segunda-feira, fevereiro 09, 2015
SELMA – UMA LUTA PELA IGUALDADE (Selma)
Filmes como SELMA – UMA LUTA PELA IGUALDADE (2014), de Ava DuVernay, podem até não ser grande cinema, mas é importante que eles existam, nem que seja como meio de apresentar às novas plateias ou lembrar às demais, o tanto de sofrimento que os negros norte-americanos passaram para conseguir o que já mereciam por direito. Por isso que no ano passado, premiar 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO, de Steve McQueen, não pode ser visto como algo ruim. Pode ter sido uma decisão política, mas necessária dentro de uma festa cheia de brancos.
SELMA daria uma boa sessão tripla com MALCOLM X, de Spike Lee, e J. EDGAR, de Clint Eastwood, até pelo fato de os personagens retratados nesses dois filmes estarem presentes de alguma maneira na trajetória de luta de Martin Luther King (David Oyelowo). Malcolm X aparece muito rapidamente, numa conversa com a esposa de King (Carmen Ejogo). Ele representa uma luta mais radical pelos direitos, enquanto King busca uma solução pacífica. Talvez por ser também um pastor protestante. Assim, existia segmentos de grupos organizados em prol de um mesmo fim.
Difícil não sentir uma pontada de dor quando vemos uma senhora negra do Alabama tentando se cadastrar para ter direito ao voto em um cartório e ter seu pedido negado por não saber de cor o nome de dezenas de juízes de direito de todo o estado. Fica claro o ódio que os brancos do sul dos Estados Unidos nutriam por eles. Mais claro ainda quando vemos policiais batendo em idosos e até mesmo matando um jovem a bala por causa de uma manifestação pacífica.
Sem ter o interesse de mostrar a vida e a morte do ativista, SELMA é um recorte de um momento da vida de King e de sua luta. Não apenas dele, aliás, mas também de pessoas que estiveram em luta com ele, bem como de políticos cínicos como o Governador do Alabama George Wallace, vivido por Tim Roth, e pelo então Presidente da República Lyndon Johnson, vivido por Tom Wilkinson, em um jogo muito perigoso em que os líderes de movimentos de luta negros eram seguidos de perto e grampeados pelo próprio FBI. Assim, Martin Luther King era considerado um subversivo perigoso.
Muito disso porque ele era um homem de discurso forte, que falava com clareza ao povo oprimido, além de também incluir citações bíblicas e a fé em Deus em suas palavras. Um dos momentos mais bonitos do filme é logo no início: ele acorda de madrugada e liga para uma amiga pedindo que ela cante uma canção gospel para aliviar o seu coração e fortalecer o seu espírito.
Em tempos de briga para separação entre o Estado laico e a Igreja, é curioso ver com bons olhos esse tipo de apego à fé. Até por fazer parte intrínseca da cultura negra americana, do mesmo jeito que o candomblé também tem muita força na cultura baiana brasileira. Mas, claro, não estou dizendo que sou contra o Estado laico.
SELMA – UMA LUTA PELA IGUALDADE foi indicado ao Oscar nas categorias de filme e canção ("Glory", de Common e John Legend).
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