domingo, julho 08, 2012

CINE HOLLIÚDY



Uma pena ter deixado para escrever sobre CINE HOLLIÚDY (2012) exatamente um mês depois de vê-lo no cinema. Aliás, a exibição do filme no encerramento do Cine Ceará foi uma das experiências mais bonitas que eu já vi, com uma participação popular de dar gosto. E que deve ter deixado o seu diretor, Halder Gomes, muito feliz. Afinal, não é todo diretor que tem a sorte de exibir a sua obra em um teatro lotado e com uma recepção tão calorosa do público, que riu a valer das presepadas de Francisgleydisson e cia. Outra coisa positiva foi a exibição digital de qualidade excepcional. Nunca vi nada parecido em 2D até hoje. A fotografia do filme é de dar gosto, com as cores vivas, um amarelo lindo, que se destaca, assim como a cor do céu nas sequências externas.

O filme é uma versão em longa-metragem, com mudanças consideráveis no enredo, do curta O ARTISTA CONTRA O CABA DO MAL (2004). Segundo o próprio Halder, a ideia de transformar o curta em longa foi de Ana Maria Bahiana, que é citada nos créditos como madrinha do filme. Embora tenha algumas irregularidades, CINE HOLLIÚDY compensa o amadorismo com um amor pelo cinema bonito de ver.

A trama se passa na década de 1970 no interior do Ceará, quando a televisão começa a invadir o espaço e a fechar várias salas de cinema. O fenômeno não foi apenas local, mas devastadoramente nacional. Ainda assim, o sonho de Francisgleydisson é administrar um cinema. Mas ao chegar à cidadezinha já encontra um monte de obstáculos burocráticos e financeiros. Mesmo assim não se dá por vencido e até quando, no meio da projeção, o equipamento para de funcionar, ele resolve ele mesmo contar a história do filme para a audiência, levando a experiência da narração para um momento pré-cinematográfico e até mesmo pré-literário.

O filme é cheio de piadas, sendo que a maioria, em "cearês". Muitos dos diálogos, inclusive, principalmente das crianças, são vistos com legendas em português para que seja possível até para o público local entender melhor o que elas dizem, até porque elas não são profissionais, não tendo ainda uma boa dicção. Exatamente por ser tão cearense em espírito, tenho minhas dúvidas do sucesso nacional do filme. Mas há quem diga que é justamente o ar de novidade que pode ser o seu trunfo, já que o próprio curta também teve uma recepção boa no país. E como o longa é melhor e mais bem produzido, há chances de CINE HOLLIÚDY ter sucesso de audiência quando for lançado no circuito comercial.

O filme traz no elenco Edmilson Filho, Miriam Freeland, Roberto Bomtempo, Falcão, Karla Karenina, João Netto (mais conhecido pelo personagem Zé Modesto), Haroldo Guimarães e faz a estreia no cinema da linda Fiorella Mattheis, no papel da musa dos sonhos do protagonista. A trilha sonora é também um espetáculo à parte, com canções de Márcio Greyck, Odair José e Fernando Mendes.

P.S.: Esqueci de comentar: no blog do Diário tem texto sobre os próximos passos da dominação da Marvel. AQUI. E também a lista dos selecionados para o Festival de Gramado de 2012. AQUI.