sexta-feira, agosto 30, 2013

VIOLÊNCIA NA CARNE























Tem uma cópia linda de VIOLÊNCIA NA CARNE (1981), de Alfredo Sternheim, disponível na internet. Mas isso porque é de edição estrangeira. Caso raro de cópia de qualidade dos filmes deste interessante diretor que marcou com elegância o cinema da Boca do Lixo. Não tinha gostado muito de A HERANÇA DOS DEVASSOS (1979), até pelos problemas que listei: o áudio de péssima qualidade, não mixado, mal dando para entender o que os atores e atrizes falam.

Com VIOLÊNCIA NA CARNE é outra história. Até o colorido da fotografia está caprichado. A história é só uma desculpa para o erotismo, mas funciona que é uma beleza. Dos que vi de Sternheim até agora só perde para ANJO LOIRO (1973). No elenco, há a beleza dos corpos nus de Helena Ramos e Neide Ribeiro. Tem o par que faz o casal de lésbicas também (Sonia Garcia e Nadia Destro), mas eu destaco mesmo as duas primeiras. Principalmente Neide Ribeiro, no auge da gostosura e com uma cena de striptease deliciosa. Até porque não dá pra levar muito a sério o suspense dos três bandidos que fazem o grupo de atores e atrizes de reféns.

É o típico exploitation dos bons. Quem reclamar que o filme tem cenas de sexo gratuito é porque não entendeu o espírito da coisa e deve catar coquinho (estou sendo elegante). Há que se valorizar também o dinamismo da direção de Sternheim, que começa como que homenageando AMARGA ESPERANÇA, de Nicholas Ray, mas depois logo mostra, com a lenta sequência do carro pegando fogo, o quanto o cinema brasileiro era pobre: queimar um carro, por exemplo, era algo que poucos podiam se dar ao luxo. Mesmo sendo um carro velho.

VIOLÊNCIA NA CARNE também conseguiu colocar o personagem de um preso político falando sobre suas convicções e o fato de ter se juntado a dois bandidos comuns para sair da prisão. Como há personagens que criticam os seus atos, o cineasta pôde disfarçar o seu posicionamento político diante daquela situação complicada que era filmar durante a ditadura.

No fim das contas, o filme consegue muitas coisas: sabe aproveitar as boas cenas de sexo simulado, inclusive a desta foto cima, de um dos bandidos encontrando uma loira na praia; conta uma história envolvente e com um pouco de tensão; manifesta um pensamento político; agradou o diretor e a audiência e ainda mostrou casais de gays e lésbicas em cenas um tanto ousadas para a época. Destaque para a primeira cena de sexo entre Helena Ramos e Zé Carlos de Andrade. A câmera inicialmente focaliza os dois deitados no tapete, para só em seguida abrir para uma tomada que mostra a sala toda assistindo o espetáculo de amor dos dois. Sensacional.

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