Uma triste coincidência a vontade que bateu recentemente de rever A PRIMEIRA TRANSA DE JONATHAN, clássico oitentista de aventuras sentimentais (e sexuais) da juventude. A intenção maior, como eu até devo ter dito no texto a respeito do filme, era rever a cena de sexo do protagonista com a lindíssima Kelly Preston. A visão dos seios de Kelly neste filme foi e ainda é uma espécie de visão do paraíso na Terra, de algo que faz a vida valer a pena. Não creio que esteja usando de hipérbole. O sentimento é real.
Infelizmente, na última segunda-feira ficamos sabendo da morte da atriz, uma das mais belas a ter passado por Hollywood, embora não tenha construído uma carreira tão bem-sucedida. Sua partida se deu depois de dois anos lutando contra um câncer de mama, o que não deixa de ser uma terrível ironia. Daí, em sua homenagem, quis rever outro filme do mesmo ano que ela fez, ADMIRADORA SECRETA (1985), dirigido por David Greenwalt, que mais tarde se "especializaria" na direção de episódios para séries de TV. O filme acabou sendo o título de destaque em sua filmografia, embora seja bem inferior ao A PRIMEIRA TRANSA DE JONATHAN em praticamente todos os aspectos.
Ainda assim, é bastante divertido, abrindo espaço também para a subtrama dos personagens adultos, que, ao encontrar a tal carta da admiradora secreta se veem em situações de confusão e puladas de cerca em seus casamentos. Acaba sendo um atrativo do filme para espectadores mais maduros também, justamente por isso. E é o segundo filme que explora a nudez dos seios de Kelly, assim como a escalam para mais uma personagem um tanto superficial.
Porém, eu diria que exageram bastante desta vez, principalmente a partir do segundo encontro do personagem de C. Thomas Howell com ela, após um primeiro encontro avassalador, ainda que muito mais voltado para a atração física do que para o amor romântico. É a partir daí que ele notaria que aquilo que ele sentiu falta na loira mais bela da escola ele tinha o tempo todo com a melhor amiga, vivida pela bela Lori Loughlin.
Lori interpreta Toni, a autora da bela carta anônima endereçada a Michael (Howell), que por sua vez está a fim de Deborah (Preston), que não tem olhos para ele, mas que fica encantado com a carta que vai parar em suas mãos. Uma carta que deveria ter sido escrita como uma resposta por Michael, mas, a amiga Toni foi tão legal com ele que, até escrever ela mesma uma carta muito melhor para a rival, ela fez.
A história tem um quê de Cyrano de Bergerac, com a diferença principal de que Toni não tem nada de feia. Apenas não é notada pelo amigo, talvez por se vestir de uma maneira mais despojada. O jogo de vai e vem com as cartas passando pelas mãos de pessoas erradas é que o torna quase singular. Os aspectos cômicos funcionam bem, embora lá pelo final haja um pesar na mão. Acredito que o filme passa a cair um pouco em meu conceito a partir do segundo encontro de Michael com Deborah.
A conclusão também pode incomodar um pouco quem já está acostumado com aqueles finais românticos em que as pessoas que se descobrem apaixonadas correm para encontrar a outra, que se encontra geralmente em um aeroporto. Aqui, em um barco. Foi bom poder rever o filme, ver que envelheceu bem e que continua melhor do que a grande maioria das comédias produzidas atualmente. Talvez seja efeito do espírito da época, de uma década que valorizou mais a juventude. Ou talvez seja só saudosismo ou uma atração tardia pelos anos 1980. Mas será que isso importa?
+ TRÊS FILMES
CINE HOLLIÚDY 2 - A CHIBATA SIDERAL
Melhor do que O SHAOLIN DO SERTÃO (2016), esta sequência de CINE HOLLIÚDY (2012) tem o mérito de ser ainda mais exótico (até para olhos cearenses) do que o primeiro filme, já que brinca com a feiura e com o grotesco sem medo de ser feliz. O humor às vezes funciona, outras vezes não, mas no geral é um filme simpático. A ideia das legendas mais uma vez é um acerto. Não pelo problema de dicção das crianças, mas para traduzir o cearês mesmo. Direção: Halder Gomes. Ano: 2018.
A ÚLTIMA RESSACA DO ANO (Office Christmas Party)
Impressionante como os americanos gostam de arriscar. Este filme deve ter custado um bocado de dinheiro, ao trazer gente do primeiro escalão da comédia e ainda gastar com muita destruição etc. Mas o melhor faz falta: um bom timing cômico. Deviam estar apostando no carisma dos atores, pois história não tem. Pelo menos rende alguns bons momentos. Direção: Josh Gordon e Will Speck. Ano: 2016.
A INCRÍVEL JORNADA DE JACQUELINE (La Vache)
O que parecia só um filminho feel good, acaba emocionando no final, com sua simplicidade e sua simpatia. Tenho cada vez mais admirado a sensibilidade dos franceses com relação às comédias, mesmo as mais comerciais como esta. Direção: Mohamed Hamidi. Ano: 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário