segunda-feira, junho 07, 2010
UM NOVO CAMINHO (Le Dernier pour la Route)
Um dos poucos contemplados com a possibilidade de ser visto em película do Festival Varilux 2010, UM NOVO CAMINHO (2009), primeiro longa metragem dirigido por Philippe Godeau, é um filme que pode ser visto como uma obra destinada a passar em grupos de A.A., mas que pode ser visto também como bem mais do que isso. Só pelo fato de vê-lo logo após a cópia digital escura e mutilada de HADEWIJCH, ver um filme em película e scope já era por si só um alívio e um prazer, apesar das trapalhadas do projecionista no início da sessão. Mas eu não atribuiria o sucesso do filme a esses fatores apenas. Na verdade, tem também o fato de eu ter convivido com uma pessoa alcóolatra durante muito tempo: meu pai. Sei o quanto isso prejudicou a nossa relação e prejudicou também a ele, que terminou os seus últimos anos praticamente abandonado, pois havia se tornado um estranho. Mas não vou querer transformar isso aqui numa sessão de psicanálise. Portanto, concentremo-nos no filme.
UM NOVO CAMINHO foi o primeiro filme que eu vi exclusivamente dedicado ao tema da dependência ao álcool dentro de uma clínica. Sem pressa, sem mostrar um protagonista preso contra sua vontade. Quem estava ali, estava por vontade própria, ainda que o desejo de sair de lá e encher a cara no primeiro bar que encontre seja enorme. Deixando claro que, em nenhum momento, o filme mostra a bebida como algo maligno e que não deve ser ingerida de modo algum; mas mostra o alcoolismo como doença, algo que talvez já nem seja questionado. Digo isso para deixar claro que o filme não tem aquele ranço moralista que muitas obras trazem.
François Cluzet é Hervé, um jornalista que toma a iniciativa de se internar na clínica. A princípio, ele se sente totalmente deslocado naquele ambiente, onde as pessoas agem como se estivessem num clube social. Mas aos poucos ele vai se habituando e criando um belo vínculo de amizade com o grupo. Chega ao ponto de se interessar pela nova recém-chegada, a bela Magali (Mélanie Thierry), uma jovem de vinte e poucos anos, cujos mistérios a tornam ainda mais atraente. Talvez falte ao filme mais força em seus momentos finais. Sente-se que há uma intenção de causar emoção na plateia, mas há algo de muito racional no espírito francês. Assim, são poucos os filmes vindos de lá que fazem jorrar lágrimas. O que não quer dizer que não sejam feitos com delicadeza.
P.S.: Ontem a MTV Brasil exibiu ao vivo o MTV Movie Awards, que foi bem mais ou menos. Na verdade, foi tudo uma grande bobagem. Mas o beijo da Sandra Bullock (a homenageada da noite e que faz discursos geniais e espirituosos) com a Scarlett Johansson já valeu a festa.
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