sexta-feira, janeiro 11, 2019

HOMECOMING - PRIMEIRA TEMPORADA (Homecoming - Season One)

É uma pena que Sam Esmail, um dos maiores talentos revelados na televisão, tenha feito tão pouca coisa para cinema. Digo isso porque seu trabalho é muito mais cinematográfico, ousado e estiloso do que a grande maioria dos filmes que são feitos direto para cinema. Sua obra máxima talvez seja ainda MR. ROBOT, sem data ainda para estrear a quarta temporada, mas com a popularidade de Rami Malek ganhou com BOHEMIAN RHAPSODY a série deve convidar uma audiência ainda maior, por mais exigente que ela seja com seu espectador.

Assim como acontece com MR. ROBOT, acontece também com HOMECOMING (2018), que demanda um pouco mais de atenção, especialmente em seus dois primeiros episódios, mas uma vez que estamos enredados juntos com a trama, estamos prontos para entrar na perturbadora história de uma mulher, Heidi Bergman (Julia Roberts), que trabalha supostamente como facilitadora na reabilitação de homens que voltaram da guerra. Ao mesmo tempo, em uma outra janela de aspecto, muito parecida com a câmera de um celular na vertical, acompanhamos o futuro da mulher, desta vez trabalhando como garçonete em um modesto estabelecimento de uma modesta cidadezinha da Califórnia. Ela é questionada por um homem estranho, que está investigando coisas sobre seu emprego anterior, na tal Homecoming do título. Ela diz para o homem que não conhece e nem lembra dos nomes que ele cita.

Presente e futuro vão se alternando nesta história baseada em um podcast, o que não deixa de ser algo original. Para quem está habituado com MR. ROBOT, já sabe que Sam Esmail gosta de câmeras colocadas em locais diferentes, fotografias com tonalidades distintas para passar certa atmosfera, entre outras coisas. Tod Campbell, mesmo diretor de fotografia de MR. ROBOT trabalha com Esmail nesta nova série. Mas até que em HOMECOMING ele não abusa tanto disso não.

Até porque a trama vai se tornando cada vez mais angustiante e empolgante e o espectador fica mais interessado em saber os segredos escondidos no passado daquela mulher e também o destino em particular de um de seus pacientes, vivido pelo ótimo Stephan James, que até dá um ar de CORRA! à narrativa, tanto pela interpretação quanto pelo que há de horror na trama. Mas quem rouba a cena mesmo é Bobby Cannavale, que interpreta o chefe de Heidi.

Cannavale já tinha se mostrado um ótimo personagem de poucos escrúpulos em MR. ROBOT. Em HOMECOMING, porém, ele ganha muito mais espaço para brilhar, com um papel maior. Destaque para o episódio em que ele tenta abordar a personagem de Roberts no futuro. Aliás, não posso terminar o texto sem elogiar a bela performance da atriz, que não se importa de mostrar suas marcas do tempo, em especial nas cenas que se passam no futuro. A idade chega para todos, mas com isso vem uma maior entrega e uma maturidade em lidar com personagens mais desafiadoras.

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