa que ele ganhe o Oscar também. E quem sabe até uma sequência.

Atenção! Não saia do cinema antes dos créditos: há uma divertida cena extra.

+ TRÊS FILMES

VENOM

Pra quem não gosta nada do personagem e estava de saco cheio de ver o trailer, até que não achei tão ruim assim VENOM. Aliás, até pode ser ruim, mas o diretor consegue dar um andamento interessante a esse misto de filme de terror e sci-fi com filme de super-herói (ou super-vilão, no caso). O curioso é eles apostarem em uma continuação, a julgar pela cena extra. Direção: Ruben Fleischer. Ano: 2018.

AQUAMAN

James Wan, meu filho, volte para o cinema de horror, que não tá dando ficar ganhando muito dinheiro e sujando sua reputação, não. AQUAMAN é um dos filmes de super-heróis mais chatos ever e pelo visto ajudará a aumentar a ideia de uma maldição dos filmes do universo DC. E olha que eu gosto de BATMAN VS SUPERMAN - A ORIGEM DA JUSTIÇA e de MULHER-MARAVILHA. Há uma parte do filme que me agradou, que é justamente quando Wan usa sua expertise de diretor de horror, que é a tal cena do barco, que é seguida por uma sequência visualmente linda. Quanto às encenações, eu até relevaria, mas não consigo imaginar que um roteiro como esse já não fosse deixado de lado desde o início. Tudo bem que os heróis da DC não têm muito essa aproximação com a humanidade e o lance é mais aventura, mas isso é mais um motivo para caprichar na empolgação das cenas de ação. Ano: 2018.

WIFI RALPH - QUEBRANDO A INTERNET (Ralph Breaks the Internet)

Achei bem melhor que o primeiro filme, pois as referências são mais próximas e feitas de maneira muito inteligente. Fora as brincadeiras com a internet, há também questões bem delicadas como a insegurança e a carência. Podiam ser melhor aprofundadas, mas até que ficou bem decente. Além disso, fica explícito o atual poderio da Disney em diversos momentos. Direção: Phil Johnston e Rich Moore. Ano: 2018.

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