sábado, fevereiro 08, 2014

TRÊS FILMES FRANCESES



Com o tempo, acabei deixando alguns títulos para trás, não exatamente porque eles não merecem textos mais volumosos, mas por acúmulo de filmes vistos mesmo. Assim, se faz necessário de vez em quando uma postagem dessas de três títulos com alguma coisa em comum, no caso, o fato de serem franceses. São dois filmes que me agradaram e um que me desagradou, mas que ainda assim teu o seu valor. A cinematografia francesa é uma das mais resistentes do mundo e continua gerando belos filmes.

SEJAM MUITO BEM-VINDOS (Bienvenue Parmi Nous) 

Não cheguei a ver MINHAS TARDES COM MARGUERITTE (2010), mas é um filme que muita gente adora. SEJAM MUITO BEM-VINDOS (2012) é o trabalho seguinte do diretor, Jean Becker, e trata do relacionamento de amizade entre um ranzinza pintor sessentão e uma adolescente rebelde que resolveu fugir de casa por ser maltratada pelo padrasto e ignorada pela mãe. O pintor (Patrick Chesnais) está com depressão e resolve um dia fugir de casa. No caminho, encontra uma jovem (Jeanne Lambert) que lhe pede carona. De início, a carona seria só até determinado ponto, mas aos poucos a relação dos dois vai ficando mais próxima. Como não há nenhum interesse amoroso entre eles, o filme acaba adquirindo uma pureza por vezes comovente, quase como um encontro de pai e filha.

A ESPUMA DOS DIAS (L'Écume des Jours) 

Sabe aquele filme que com 20 minutos você já está doido para sair do cinema? Esse é o caso. E realmente, durante a sessão de A ESPUMA DOS DIAS (2013), várias pessoas foram embora. Não sei se alguém quis pedir o dinheiro de volta, mas é de fato uma obra tão chata que parece durar mais de três horas. Michel Gondry, mais conhecido como o diretor de BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS (2004), abusou de sua liberdade criativa para fazer uma obra que de fato é bem diferente do que se encontra por aí, com personagens como que saídos de desenhos animados. Porém, ele não encontrou o tom para que nos importássemos com esses personagens. Ao contrário, tanto faz se Chloé (Audrey Tatou) vai morrer de uma doença misteriosa ou se Colin (Roman Duris) está sofendo muito com isto. O que pode chamar a atenção é o retorno de Gondry ao estilo de situações absurdas que eram bastante comuns em seus videoclipes que lhe fizeram a fama, como os que ele fez para Björk, Massive Attack, Daft Punk, The Chemical Brothers, entre outros. Seu trabalho com videoclipes foi tão expressivo que é até possível encontrar na internet um arquivo reunindo todo o seu trabalho na área. Certamente é uma experiência muito melhor do que ver A ESPUMA DOS DIAS.

O VERÃO DO SKYLAB (Le Skylab) 

Que simpatia de filme que é este O VERÃO DO SKYLAB (2011, foto), de Julie Delpy. Sua parceria com Richard Linklater parece ter desabrochado seu lado roteirista/diretora, que já rendeu cinco longas e dois curtas. Infelizmente não cheguei a ver nenhum dos outros trabalhos de direção de Delpy, mas fiquei encantado em muitos momentos com este seu filme-coral, com tantos personagens que dá pra imaginar o trabalho que pode ter sido administrá-los no roteiro e principalmente durante o processo de filmagem e edição. Mas Delpy consegue lidar muito bem com essa comédia agradável sobre uma grande família que se reúne para celebrar o aniversário de 65 anos da matriarca, vivida por Bernadette Lafond, musa da Nouvelle Vague francesa. Outra veterana que aparece é Emmanuelle Rivas, pouco antes de ter filmado AMOR, de Michael Haneke. A personagem principal é uma garota de 11 anos, Albertine (Lou Alvarez), cujos pais são vividos por Eric Elmosnino e Julie Delpy. Entre crianças e adultos, sãos e loucos, esquerdistas e direitistas, o filme sai das conversas banais do início para discutir também política e sexualidade. Destaque para o momento em que Albertine se apaixona por um rapaz que conhece em uma praia de nudismo.

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