terça-feira, fevereiro 03, 2015

A TEORIA DE TUDO (The Theory of Everything)



Eis um filme que não precisava de muito para ser um sucesso. Pelo menos de público. Falar sobre a vida de Stephen Hawking, um dos homens mais inteligentes do mundo, só seria complicado se houvesse a intenção de trazer para a tela também a complexidade da física e de suas teorias inovadoras. Mas não é essa a intenção de A TEORIA DE TUDO (2014), que James Marsh, diretor de O EQUILIBRISTA (2008), dirigiu, a partir de um livro de memórias da ex-esposa de Hawking, Jane, aqui lindamente representada por Felicity Jones.

Que moça adorável. Felicity, além de ter uma beleza resplandecente, que justifica as cenas com filtros de modo a representar uma espécie de sonho misturado com memória, faz o papel de uma mulher cheia de força, embora mais cedo ou mais tarde pudesse sucumbir aos desejos por outro homem. Afinal, quanto mais humana é a personagem, mais fácil nos aproximamos dela.

Curioso o modo como A TEORIA DE TUDO tem um tom de conto de fadas misturado com filme de doença. E não há nada de errado nisso. É apenas uma constatação. Muito provavelmente o diretor tentou ser fiel às memórias de Jane, ao mesmo tempo em que tenta mostrar a evolução da doença de Hawking, tão bem retratado por Eddie Redmayne, que fica impressionantemente parecido com o verdadeiro Stephen.

O fato de o filme não abusar do melodramático pode ser visto tanto como um acerto quanto como uma falha. Há quem ache que o diretor possa ter sido um tanto covarde ao não meter o pé na jaca duma vez; mas há também quem reclame de seus poucos momentos lacrimosos. São poucos, mas são belos, válidos, valorizam a jornada do casal diante de tantas adversidades. Por outro lado, poderia ser um filme que tivesse mais força para arrebatar a plateia, dada a sua história tão cheia de emoções.

Há também o problema da culpa da personagem de Jane, que acaba por trazer para o filme, por meio de uma montagem paralela, a ideia de que ela estava errada ao praticar adultério. Mas não é esse o ponto de vista da personagem? Não são suas as lembranças? Ou o fato de o filme não deixar isso claro compromete e o torna excessivamente moralista? Talvez isso vá depender do senso de moral e do sistema de crenças de quem está vendo o filme.

A TEORIA DE TUDO foi indicado ao Oscar nas categorias de filme, ator (Redmayne), atriz coadjuvante (Jones), roteiro adaptado e trilha sonora.

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