quarta-feira, julho 30, 2008

CINTURÃO VERMELHO (Redbelt)



Apesar do nome de David Mamet como diretor de CINTURÃO VERMELHO (2008), para os brasileiros, o verdadeiro atrativo do filme acaba sendo o triplo foco de como o Brasil é visto num filme americano: primeiro, a presença dos dois astros brasileiros que alcançaram maior repercussão nos Estados Unidos nos últimos anos (Alice Braga e Rodrigo Santoro) e, em seguida, a utilização do país do futebol como sendo também o país do jiu-jitsu. O tema principal do filme gira em torno da ética e da honestidade do protagonista, o professor de jiu-jitsu Mike Terry, interpretado por Chiwetel Ejiofor, avesso aos campeonatos do esporte que ama e pratica por acreditar que há muita desonestidade no meio. Mesmo sendo um grande lutador, ele prefere manter, junto com a sua bela esposa brasileira (Alice Braga), uma academia de bairro, com poucos mas fiéis aprendizes. Entre eles, um policial.

Como é de praxe no cinema de Mamet, nem tudo é tão simples, e o protagonista acaba entrando numa teia de intrigas que envolve o meio hollywoodiano, uma mulher abalada por um estupro, traições, um relógio roubado e uma necessidade urgente de conseguir dinheiro. Interessante notar o quanto o desespero por dinheiro tem surgido em filmes recentes dirigidos por cineastas americanos (O SONHO DE CASSANDRA, ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO). E olha que estamos falando de cineastas do país mais poderoso do mundo. Mas no caso de CINTURÃO VERMELHO, o dinheiro não chega a ser tão fundamental na trama quanto nos citados títulos, embora seja sim importante.

Terry e sua esposa estão passando por problemas financeiros e a solução para os problemas do casal aparentemente acontece por acaso, num bar, quando Terry salva um astro de Hollywood (Tim Allen) de uma briga, demonstrando toda sua habilidade de luta. Como forma de recompensar o favor, o astro consegue para Terry nada menos que um emprego de co-produtor de um filme de guerra seu. Joe Mantegna, ator-fetiche de Mamet, aparece como um poderoso executivo do estúdio. Mas quando tudo parece estar se encaminhando para um final feliz, inclusive para a esposa de Terry, que negocia uns vestidos brasileiros para as dondocas esposas dos astros, diretores e produtores de Hollywood, as coisas começam a se encaminhar por um caminho nada desejado.

Por mais que o valor do filme esteja na intrincada teia construída por Mamet e a discussão ética que o filme impõe, não deixa de ser interessante ver o quanto o Brasil é foco nesse filme que pode agradar até mesmo aos fãs de fimes de luta mais genéricos, embora esse espectador precise saber com antecedência que trata-se de um drama – ou mesmo uma tragédia - e não há tantas lutas assim. Ainda assim, na sessão em que eu estive, havia pelo menos uns três caras fortões que aposto que são praticantes do esporte. E não sabia que Mamet também é praticante e entusiasta do jiu-jitsu. Assim, o filme pode ser encarado como um de seus projetos mais queridos e pessoais, já que ele está lidando com algo do seu interesse. E talvez tenha sido a primeira vez que um cineasta do primeiro escalão aborda o universo do jiu-jitsu em Hollywood.

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