segunda-feira, julho 07, 2008

HANCOCK



"Estou ficando um pouco cansado de fingir que fico todo alegre sempre que é aniversário de alguém. Quero dizer, afinal, a essa altura, o que tem de mais? Quantas vezes temos de festejar que alguém nasceu? Todo ano, todo mundo, de novo e de novo? Tudo que você fez foi evitar morrer durante 12 meses. Grande coisa."
(Jerry Seinfeld, em "O Melhor Livro sobre Nada")

Acho engraçado esse texto do Seinfeld e às vezes, com meu jeito anti-tradicionalista, eu penso assim também no que se refere a aniversários e a outras datas comemorativas. Mas, por outro lado, quem é que gosta quando as pessoas esquecem o seu aniversário? Sem falar que o retorno do Sol para o momento em que você nasceu tem um significado bem importante pra quem acredita em Astrologia, como eu. Por isso, fiquei bastante feliz quando uma turma muito legal fez uma festinha pra mim no sábado (idéia da Valéria, suspeito eu) e por isso desde sábado que ando recebendo parabéns. Acho que são os parabéns mais longos da minha vida. :D E olha que teoricamente, como eu nasci às 23h40 do dia 07, então, ainda posso dizer que estou com a idade antiga, não é mesmo? E eu gostei de agradecer a cada um dos que deixaram carinhosamente mensagens no Orkut. De certa forma isso ajuda a elevar um pouco o espírito, já que normalmente, nessa data do ano, costumo ficar ainda mais recluso do que o normal. Deve ser culpa do sol na casa quatro (ou entre a terceira e a quarta casas) do meu mapa astral. :) Eu nunca fui de planejar uma festa para o meu próprio aniversário, por exemplo. Até porque, eu prefiro conversar com grupos pequenos, em papos mais intimistas, que rendem muito mais, e por isso sempre fico como um cachorro no meio do trânsito quando tem muita gente. Imaginem se eu fizesse uma festa e chamasse todos os meus amigos, de todos os círculos, todos os que passaram pela minha vida, mesmo os mais sumidos? Não sei se seria capaz. Lembrando que quem também nasceu no dia 7 de julho foi George Cukor, o cineasta de quem ando acompanhando suas obras atualmente. Ele estaria fazendo 109 anos se estivesse vivo. Novinho ainda. :) Mas como não tenho mais nenhum filme visto dele pra comentar, por enquanto, vai um do circuitão, visto hoje mesmo.

Peter Berg passou a ser um dos protegidos de Michael Mann, e depois de O REINO (2007) mais uma vez Berg dirige um filme movimentado e com cara de super-produção com o nome de Mann nos créditos de produtor (além do nome do próprio Will Smith). HANCOCK (2008) é um filme de super-herói bem atípico. Guarda semelhanças com JUMPER por não ser baseado nos quadrinhos da Marvel nem da DC, embora seja credor do Superman e um pouco do Luke Cage, no que se refere aos poderes do herói. No filme, Will Smith é um super-herói alcóolatra, desmemoriado e amargurado que vive causando prejuízos em suas tentativas de salvar pessoas de situações perigosas. E é nessas circunstâncias que ele salva a vida do relações-públicas vivido por Jason Bateman, que sente-se agradecido, apesar de todo o mau jeito do salvamento. Em troca, ele gostaria de mudar a imagem de Hancock, que é visto pela sociedade como um asshole (nas legendas traduziram como "idiota"). A idéia do personagem de Bateman é de mudar o jeito como a sociedade encara esse herói, que devido ao prejuízo que provocou já deveria estar na cadeia. E essa é a idéia inicial de Bateman: Hancock deve se entregar às autoridades e ir para o xadrez. Sem querer falar mais da trama, não posso deixar de mencionar a segunda personagem mais importante do filme, que é a esposa de Bateman, interpretada pela bela Charlize Theron, que fica ainda mais linda quando dá uma de poderosa. E novamente, sem querer estragar a surpresa - e talvez já estragando -, acredito que lá pelo final, com a revelação sobre o passado de Hancock, os roteiristas se inspiraram num certo grupo de heróis/deuses criados pelo lendário Jack Kirby.

Will Smith já provou a sua versatilidade e que consegue carregar facilmente um filme nas costas, mesmo que o filme tenha praticamente o astro o tempo inteiro na tela, como em EU SOU A LENDA, mas foi Michael Mann quem primeiro acreditou no potencial do astro, vendo algo mais do que apenas um comediante ou um ator de filmes de ação, quando o escalou para protagonizar ALI (2001). E por mais que alguém possa achar repetitivo o olhar choroso de Smith nos momentos mais emocionantes, que me levou às lágrimas em À PROCURA DA FELICIDADE e novamente em EU SOU A LENDA (na cena do cachorro), ele sempre acaba me comovendo. Embora isso não seja constante, há uma certa melancolia depois da metade do filme, quando as coisas tomam rumos inesperados. Assim, quem estiver achando que o filme é apenas Will Smith voando bêbado e fazendo "presepadas" o tempo inteiro, pode ir tranqüilo que surpresas acontecem. O problema talvez seja a pouca inspiração do diretor Peter Berg, que faz um filme apenas correto, quando, com certeza, seria algo poderoso e com um ar mais trágico e belo nas mãos do seu mestre Michael Mann. Assim, como mais um blockbuster mediano, nota-se que cada vez mais a indústria hollywoodiana tem apostado em filmes de super-heróis. E HANCOCK serve como aperitivo para BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS, que entra em cartaz muito em breve.

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