segunda-feira, julho 21, 2008

REBUILD OF EVANGELION 1.0 - YOU ARE (NOT) ALONE (Neon Genesis Evangelion: Rebuild of Evangelion 01 / Evangelion: 1.0 You Are (Not) Alone / Evangelion Shin Gekijōban: Jo/ Wevangelion)



Achava que meu retorno ao mundo dos animes seria com PAPRIKA, de Satoshi Kon, mas assim que eu fiquei sabendo de que havia esse projeto de reinvenção da série NEON GENESIS EVANGELION (1995), bem como de seu final alternativo, o longa THE END OF EVANGELION (1997), fiquei logo entusiasmado. REBUILD OF EVANGELION, a reinvenção dessa fascinante e empolgante série se dará em quatro filmes para cinema. O primeiro estreou no Japão em setembro do ano passado e foi chegando aos poucos nos países do Oriente e nos Estados Unidos. Esperar que esse filme chegue nos cinemas do Brasil é uma bobagem, já que nem a série, que foi tão badalada, sequer estreou em dvds oficiais. Portanto, nada como a internet para suprir essa carência.

Lembro que meu primeiro contato com o mundo de Evangelion foi através do mangá, lançado pela Conrad, e atualmente aparentemente estacionado no Japão. O mangá já era uma maneira de contar a estória do anime de maneira diferente, até pra não ficar chato para o leitor. Foi o primeiro mangá que eu li. Quando o colega do curso de inglês me emprestou os dois primeiros volumes, saí com eles na mão até um pouco envergonhado, com aquelas capas com traços infantis. Mas depois que me emocionei, já no segundo volume, eu tinha até orgulho de sair exibindo o mangá por aí. E esse meu colega tinha toda a série em vhs. Aí ele me emprestou e eu fui vendo cada episódio, cada vez mais empolgado. E também surpreso, já que nunca me liguei muito nesses seriados japoneses que tinham um robozão gigante pilotado por uma pessoa dentro. Quer dizer, até que eu assistia JASPION quando criança, mas com o tempo achava aquilo meio bobo.

Mas EVANGELION é outra história. É mais sofisticado. Os robôs não são robôs de verdade, são criaturas manipuláveis, perigosas e misteriosas, um misto de algo robótico com orgânico. E mistério é uma palavra chave para a série. E esse mistério faz parte do charme da série. Os personagens também são bem cativantes, principalmente os adolescentes: o tímido Shinji, a depressiva e estranha Rei, a sapeca Asuka e boa parte dos adultos. Quanto às batalhas envolvendos os Evas (é assim que são chamados os "robôs gigantes") e os anjos (ameaças extra-terrestres que chegam para destruir o planeta), elas são incrivelmente empolgantes. E elas têm algo de STAR TREK, já que também existe uma equipe de comando e apoio, falando palavras "técnicas" para dar aquele ar de seriedade e ficção científica, de uma maneira tensa que torna a coisa verossimil, se você entrar no espírito da coisa.

Apesar de ter adorado esse primeiro filme, ao final cheguei à conclusão de que quatro filmes é pouco para dar conta dos 26 episódios da série e ainda recriar o final. THE END OF EVANGELION já era uma tentativa de recriar o final da série para algo mais direcionado à ação, já que o 26º episódio era um final excessivamente psicológico e chegou a ser frustrante para alguns fãs. E o próprio mangá, se um dia chegar ao fim, também deverá apresentar um final diferente. Logo, se a intenção é reinventar, vamos ver no que vai dar. Em REBUILD OF EVANGELION 1.0, principalmente na primeira metade do filme, tudo parece igual ao original, só que de maneira condensada. Logo no início, Shinji é socorrido por Misato de um ataque de um anjo e é levado à NERV, a instituição responsável pela recriação de uma nova Tóquio e pela defesa do planeta contra os anjos. Que, curiosamente, recebem esse nome, mas são bem diferentes dos anjos descritos na Bíblia, nos quadros ou no imaginário popular. Na verdade, eles são das mais variadas formas, seja de um gigante, seja de uma grande pirâmide. Mas essas referências ao Cristianismo estão em toda a série, mas de maneira um tanto quanto estranha: o próprio nome da série já carrega em si muito disso; os robôs são chamados de Eva; e há, lá pelo final (da série) uma lança, que recebe o nome da lança que perfurou Jesus no Calvário.

Na trama, Shinji é um garoto problemático que foi abandonado pelo pai quando ainda era muito pequeno. E ele carrega essa mágoa de ter sido abandonado pelo pai dentro de si. E o seu pai é o responsável pela NERV. É ele quem o chama para pilotar o segundo protótipo do Eva, o Eva 01, já que o Eva 00 foi praticamente destruído por um ataque de um anjo. A adolescente que o pilotava, a introspectiva e depressiva adolescente Rei Ayanami, estava ferida, no hospital da NERV. Assim, Shinji, mesmo sendo recebido de maneira grosseira e indiferente pelo pai, tem em suas mãos a missão de pilotar esse Eva e já de cara enfrentar um monstrão gigante. Ele fica apavorado, mas recebe o apoio de sua chefe imediata, Misato, para controlar o pânico.

Talvez esse filme seja um bom cartão de visitas para quem nunca viu nada da série. Ou talvez não: seja apenas uma forma de saciar a sede dos fãs, que envelheceram um pouco nesses dez anos que se passaram entre o fim da série e essa nova "reconstrução". O filme, se comparado tecnicamente com a série, teve avanços enormes, com uma utilização maior de animação em CG misturada com a animação tradicional, que é a tendência atual da animação japonesa, além do uso de ângulos de câmera diferentes e estilosos. Em comparação com a série, entretanto, acredito que os quatro filmes não terão tempo suficiente para formatarem a personalidade dos personagens, que também é um dos grandes trunfos de qualquer série comparada a um filme para cinema. Afinal, se você não liga pro que vai acontecer com o personagem, que graça tem vê-lo lutando? e os filmes aparentemente deve focar mais na ação. Mas esperemos o segundo filme, que deve contar com a chegada da terceira e da quarta crianças responsáveis por pilotar outros Evas.

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