domingo, fevereiro 01, 2015
CAMINHOS DA FLORESTA (Into the Woods)
Houve um tempo em que um dos segredos para se criar ótimos musicais era compor também boas canções que costurassem bem a história, que nem precisava ser tão bem elaborada. É até uma característica do gênero ser leve nesse aspecto. A pretensão (no bom sentido) estaria no modo como tudo era filmado, nas coreografias, em canções grudentas e às vezes arrebatadoras, na criação de momentos especialmente emocionantes e, muitas vezes, numa leveza tamanha que sentíamos os pés quase saindo do chão.
Infelizmente um sujeito como Rob Marshall tem feito um desserviço em sua tentativa de revitalizar o gênero em Hollywood. Foi assim com o oscarizado CHICAGO (2002), que a tantos enganou, foi assim com NINE (2009) e é assim com o novo CAMINHOS DA FLORESTA (2014), que desta vez não tem sido tão bem recebido assim, a não ser por entusiastas dos musicais da Broadway.
CAMINHOS DA FLORESTA é uma tortura, já em seus 20 primeiros minutos de duração. Suas cerca de duas horas se arrastam de tal maneira que seria preferível ver uma maratona da franquia TRANSFORMERS. As cantorias são monótonas e as canções parecem forçadas e compõem cerca de 97% da duração do longa. O principal trailer do filme esconde essa característica tão presente, de modo que se torna quase impossível evitar a saída de espectadores durante as sessões. Aliás, a vontade de ir embora também me consumia, mas resisti bravamente até o fim a este que já pode ser encarado como o filme mais chato do ano.
A trama une várias histórias de contos de fadas – Cinderela, Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho e João e o Pé de Feijão – em uma história que envolve o desejo de um casal de ter filhos, o padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt). Nenhuma história é minimamente interessante, de modo que pelo menos o filme seja visto como uma obra irregular. Ele é até bem regular em sua capacidade de encher o saco.
O elenco estelar não é suficiente para tornar o filme interessante. Em NINE, havia pelo menos um apelo sensual causado pelo elenco feminino e uma interpretação intensa do grande Daniel Day-Lewis. Aqui não adianta nem colocar a Meryl Streep. Curiosamente, o último filme que me causou esse sentimento de tortura foi O CAVALEIRO SOLITÁRIO, que também trazia Johnny Depp. Aqui ele aparece bem pouco no papel do Lobo Mau, mas parece estar contagiando da pior maneira possível os filmes em que aparece. Depois a turma fala mal do Nicolas Cage.
CAMINHOS DA FLORESTA foi indicado ao Oscar nas categorias de atriz coadjuvante (Meryl Streep), design de produção e figurino.
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