quinta-feira, julho 01, 2010

O PRISIONEIRO DO SEXO



O título um tanto apelativo desta obra de Walter Hugo Khouri prenuncia o início de um processo onde cada vez mais o sexo e a nudez se fariam mais e mais presentes nas obras do diretor. O cartaz pouco sutil, mostrando a bunda de uma mulher, também contribuiu para que o filme fosse vendido como uma pornochanchada como tantas que eram produzidas na época. No entanto, O PRISIONEIRO DO SEXO (1979) é mais um estudo psicológico do alter-ego do diretor, o mulherengo existencialista Marcelo, neste filme, vivido por Roberto Maya. Afinal, sem querer menosprezar as comédias eróticas da época, o sofisticado Khouri estava acima daquilo tudo.

O PRISIONEIRO DO SEXO foi o primeiro filme de Khouri a explorar o aspecto mais insaciável de Marcelo. A vontade de transar com todas as mulheres do mundo complementa o vazio existencial do personagem mostrado desde AS AMOROSAS (1968). Destaque para o desejo que ele nutre pela filha Berenice, aqui representada por Nicole Puzzi, jovem, mas que já tinha no currículo títulos como ESCOLA PENAL DE MENINAS VIOLENTADAS, PENSIONATO DAS VIGARISTAS e DAMAS DO PRAZER. Quer dizer, mesmo no pouco tempo que a atriz aparece, ela desperta mais tesão do que qualquer outra no filme. Nos pensamentos de Marcelo, a câmera passeia por seu corpo com um olhar de volúpia. Ela olha para a câmera com jeito de ninfeta sedutora e exibe o livro que está lendo, o romance "Mulheres Apaixonadas", de D.H.Lawrence. Esse desejo nutrido pela filha só seria materializado num dos mais eróticos trabalhos da carreira do diretor, EU (1987).

O PRISIONEIRO DO SEXO já antecipa o Marcelo rodeado de mulheres por todos os lados: tarado pela filha, agarrando a secretária (Aldine Muller) no horário do expediente, querendo persuadir a esposa (Sandra Bréa) a fazer um ménage à trois com uma desconhecida (Maria Rosa) e ainda tentando agarrar à força a vizinha (Kate Lyra). Tudo isso acaba fazendo com que os comentários de Marcelo sobre sua visão de vida sejam eclipsados pelo calor do erotismo. Se bem que o filme pode frustrar a quem for esperando uma de suas obras mais eróticas. O PRISIONEIRO DO SEXO é quase uma obra de transição entre uma fase mais filosófica e uma fase onde o sexo falará mais forte.

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