quarta-feira, março 12, 2008

10.000 A.C. (10,000 b.C.)



Nem mesmo a beleza de Camilla Belle ajudou a tornar 10.000 A.C. (2008) uma produção que me deixasse satisfeito, por mais que eu esperasse do filme apenas um entretenimento descompromissado. Até daria pra relevar um pouco se lembrarmos das origens de Roland Emmerich, cineasta que no começo dos anos 90 dirigia filmes B como ESTAÇÃO 44 (1990) e SOLDADO UNIVERSAL (1992). Mas depois de produções milionárias porém ruins como INDEPENDENCE DAY (1996) e o hediondo GODZILLA (1998), Emmerich surpreendeu com um trabalho muito bom: O DIA DEPOIS DE AMANHÃ (2004), um filme que deve funcionar melhor na telona - o efeito das ondas gigantes vistas no cinema é fantástico. Infelizmente, pelo visto, esse filme foi uma exceção na carreira do diretor alemão, já que a breguice e a falta de criatividade dominam o novo filme.

Eu, pelo menos, já comecei a cochilar assim que a narração de Omar Sharif começou. A voz pausada e aveludada do ator, como se estivesse lendo um livro infantil pra fazer criança dormir, só contribuiu pra que eu quase deixasse o sono, muito mais atraente, vir à tona. Só voltei a acordar, esfregando os olhos, na seqüência dos pássaros gigantes, que de tão boa me fez lembrar os melhores momentos de JURASSIC PARK, do Spielberg, em especial a cena dos velocirraptors. Depois disso, o filme dá um gás, mas manter os olhos abertos e a mente acordada só torna as falhas do filme mais visíveis.

A estória e o tempo num passado remoto podem lembrar APOCALYPTO, de Mel Gibson, mas a comparação pára por aí, já que o filme de Mel Gibson é infinitamente superior. Sem falar que uma violência mais explícita - como a vista no filme do "Mad Mel" - é um ótimo estimulante para manter o espectador acordado, com a adrenalina entrando na corrente sangüínea e fazendo o coração bombear mais forte. 10.000 A.C., ao mesmo tempo em que remete ao passado B de Emmerich, com sua estória ruim e interpretações risíveis, tem efeitos especiais de produção classe A, embora esses efeitos não mais impressionem, parecendo às vezes videogame. Aliás, em se tratando de efeitos especiais, qual foi o último filme que realmente impressionou a platéia? Hollywood pode tudo agora e a gente já se acostumou com isso.

Na trama de 10.000 A.C., uma família de bons selvagens vive numa localidade e sobrevivem da caça. Existe no começo uma profecia envolvendo um rapaz que mataria um mamute, mas acho que isso é secundário e muito chato. O que melhora o filme é quando surgem os invasores, que eles chamam de "demônios de quatro patas", que nada mais são do que homens andando a cavalo. Esses homens capturam vários jovens da comunidade, inclusive a bela Evolet (Camilla Belle), o amor da vida do herói D'Leh, que sai à sua procura junto com o amigo Tic'Tic - cujo irmão mais famoso, o Tic'Tac, estranhamente não aparece no filme. A partir da busca por Evolet e da chegada dos raptados no que parece ser o antigo Egito, construindo suas pirâmides, o filme vai melhorando um pouquinho. Interessante são os chefões lá do lugar, que tem unhas maiores do que as do Zé do Caixão - seria uma homenagem ao Mojica? A certa altura, D'Leh e Tic'Tic alcançam o lugar e tentam - ao lado de vários outros homens que tiveram seus familiares seqüestrados - fazer cair o domínio dos perversos vilões. E tudo se encaminha para um final mais ou menos óbvio, besta e com tentativa vã de causar emoção.

Se o filme tem alguma importância, talvez seja como um veículo de maior visualização para a mezzo-brasileira Camilla Belle, que veio para o Brasil depois de um longo tempo distante, e já está escalada para o elenco do próximo filme de Heitor Dhalia, chamado À DERIVA e estrelado por Vincent Cassel. Que bom! Agora temos uma meio-brasileira que começa a carreira nos Estados Unidos e quer fazer filmes no Brasil e uma outra que começou no Brasil e está fazendo sucesso lá fora - Alice Braga. E as duas são gatíssimas. Se depender dessas duas mulheres, mais o sucesso da modelo Giselle Bünchen, a nossa fama de ter belas mulheres está mais do que assegurada.

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