segunda-feira, março 10, 2008

ELIZABETH - A ERA DE OURO (Elizabeth: The Golden Age)



Tenho poucas lembranças de ELIZABETH (1998), a estréia do indiano Shekhar Kapur em Hollywood. Mas do pouco que me lembro, achei o filme um pouco frio, pouco marcante. Parece que Kapur se sentiu reprimido em explorar o aspecto mais melodramático e colorido, que deve ter mais a ver com o espírito dos filmes indianos. Mas estou fazendo apenas conjecturas, já que pouco ou nada conheço da chamada Bollywood. E muito menos da carreira pré-hollywoodiana do cineasta. O que me chamou a atenção na continuação, ELIZABETH - A ERA DE OURO (2007), além da sempre brilhante atuação de Cate Blanchett, foi o episódio envolvendo a execução de Mary Stuart, a rainha da Escócia, que foi presa e condenada basicamente por ser católica. Como havia visto um filme pelo ponto de vista de Mary dirigido por John Ford - MARY STUART, RAINHA DA ESCÓCIA -, fiquei interessado em ver a história contada pelo ponto de vista de Elizabeth I, rainha da Inglaterra, protestante. Claro que nem o filme de Ford nem o de Kapur são extremamente fiéis aos fatos históricos e tentam romantizar e modificar os fatos usando de licença poética. Mas quem quiser saber o que há de errado, que procure nos livros de História.

Além do incidente envolvendo Mary Stuart (Samantha Morton), um outro fato importantíssimo para a História da Inglaterra e de toda a Europa é a ameaça de invasão da Espanha ao território inglês. Na época, a Inglaterra era uma das poucas nações a resistir ao domínio da Igreja Católica e, conseqüentemente, da Inquisição. Muitos dos que reclamam do filme questionam o fato de os espanhóis serem mostrados como excessivamente vilanescos, mas como eu também pinto os inquisidores como "demônios", não vi nenhum problema na maneira como eles são mostrados, sempre trajando preto e com cara de malvados. Do filme original, Kapur traz de volta Geoffrey Rush, como Sir Francis Walsingham, o braço direito da rainha. Os outros dois destaques do filme incluem Clive Owen, interpretando o aventureiro Walter Raleigh, o homem que trouxe o tabaco para o Velho Mundo, e a bela Abbie Cornish (de CANDY e UM BOM ANO), no papel de Bess, a dama de confiança de Elizabeth. As duas, tanto Bess quanto a rainha, têm uma "queda" por Raleigh, mas apenas Bess, por ter mais liberdade que a rainha, chega a ter uma relação mais íntima com o jovem navegante.

Aliás, o grande herói do filme é Walter Raleigh, que graças à sua idéia de incendiar navios ingleses e enviá-los pra cima da esquadra espanhola, evitou que os espanhóis alcançassem solo inglês. Ainda assim, não deixa de ser bonito ver a rainha em trajes de guerra, como Henrique V, um rei que chegou a lutar junto com seus súditos no século anterior, numa batalha sangrenta contra os franceses. Houve quem reclamasse da falta de mais cenas de guerra, mas eu acredito que uma das principais intenções do filme é mostrar a solidão de Elizabeth, que morreu sem ter filhos nem nunca se casar, mas que, junto com a Rainha Vitória, fez um dos reinados mais importantes da Inglaterra. Tanto que na sua época a Inglaterra floresceu não apenas financeiramente, mas também no campo das artes. Basta lembrar que foi no período elizabetano que surgiu o grande dramaturgo e poeta William Shakespeare. E talvez Shakespeare esteja presente num possível terceiro filme que encerraria a trilogia da rainha, mostrando os seus últimos dias de vida.

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