quinta-feira, junho 17, 2010

QUANTO DURA O AMOR?



Fui ao cinema até bem disposto. Tentando ser indiferente às várias críticas negativas que QUANTO DURA O AMOR? (2009) recebeu. O trailer é atraente. Tem "High and Dry", do Radiohead, tocando (ainda que cantada pela Danni Carlos), tem duas mulheres se beijando, tem personagens à deriva. Soma-se o fato de eu ter boas recordações de Sílvia Lourenço em CONTRA TODOS (2003), outro filme que ela fez em parceria com Roberto Moreira. E o filme até que tem um início bonito, mas isso se deve à referida canção do Radiohead (a própria banda tocando mesmo). Assim, quando vemos Danni Carlos cantando no bar, já dá aquela sensação de cover vagabundo. A cantora é a pior coisa de um filme cheio de falhas. Sua performance como a junkie bissexual porra-louca não convence nem aqui nem na China.

Filmes com várias histórias e narrativas paralelas estão se tornando uma constante. Mas dentro da cinematografia nacional em geral acaba por se confundir com as telenovelas. E é bem o caso de QUANTO DURA O AMOR?, só que sem o "padrão Globo de qualidade". Assim, temos o caso da garota do interior (Sílvia Lourenço) que se apaixona pela cantora junkie (Danni Carlos); do namorado da tal cantora (Paulo Vilhena); da jovem advogada (Anna Clara Spinneli) que guarda um segredo e começa a se relacionar com um colega de trabalho (Gustavo Machado); do homem solitário e poeta que se apaixona por uma prostituta. Basicamente isso, mas para um filme de 80 e pouco minutos de duração é muita coisa. O filme teria que ter algo de experimental ou ter algo mais do que apenas contar uma história.

Se a intenção era mostrar as desilusões da vida, o filme falha consideravelmente. Mas gosto da cena da personagem de Sílvia Lourenço vendo a Av. Paulista da sacada do apartamento com deslumbramento, já que eu sou fã do lugar. A personagem é a estranha que chega num ambiente onde você pode ter a liberdade para ser você mesmo. Livrar-se do cordão umbilical da família, dos amigos, da cidadezinha que sabe tudo sobre você. Ser uma anômina numa grande metrópole. Isso vale para outras capitais também, mas se aplica com muito mais força em São Paulo. A ideia de que a cidade é um lugar cheio de gente deprimida é que não me convence, apesar de ter ouvido alguns depoimentos de pessoas. Mas talvez até seja mesmo. Mas um filme como esse não vai melhor a situação de seus habitantes.

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