quarta-feira, junho 16, 2010

UM GOLPE DO DESTINO (The Doctor)



Engraçado como minha memória me trai. Não lembrava que já tinha visto este UM GOLPE DO DESTINO (1991) na televisão anos atrás. Na verdade, acho que nem cheguei a ver todo, mas vendo o filme lembrei de ter chorado em uma das sequências finais. Infelizmente, na revisão, o filme não teve o mesmo impacto em mim. Vai ver eu estou mais insensível. Ou talvez por já ter visto muitos bons episódios de HOUSE, que lidam com doenças. Talvez também por ter lido o emocionante livro "Por um Fio", de Drauzio Varella, que conta de forma sensível a experiência do médico com pacientes com doenças terminais. Que eu me lembre, nenhum outro livro me pegou com tanta força no território das emoções. E nem é um livro de um grande escritor.

Quanto a UM GOLPE DO DESTINO, não deixa de ser um belo filme. William Hurt é um cirurgião que não tem contato de proximidade com os pacientes. Meio como o dr. House, mas sem ser tão "filho da puta". Além do mais, o filme não tem tanto tempo como a série para aprofundar melhor o personagem. Mas a duração é suficiente para contar a história de forma competente. O médico tem uns pigarros e descobre que está com um tumor nas cordas vocais. O medo dele é de perder a voz. Ou talvez morrer.

Ficar sem falar é uma barra, mas é fichinha perto de outros problemas muito mais traumatizantes que a gente está mais ou menos acostumado a ver, tanto nos filmes quanto na vida real. O triste caso do crítico de cinema Roger Ebert, por exemplo, é coisa para um filme de doenças épico. Por isso, talvez eu não tenha dessa vez me comovido tanto com o drama do médico. E a subtrama da moça que ele conhece e que está com câncer no cérebro também não me pareceu tão comovente. Mas é interessante o filme ter mostrado o quanto o médico muda depois de passar por tudo isso, não apenas no que se refere à doença, mas à maneira fria como é tratado no consultório.

Lembrei agora de um ex-diretor da empresa onde trabalho. Ele estava com um tumor "benigno" detrás do globo ocular. O tumor já tinha retirado a visão de um de seus olhos. Ele teria que fazer a cirurgia imediatamente se não quisesse perder a visão do outro olho. Para a retirada do tumor tiveram que abrir a cabeça dele. Um dos médicos que trabalhava na empresa na época tinha dito para ele mesmo que as possibilidades de ele morrer eram enormes. Mas ele sobreviveu. E é impressionante como ele se tornou uma pessoa melhor. Mais atenciosa, mais amável. Antes era um sujeito arrogante que fazia questão de humilhar as pessoas, como chegou a me humilhar uma vez. Quando deixou a empresa, aposentado, se despediu de todos numa boa, me elogiou, dizendo que eu era um rapaz esforçado e inteligente. Não deixou de ser emocionante para mim.

Agradecimentos ao amigo Zezão pela cópia. Não por acaso, Zezão é médico.

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